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Texto do episódio
01

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 19,25-27)

Naquele tempo, perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, este é o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Esta é a tua mãe”. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo.

I. Reflexão

Celebramos hoje a memória de Nossa Senhora das Dores. Depois de termos celebrado a Exaltação da Santa cruz, olhamos agora para a nossa Mãe bendita que, compadecida de seu Filho na cruz, sofre as dores da corredenção. Sim, Nossa Senhora esteve unida ao mistério da cruz. É importante entender o seguinte: o cristianismo revelou uma verdade de que as pessoas não faziam ideia — há algo de redentor na dor. Dizer isso é quase escandaloso aos nossos ouvidos porque, é claro, para a mentalidade humana, a dor é sempre ruim, sobretudo para uma cultura como a nossa, que é excessivamente analgésica, ou seja, não suporta nem uma dor de cabeça. Não se trata aqui de defender nenhuma forma de “masoquismo”. O que estou dizendo é que, porque vivemos numa cultura que foge constantemente da dor, por isso não entendemos mais o valor redentor dela. Por quê? Porque é na dor, afinal, que se podem realizar os mais perfeitos atos de amor.

Ora, o que de fato é redentor? O amor. Eis a beleza. O que é redentor é o amor porque Deus é amor, e nós fomos redimidos por um grande ato de amor de Nosso Senhor. Deus poderia nos ter amado nas lonjuras do céu, e nós nem teríamos notícia disso. No entanto, Ele quis mais: quis fazer-se carne e morrer na cruz para mostrar a imensidão do seu amor. A história poderia ter terminado por aí: “Deus veio, sofreu por nós, morreu na cruz, agora estamos salvos, pronto e acabou, aleluia”… Mas não. Deus é tão maravilhoso, que nos convida a participar da redenção. São Paulo mesmo o diz: Completo na minha carne o que falta aos sofrimentos de Cristo. Muitos não entendem e até criticam o título Corredentora porque não entendem a fundo a frase de São Paulo. Ora, de alguma forma, também nós — você e eu — somos corredentores. Sim, há um único Redentor, Jesus Cristo, mas se todo cristão é, de alguma forma, corredentor, é evidente que Nossa Senhora há de ser Corredentora de forma única e irrepetível.

Recordemos o que foi dito até agora. Deus nos ama, mas quis mostrar-nos o seu amor abraçando a realidade dolorosa e dramática da cruz; suspenso nela, mostrou o quanto nos ama. É por isso que os cristãos olhamos para a cruz de Cristo e dizemos: “Como Deus nos amou!” Há mais, porém. Deus quer também que nós o amemos e, unidos a Ele, amemos os outros. Essa é a maravilha da redenção: Deus quis contar com nossa modesta mas real participação. Qual seria a alternativa? Que Deus nos tivesse amado, e ponto final. Nós porém continuaríamos egoístas. Ora, como pretender entrar no céu sem nunca ter correspondido ao amor de Deus?… 

Não foi isso o que Deus fez; de fato, quando Deus faz as coisas, Ele as faz de modo perfeitíssimo. Se Ele nos ama com uma grande caridade, então quer que nós o amemos de volta igualmente. Para isso, Ele mesmo nos dá o amor com que quer ser amado. Isso é um privilégio, uma coisa maravilhosa! Se Deus tivesse vindo e nos amado, mas dito assim: “Agora se virem para me amar de volta”, estaríamos perdidos. Não foi isso o que Ele fez. Deus veio, nos amou e derramou o seu Espírito Santo para que nós pudéssemos amá-lo de volta, isto é, para que pudéssemos corresponder ao seu amor. Esse é o mistério da redenção — o Deus de amor faz filhos de amor.

