Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 1,57-66)
Completou-se o tempo da gravidez de Isabel, e ela deu à luz um filho. Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido misericordioso para com Isabel, e alegraram-se com ela. No oitavo dia foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. A mãe porém disse: “Não! Ele vai chamar-se João”. Os outros disseram: “Não existe nenhum parente teu com esse nome!” Então fizeram sinais ao pai, perguntando como ele queria que o menino se chamasse.
Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: “João é o seu nome”. No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia espalhou-se por toda a região montanhosa da Judeia. E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: “O que virá a ser este menino?” De fato, a mão do Senhor estava com ele.
Chegamos ao final de nossas antífonas maiores do Advento. Hoje meditamos a respeito da última antífona: “Ó Emanuel, Deus conosco, nosso rei legislador, esperança das nações, dos povos salvador! Vinde enfim para salvar-nos, ó Senhor e nosso Deus”.
Aqui é bom recordar que as Antífonas do Ó são um acróstico, ou seja, se nós pegarmos os vários títulos e juntarmos a primeira letra de cada antífona, formaremos a frase “ero cras”, “estarei aí amanhã”.
De fato, amanhã, 24 de dezembro, nós celebramos a noite o Natal. Então “ero” vem de “Emanuel”, “Rei” e “Oriens”; depois “cras”, de “Chave”, “Raiz”, “Adonai”, “Sabedoria”. É de trás para a frente.
O que é que nós meditamos sobre essa realidade? Em primeiro lugar, o fato de que Deus está conosco. Só o título de “Emanuel” já é uma coisa que realmente nos deixa boquiabertos, dada a profundidade e a grandeza de sabermos que Deus está conosco. Nós não estamos sozinhos.
Aqui, uma coisa bem específica: nós estamos falando da profecia de Isaías que fala da virgem que conceberá uma criança cujo nome é Emanuel, “Deus conosco”.
Vejam, Jesus é Deus conosco, mas com isso não estou dizendo, nem é nisso que a Igreja acredita, que simplesmente Deus está presente como a Trindade está presente em todos os lugares.
Nós cremos que Cristo, ou seja, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, Deus feito homem — o homem, Jesus, nascido em Belém, que cresceu em Nazaré e morreu em Jerusalém, ressuscitou e subiu aos céus —, este homem está conosco, e está conosco de forma muito profunda. Cristo agora é Senhor do universo.
Tudo o que Deus faz agora no mundo, Ele o faz através da humanidade de Cristo, portanto é como se a alma humana de Cristo tivesse se tornado onipotente. E é esta alma que toca a sua alma.
Não é fantástico saber que existe um Coração humano que está conosco sempre? Que existe um Amigo que está conosco sempre? Não é somente Deus quem está conosco. Claro, Deus está conosco, e isso já é grandioso; mas Deus está conosco através da presença de um homem.
O que é que isso acrescenta? Acrescenta o fato de que Ele nos entende. Ele viveu nossa fragilidade. Não existe sentimento, não existe angústia, não existe dor, não existe drama que Ele não conheça.
Você pode olhar agora para o Céu ou, melhor ainda, você pode olhar para dentro de si e, ao ver a Deus que lá está, dizer: “Ele sabe pelo que estou passando, porque Ele passou por coisas piores”.
Ele ali é força, verdadeiramente força salvadora. Ele é a nossa esperança. Ele vem nos salvar. É o Senhor e o nosso Deus. Ele é meu Senhor. Isso quer dizer que eu não me pertenço; eu sou de um Outro, não sou dono de mim.
Não são as minhas vontades, os meus projetos, os meus caprichos que fazem o sentido da minha vida; é Cristo quem faz o sentido.
É por isso que nós cristãos marcamos a história pelo “ano zero”, o do nascimento dele, porque Ele é o centro da história, Ele é a razão de tudo, portanto Ele é o centro da minha história, Ele é o centro da minha vida, Ele é a razão de ser da minha vida.
De posse disso, já estamos chegando a Belém. Maria e José estão batendo às portas, batendo à porta do nosso coração, porque Deus quer estar conosco.
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