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Aquela que acolheu a Palavra e produziu frutos

Como o fruto não pode ser distinto, em sua natureza, daquilo mesmo que lhe dá origem, o resultado da acolhida generosa da Palavra não pode ser outra coisa que uma forma de participação na própria natureza de Deus. É isso que vemos plenamente em Maria.

Texto do episódio
873

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 8, 19-21)

Naquele tempo, a mãe e os irmãos de Jesus aproximaram-se, mas não podiam chegar perto dele, por causa da multidão. Então anunciaram a Jesus: “Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem te ver”. Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática”.

No Evangelho de hoje, a Virgem Maria e alguns parentes de Jesus procuram vê-lo, e Nosso Senhor responde aos que anunciaram a presença deles: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 8, 21). 

Esse trecho deve ser compreendido dentro do contexto do Evangelho de São Lucas, que alguns versículos antes falou da parábola do semeador. Nesta parábola, Jesus conta-nos que a semente, ou seja, a Palavra de Deus, cai em diversos terrenos, mas só no terreno bom ela dá frutos. Neste contexto, Cristo agora revela com mais clareza qual é o fruto que Ele espera de nós: uma vez que acolhemos a Palavra de Deus e verdadeiramente a escutamos, somos transformados por ela.

Temos uma vida natural neste mundo, sendo filhos de seres humanos, mas existe uma vida sobrenatural, pela qual Jesus quer que participemos da vida divina, vivendo como verdadeiros filhos de Deus. 

Como poderemos fazer parte da família de Jesus; Ele, que é Filho do Deus eterno que se fez homem? Como nós, que temos uma humanidade decaída pelo egoísmo do pecado original, poderemos participar da vida divina da Trindade? Como poderemos amar como Deus ama; perdoar como Deus perdoa? Como poderemos nos entregar em um amor sem limites, como Jesus fez na Cruz? Só há uma resposta para essas perguntas: escutando a Palavra de Deus e colocando em prática. 

Quando a ouvimos em nossa vida de oração, ela ilumina a nossa inteligência e convida a nossa vontade, fazendo com que conheçamos a Deus com um ato divino de conhecimento. Dessa forma, começamos a participar da vida do próprio Deus. 

O ato de fé é capaz de nos colocar em um outro plano, pois com ele nós, que temos uma vida meramente humana, começamos a conhecer e amar a Deus de forma sobrenatural. Nosso coração é convidado e vai sendo transformado aos poucos até começarmos a nos comportar divinamente; algo que acontece com todos os verdadeiros discípulos de Cristo. 

Jesus chama a atenção para a Virgem Maria, sua mãe, como se dissesse: “Ela, que é um ser humano, tem uma vida divina, e por isso é chamada de Mãe de Deus. Isso porque Ela ouviu a Palavra e seu coração se transformou”. A graça sobrenatural que estava em Nossa Senhora desde a sua concepção foi crescendo e crescendo, conforme ela ia sendo cada vez mais dócil, humilde e obediente à Palavra. Assim também nós devemos ser servos humildes que acolhem a Palavra e deixam-se transformar por ela.

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