Deus antecipou tudo isso numa mulher, na menina de Nazaré, Nossa Senhora. Desde o primeiro momento de sua vinda ao mundo, Jesus foi correspondido em seu amor por uma alma agraciada, que já tinha o Espírito Santo antes de todos, uma alma que já recebera de Deus a capacidade de amar de forma prodigiosa. A Imaculada podia amar de volta, porque recebeu antecipadamente o amor com que Deus queria ser amado. Ora, se ela amou Jesus assim, é evidente que amou e quis tudo o que Jesus mesmo amava e queria. E o que Ele mais amava e queria neste mundo? Salvar-nos. Logo, também Maria quis nos salvar participando ao seu modo dessa grande obra. Jesus ama os homens e quer salvá-los? Então, se amamos Jesus, queremos também salvar os homens. Não se trata de uma invenção ou cavilação minha. Não. Foi Jesus quem disse: Ide por todos os povos e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo etc. Ora, quem faria tudo isso? Os Apóstolos! Por isso dizia São Paulo: Vae enim mihi, si non evangelizavero, “Ai de mim se eu não evangelizar”. Misericórdia se não amarmos como Jesus amou! 

Todos os verdadeiros cristãos de todos os tempos, de todas as raças, de todos os países, vendo o amor de Cristo com que Cristo nos amou, amaram Cristo de volta, isto é, foram corredentores sofrendo pela salvação dos outros. Caritas Christi urget nos, a caridade de Cristo faz como que violência em nós, impele-nos a, vendo que um só morreu por todos, querer morrer, ainda que seja pela salvação de só um. Se isso vale para todos os santos, como não valerá também para a Virgem Santíssima? Ela, cheia de graça, recebeu o Espírito Santo desde o primeiro instante da sua concepção, motivo por que tinha uma capacidade de amar maior que a de todos os anjos e santos. Com que pressa, com que amor ela não tomou sobre si as dores redentoras de Cristo para sofrer por nós! Ela uniu-se a Cristo em suas dores porque já se unira a Ele em seus amores. Eis o mistério da corredenção, celebrado neste dia de Nossa Senhora das Dores. Digamos-lhe hoje: “Mãe bendita, obrigado por terdes sofrido por mim. Compadecida de Cristo na cruz, tomastes sobre vós a minha cruz. Mãe bendita, Consoladora dos aflitos, vinde em nosso auxílio, qual outro Cirineu, como Mãe que carrega e ajuda a carregar a cruz de seus filhos. Ensinai-nos a amar Jesus, carregando a cruz de cada dia e procurando a salvação do próximo”.

II. Comentário exegético

Um legado filial: a terceira palavra de Jesus. — Entre os verdugos de Cristo e a ímpia multidão de blasfemos, mostra-nos o evangelista algumas piedosas mulheres vindas da Galileia. Tendo servido e seguido Jesus até o fim, assistem com fortaleza ao seu suplício; entre elas, é mencionada em primeiro lugar a Virgem deípara, quer por sua dignidade, quer pela dor acerbíssima que lhe trespassava a alma, quer enfim por sua plena obediência e configuração a Cristo.

V. 25. Junto à cruz de Jesus estavam sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. A pontuação tanto da Vg quanto do texto gr. não permite decidir se Jo. enumera quatro ou três mulheres (i.e. se se deve ler mulher de Cléofas como aposto de a irmã de sua Mãe, ou como outro membro da lista). Suposta a primeira leitura, segue-se de Mt 27,55s e de Mc 15,20 que a irmã da Mãe de Jesus só pode ser Salomé, mãe de Tiago e João; mas seria de estranhar que o evangelista, ao referir-se pela primeira vez a essa personagem, a colocasse em momento tão dramático sem nem lhe mencionar o nome. Além do mais, é evidente que o evangelista Jo. não conhecia Jesus antes de o Batista indicar-lho como o Cordeiro de Deus (cf. Jo 1,35s), o que seria inexplicável se os dois fossem primos (naturalmente, ter-se-iam conhecido antes).

