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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 2, 18-22)

Naquele tempo, os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?”
Jesus respondeu: “Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar.
Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos”.

O Evangelho de hoje nos apresenta uma pergunta curiosa: por que os discípulos de João jejuavam, e os discípulos de Jesus não? Cristo responde com uma metáfora a respeito do noivo: “Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar” (Mc 2, 19). 

O que realmente está por trás desse contraste entre Jesus e São João Batista? Na realidade, estamos falando de duas fases da vida espiritual, que podemos entender como o tempo do Antigo e o do Novo Testamento. No Antigo Testamento, Deus preparou o povo através da Lei, de penitências e de sacrifícios, para que ele tivesse um coração bem disposto para receber Jesus. É claro que na época de Cristo nem todos os judeus estavam preparados, mas havia aqueles poucos justos de Israel, como o profeta Simeão, São Zacarias e Santa Isabel, que aguardavam ansiosamente, de coração bem disposto, a vinda do Messias. 

Como era possível esses justos terem um coração bem disposto? Porque eles cumpriam os Mandamentos de Deus e viviam aquilo que nós chamamos de via purgativa, ou seja, a primeira fase da vida espiritual. Precisamos entender que devemos nos esforçar asceticamente para nos livrar de nossos defeitos e pecados grosseiros. Uma vez que nos livramos deles, adquirimos duas missões básicas: controlar o instinto da ira e do desejo carnal. 

Na fase purgativa, temos de exercer intensamente as virtudes da pureza e da paciência. Infelizmente, muitas pessoas não enxergam isso e já querem entrar na segunda fase da vida espiritual sem ter feito a “tarefa de casa”, controlando os dois cavalos selvagens que estão dentro de nós: o do desejo, portanto pureza, e o da raiva, portanto paciência. 

Trabalhando a delicadeza de consciência, a paciência e a pureza, vamos nos purificando, mas tendo antes de tudo superado os defeitos mais grosseiros, pois é apenas assim que começamos verdadeiramente a ver frutos de santidade e graça de Deus brotar mais claramente em seus efeitos visíveis. Na vida espiritual, isso é chamado de “passagem pela porta estreita”. 

Somente depois de termos superado essa fase é que entramos na via iluminativa que Jesus veio trazer para nós. Por que no início da Igreja tantas pessoas se santificavam? Porque, durante séculos, Deus tinha preparado essas pessoas pela via purgativa, pela purificação, a fim de receberem a graça de entrar na vida de santidade propriamente dita. Contudo, por que hoje nem todos entram nesse caminho de santidade? Porque somos preguiçosos. Não queremos fazer a “tarefa de casa” do Antigo Testamento, que é a penitência, o jejum, a respeito do qual nos fala o Evangelho de hoje. 

Sim, é verdade que os convidados do casamento não jejuam na presença do noivo, mas é também verdade que nós não iremos nos preparar devidamente para a presença graciosa de Nosso Senhor Jesus Cristo, se não vivermos a purificação, o trabalho braçal do início da vida espiritual. Cheios de pureza e de grande paciência, com uma vida séria de penitência para nos controlar e ficarmos nos trilhos, deixemos de ser preguiçosos e obedeçamos aos Mandamentos.

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