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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
(Mc 16, 9-15)

Depois de ressuscitar, na madrugada do primeiro dia após o sábado, Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual havia expulsado sete demônios. Ela foi anunciar isso aos seguidores de Jesus, que estavam de luto e chorando. Quando ouviram que ele estava vivo e fora visto por ela, não quiseram acreditar. Em seguida, Jesus apareceu a dois deles, com outra aparência, enquanto estavam indo para o campo. Eles também voltaram e anunciaram isso aos outros. Também a estes não deram crédito. Por fim, Jesus apareceu aos onze discípulos enquanto estavam comendo, repreendeu-os por causa da falta de fé e pela dureza de coração, porque não tinham acreditado naqueles que o tinham visto ressuscitado. E disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!”

Continuamos na Oitava de Páscoa. Nesse sábado, lemos uma espécie de recapitulação, apresentada por S. Marcos, das várias aparições de Jesus a seus discípulos depois da Ressurreição. É interessante notar que o evangelho de Marcos faz como que um “resumão”, Hoje, ele nos leva de volta para a aparição descrita no capítulo 20 de S. João, que nós refletimos terça-feira passada, isto é, para a aparição de Jesus a Maria Madalena. Note-se a importância e o destaque que se dá a ela. Marcos diz: “Depois de ressuscitar na madrugada do primeiro dia após o sábado” (ou seja, na madrugada de domingo), “Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena”. Primeiro ponto: Jesus apareceu πρῶτον, antes de tudo, a ela — quis dar prioridade à aparição a Maria Madalena. Eis porém o que é espantoso: Jesus apareceu a uma mulher! Não é machismo. Lembremos o contexto histórico: as mulheres, na época de Cristo, não podiam ser testemunhas em tribunal, ou seja, a palavra delas não se considerava crível. Era “testemunho nenhum”. Mas Jesus, entre todas as pessoas a que podia aparecer, quis mostrar-se em primeiro lugar a uma mulher.

A redenção e o resgate da dignidade da mulher foram realizados justamente pelo cristianismo! Muitos não se dão conta disso: o que deu cidadania à mulher foi o cristianismo. Durante a Idade Média, quando reinava o catolicismo, as rainhas eram coroadas junto com os reis. Isso não existia na época dos césares, dos imperadores romanos: estes mandavam matar suas mulheres; no cristianismo, ao contrário, elas eram coroadas como rainhas e ajudavam seus maridos a governar. E quantas vezes as mulheres tornavam-se regentes! Isso é atestado historicamente por abundantes fontes. O que aconteceu é que, quando começou a ressurgir o paganismo, com o movimento chamado “renascimento”, renasceram com ele suas antigas misérias: renasceu, por exemplo, a escravidão, inexsistente na Idade Média, e as mulheres voltaram a ser tratadas como objeto. Além disso, deixou-se de coroar as rainhas. Muitos creem que as conquistas da dignidade da mulher são recentes e que é imperioso “libertar a mulher da Igreja”, quando o que aconteceu foi exatamente o contrário. Foi Cristo quem libertou a mulher e devolveu-lhe o reconhecimento da dignidade que ela sempre teve. Jesus, lembremos, apareceu primeiro a quem? A Maria Madalena.

No entanto, a libertação da mulher foi mais profunda do que parece, porque, no caso específico desta mulher, de Maria Madalena, tratava-se de uma alma da qual Cristo já tinha expulsado sete demônios! Vejamos agora o contraste. O versículo 10 afirma: “E ela foi anunciar aos seguidores de Jesus”. Qual é o verbo usado em gregro para “anunciar”? É o verbo ἀπαγγέλλω: Maria foi ἀπαγγέλλειν. Mas o que quer dizer isso? Quer dizer que ela tornou-se “anjo”! Sim, trata-se do mesmo verbo usado para designar os anjos: ἀγγέλλω significa “anunciar uma mensagem” e ἄγγελος, “aquele que anuncia uma mensagem”. Uma mulher, antes possuída por sete demônios, agora é anjo, ou seja, mensageira de Deus. E embora Jesus não tenha escolhido nenhuma mulher como apóstolo, Maria Madalena fez as vezes de apóstola dos Apóstolos. Ela não recebeu, é verdade, nenhuma função hierárquica, apostólica e formal, dizer porém que as mulheres “não têm dignidade” nem “função” dentro da Igreja é totalmente absurdo. Vemos, por exemplo, a grande dignidade dessa evangelizadora, Maria Madalena.

Pois bem, como é sábado da Oitava de Páscoa, convém recordar ainda a maior de todas as pessoas humanas que já existiram e existirão: a Virgem Maria, Nossa Senhora, Mãe de Jesus. Alguém pode pensar: “Não é Jesus o maior?” Jesus é maior, sim, mas Ele não é uma pessoa humana, é uma pessoa divina — a segunda pessoa da SS. Trindade. A maior, a mais perfeita obra da criação, foi uma mulher! Estamos, sim, na Oitava de Páscoa, mas sábado é sempre dia de Nossa Senhora. Peçamos a Deus que faça a Igreja ser sempre fiel à sua vocação de evangelizar e dê às mulheres, resgatadas da escravidão do demônio, a graça de se serem verdadeiras evangelizadoras. Nós todos, de ambos os sexos, fomos libertos da escravidão do demônio. Todo ser humano, que nasce sem Batismo, vem ao mundo acorrentado pelo demônio. Somente pelo Batismo recebemos a dignidade de filhos de Deus. Demos graças a Deus por tantas mulheres extraordinárias, santas, evangelizadoras de suas famílias, catequistas, etc., mas agradeçamos especialmente pelo dom que é a Virgem Maria, Nossa Senhora, Nossa Mãe, a grande evangelizadora dos corações! Que ela aumente em nós, nesse sábado da Oitava da Páscoa, nossa fé em Cristo Jesus para que, como Maria Madalena, todos nós, homens e mulheres, saiamos da escravidão de Satanás e sejamos anjos, isto é, mensageiros da Palavra de Deus.

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