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As duas virtudes fundamentais do Advento

O Advento é um tempo litúrgico intimamente ligado à virtude da esperança. Mas a espera pela vinda do Salvador supõe um coração que, pela fé, já crê e deseja ansiosamente poder amar de volta Aquele que nos amou por primeiro.

Texto do episódio
338

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 8, 5-11)

Naquele tempo, quando Jesus entrou em Carfanaum, um oficial romano aproximou-se dele, suplicando: “Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia”. Jesus respondeu: “Vou curá-lo”. O oficial disse: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado. Pois eu também sou subordinado e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: ‘Vai!, e ele vai; e a outro: ‘Vem!, e ele vem; e digo a meu escravo: ‘Faze isto!’, e ele o faz”. Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado, e disse aos que o seguiam: “Em verdade, vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé. Eu vos digo: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó”.

Iniciamos hoje o tempo do Advento, um período de preparação do nosso coração para o Natal, para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Mas é preciso destacar que existem três vindas de Jesus. Uma, Ele realizou há dois mil anos atrás, no momento em que se encarnou e, como humilde criança, nasceu em Belém. A outra acontecerá no fim dos tempos, quando Cristo vier gloriosamente para instaurar o seu Reino definitivo. E, entre essas duas vindas, existe uma terceira: a vinda de Jesus em nossas vidas às escondidas, através do toque suave da graça. 

Por isso, o Advento é um tempo de purificarmos o nosso coração, a fim de que esteja pronto para receber da melhor forma a vinda de Cristo. Receber a vinda de Cristo porque iremos celebrar o Natal — a primeira vinda; receber a vinda de Cristo porque a Igreja deve estar sempre pronta para a segunda vinda gloriosa de Nosso Senhor; e receber a vinda de Cristo em nosso dia a dia, por meio do sacramento da Eucaristia, dos toques da graça, da Palavra de Deus que nos alimenta e de cada intervenção divina que nos faz crescer espiritualmente. 

É muito propício iniciarmos o Advento com o Evangelho do centurião, que disse a Jesus: “Senhor, eu não sou digno de que entres na minha casa” (Mt 8, 8). Essa é a mesma frase que repetimos a cada Missa porque, diante do Senhor que vem, de fato, a nossa sensação é de total indignidade e de que não somos capazes de recebê-lo dignamente. 

Nesse contexto, o centurião é para nós um exemplo de fé. Ele disse veementemente que apenas uma palavra do Senhor bastaria para o seu empregado ser curado da paralisia, e por isso Jesus o elogiou, afirmando que não havia encontrado tamanha fé nem no meio do povo escolhido (cf. Mt 8, 10). Foi encontrá-la exatamente num pagão. E Cristo espera de nós essa fé do centurião.

O tempo do Advento é marcado pela virtude da esperança, porque precisamos aguardar o Senhor que vem. Contudo, não deixa de ser extremamente importante compreendermos que o primeiro passo para ter a esperança é a virtude da fé. Porque a nossa vida espiritual é como um edifício de três andares: o primeiro, é a fé; o segundo, a esperança; e o terceiro, a caridade. Ora, se não construirmos o primeiro andar, não existirá o segundo; e se não construirmos o segundo andar, não existirá o terceiro. 

Portanto, devemos ter fé e crer verdadeiramente no amor de Cristo, que deseja vir ao nosso encontro. Então, quando a nossa fé for crescendo e chegar finalmente à “laje” do primeiro andar, logo estaremos no segundo, que é a esperança. 

E como isso acontece na prática? Bom, ao crermos no amor de Cristo e na sua vinda em nossas vidas, somos tomados por uma pressa de amá-lo de volta e de corresponder a esse amor. E essa pressa chama-se esperança. Um exemplo: se alguém diz que ganhamos na Mega-Sena acumulada, mas não acreditamos nisso, ficamos apenas de braços cruzados. Porém, se cremos que isso realmente ocorreu, somos tomados por uma pressa, como quem diz: “Onde está o prêmio? Diga para mim!”. A mesma coisa deve acontecer de forma muito mais profunda em nossas vidas: ao sabermos que Aquele que mais nos amou e se entregou por nós está vindo, nosso coração deverá se encher de alegria e pressa, dizendo: “Onde Ele está? Que Ele venha logo!”. Vinde, Senhor Jesus!

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