Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 23, 27-32)
Naquele tempo, disse Jesus: “Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão! Assim também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça. Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós construís sepulcros para os profetas e enfeitais os túmulos dos justos, e dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices da morte dos profetas’. Com isso, confessais que sois filhos daqueles que mataram os profetas. Completai, pois, a medida de vossos pais!”
Com grande alegria celebramos hoje a Memória de Santa Mônica e, com ela, o mistério da oração de intercessão. E mistério por quê? Porque nós sabemos que Deus é amor infinito e misericórdia. Antes mesmo que a oração brote em nossos lábios, Ele já sabe o que vamos pedir; antes mesmo que nós amorosamente peçamos, Ele já decide o que irá nos conceder.
Ora, mas se Deus sabe muito melhor do que nós aquilo que precisamos, e se Deus tem muito mais amor, por que Ele não concede logo? Por que Ele fica esperando o homem interceder? Alguns podem até se questionar se Deus realmente queria salvar Santo Agostinho, uma vez que foram necessários 32 anos de preces e súplicas de Santa Mônica para salvá-lo.
Aqui, então, é apresentado a nós o mistério da salvação: Deus quer nos salvar, mas não quer nos salvar sem a nossa ajuda. O próprio Santo Agostinho disse isso um dia: “Aquele que te criou sem ti, não te salvará sem ti”, mas isso porque, no projeto salvífico de Deus, que poderia salvar a humanidade num ato de vontade simples como num estalar de dedos, na sua sabedoria infinita quis que o homem fosse salvo por uma ação humana — e, claro, também divina.
Assim, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade assumiu nossa humanidade e, em sua natureza humana unida intimamente ao Verbo divino, pode oferecer-se a Deus em penitências durante a sua vida e especialmente no santo e perfeitíssimo sacrifício da Cruz. Sim, a alma humana de Cristo adorou ao Senhor na Cruz, ofereceu um sacrifício de ação de graças na Eucaristia e também reparou salvificamente as ofensas e injustiças que todos os nossos pecados fizeram.
Deus, na sua infinita bondade, quer nos conceder todas as graças, mas Ele antes desejou que, em seu Filho Jesus, uma alma humana pedisse por elas e as merecesse pelo seu infinito amor. E, então, Deus as concedeu amorosamente a Jesus.
Nós, que por bondade divina entramos no mistério da Igreja e neste mundo fantástico de sermos parte do Corpo de Cristo, quando rezamos, emprestamos os nossos lábios a Ele, para que mais uma vez Ele peça por nós; e Lhe mostramos nosso coração defeituoso, cheio de miséria, para que Ele interceda e conceda-lhe muitas graças. Desse modo, Nosso Senhor, que é ao mesmo tempo o homem que reza e o Deus que atende as nossas orações, utiliza-se de nós como instrumentos.
Esse é o grande mistério de Santa Mônica e o mistério da oração de intercessão. Santo Ambrósio disse que não poderia se perder um filho de tantas lágrimas e de tanto amor e, ao interceder durante 32 anos por seu filho Agostinho, Santa Mônica foi configurando o seu coração ao de Cristo, de tal forma que já não era mais ela quem intercedia, pedia, rezava e chorava, mas Jesus. Assim, por providência sábia e extraordinária do Senhor, para salvar um, Deus salvou dois; para fazer um santo, Deus fez dois santos: Santa Mônica e Santo Agostinho.
Que alegria sabermos que também nós fomos escolhidos por Deus para fazermos santos e, nesse caminho, também nos santificarmos! Peçamos hoje, portanto, a intercessão da santa mãe de Santo Agostinho, e a tomemos como exemplo de perseverança, humildade e oração.




























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