Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 4, 38-44)
Naquele tempo, Jesus saiu da sinagoga e entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava sofrendo com febre alta, e pediram a Jesus em favor dela. Inclinando-se sobre ela, Jesus ameaçou a febre, e a febre a deixou. Imediatamente, ela se levantou e começou a servi-los. Ao pôr do sol, todos os que tinham doentes atingidos por diversos males, os levaram a Jesus. Jesus colocava as mãos em cada um deles e os curava. De muitas pessoas também saíam demônios, gritando: “Tu és o Filho de Deus”. Jesus os ameaçava, e não os deixava falar, porque sabiam que ele era o Messias. Ao raiar do dia, Jesus saiu, e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam e, indo até ele, tentavam impedi-lo que os deixasse. Mas Jesus disse: “Eu devo anunciar a Boa-Nova do Reino de Deus também a outras cidades, porque para isso é que eu fui enviado”. E pregava nas sinagogas da Judeia.
Celebramos hoje, com grande alegria, a memória de São Gregório Magno, um grande homem que foi escolhido por Deus para ser Papa no início da Idade Média, a fim de conduzir a Igreja naquele período tão difícil de decadência de Roma.
São Gregório faz parte do grupo de grandes pastores da Igreja que são também grandes Doutores da fé, e isso é algo que pode parecer um pouco contraditório para nós hoje em dia. Ora, estamos vivendo em uma época de anti-intelectualismo; então, na visão do senso comum, um pastor seria um homem voltado apenas para a prática e a doação, distanciando-se, assim, das questões intelectuais, que são vistas pejorativamente como “desencarnadas”.
Nem é preciso dizer que essa definição revolucionária não condiz com a história da Igreja. Os maiores pastores que a Igreja já teve foram homens de ação, doação pastoral e também de grande conteúdo, de tal forma que foram reconhecidos com o título de “Doutores” porque buscaram a Verdade através da luz natural da razão e da luz sobrenatural da fé, levando uma vida contemplativa e de intimidade com Cristo.
Se formos meditar sobre isso, veremos que esse é o projeto de Jesus desde o início. Ele escolheu os Apóstolos para que estivessem com Ele — “Vinde a Mim” — e para enviá-los em missão — “Ide pelo mundo”. Eis a dimensão contemplativa da vida de todo apóstolo. É necessário, portanto, que ele esteja com Cristo e leve uma vida verdadeiramente em busca da Verdade.
No entanto, ninguém se iluda: essa vida não se improvisa. Foi apenas com um grande preparo intelectual através da luz natural da razão e da luz sobrenatural da fé, pela intimidade da oração e da vida mística contemplativa, que surgiram os maiores pastores da Igreja.
São Gregório Magno é um exemplo clássico disso porque, antes de ser Papa, ele foi um monge místico e bastante estudioso, chegando a escrever uma obra monumental, que inclui seus Comentários morais sobre o Livro de Jó, além de ter sido enviado pelo Papa Pelágio II como seu emissário à Constantinopla. Logo, embora fosse monge, tornou-se um grande e zeloso pastor.
Isso para nós parece contraditório, mas, se olharmos para a lógica de Cristo, veremos que se trata de uma relação de causa e efeito. Porque contemplou a Verdade, Gregório pôde transmiti-la às ovelhas e tirá-las do erro e do caminho do Inferno, tornando-se assim um bom pastor, como os Apóstolos, como Santo Agostinho, como São João Crisóstomo e tantos outros santos que viriam depois ao longo dos séculos da Igreja.
Eles não buscaram somente apresentar às pessoas um conteúdo que fazia parte de sua cultura, mas, porque contemplaram a Verdade, decidiram caridosamente transmiti-la.
Que São Gregório, portanto, interceda hoje por nós e ajude-nos a enxergarmos a Verdade de Cristo, a fim de que também nós a possamos transmitir para nossos irmãos.




























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