Essa passagem do IV Evangelho é complementada pelos sinóticos: segundo Mt. (cf. 27,55s) e Mc. (15,40s), achavam-se ali, embora a certa distância (gr. ἀπὸ μακρόθεν, lt. a longe), Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu (provavelmente, a mesma mulher a que Mc. chama Salomé); estavam também, segundo Lc. (cf. 23,49), todos (em sentido moral, i.e. em grande número ou os principais entre) os conhecidos de Jesus. As palavras de Jo.: Junto à cruz de Jesus estavam e as dos sinóticos: Estavam de longe observando não se contradizem. Com efeito, é provável que os evangelistas tenham considerado dois momentos distintos do mesmo acontecimento e que a maioria dos presentes à crucificação (de fato, em Mt 27,49 se lê: Achavam-se também ali muitas mulheres) tenham permanecido a alguma distância, enquanto os mais íntimos iam-se aproximando pouco a pouco.

Todos admiram e louvam — como é justo e natural — a constância e a invencível fortaleza da bem-aventurada Virgem Maria, posta em angústias de espírito tremendas. “De pé junto à cruz estava a Mãe e, enquanto fugiam os varões, ela, só, permanecia firme” (Santo Ambrósio). É portanto alheio à verdade o costume de certos pintores que, desejando representar com cores mais vivas o suplício da Mãe dolorosa, a retratam desfalecida ou prostrada no chão. Ora, o evangelista deixa claro, ao dizer simplesmente que Maria estava junto à cruz, que ela nada fez de grosseiro ou ruidoso, apesar de toda a tristeza, seja soluçando, seja desfazendo o cabelo etc. Com efeito, Jo., faz notar, entre outras coisas, a modéstia da Virgem; a tristeza que, silenciosa, lhe pungia o Coração; e o decoro que sempre a caracterizou, como convinha à sua virgindade, que não toleraria destemperos, e à sua fé, que jamais duvidara da ressurreição.

V. 26. Jesus, vendo sua Mãe, e, junto dela, o discípulo que amava (i.e. o próprio evangelista Jo.), disse a sua Mãe: Mulher, eis o teu filho, quer dizer: “Eu morro, mas doravante este será em meu lugar o teu filho” pelo amor, pela obediência, pelo cuidado etc. — V. 27. Depois disse ao discípulo: Eis a tua Mãe, a quem deves respeito e tudo o que é próprio da piedade filial. E, de fato, o discípulo amado atesta ter observado fielmente este mandado: Desta hora por diante, levou-a o discípulo para a sua (gr. εἰς τὰ ἴδια, lt. in sua = lit. para as coisas que lhe são próprias), i.e. para a sua casa, a fim de lhe providenciar comida, abrigo e tudo o que é necessário à vida.

N.B. — O termo mulher (γύναι), usado como vocativo, não conota qualquer desprezo; antes, pelo contrário, é sinal de reverência e estima (cf. e.g. Jo 19,26; 20,13.15; entre os autores profanos, Homero, Iliad. iii 204; Sófocles, Œdip. tyr. 655). “No original, não há o menor traço de repovoação ou severidade no termo. O tratamento é de delicado respeito, e até de carinho” (Wescott).

III. Escólio sobre a corredenção de Nossa Senhora

1. A corredenção mariana em si mesma.a) É formal. Maria Santíssima cooperou formalmente para a redenção do gênero humano, razão por que pode ser chamada Corredentora. — b) É necessária por suposição. Esta cooperação, bem como a de todos os cristãos, não foi absoluta, mas hipoteticamente necessária, i.e. querida livremente por Deus, que poderia ter-nos redimido de outra forma. — c) É próxima e imediata. Esta cooperação, além disso, foi imediata por imediação de contato (quando não se interpõe nenhuma ação entre a cooperação e o efeito) quanto de virtude (quando se interpõe entre a cooperação e o efeito alguma ação, sem que esta impeça o influxo da cooperação na produção do efeito): por imediação de virtude, por seu consentimento à encarnação redentora, e por imediação de contato, por sua compaixão, pela qual, unida à paixão de Cristo, mereceu e satisfez ao seu modo em prol do gênero humano. — d) É subordinada. Esta cooperação não é de modo algum colateral (como é e.g. a de dois homens que buscam levantar juntos um mesmo peso), pois Jesus é o único redentor, mas dependente e subordinada, na medida em que ela cooperou de modo eficaz para a redenção, não por si mesma ou a título próprio, mas com Jesus, de quem dependia e a quem estava totalmente subordinada.

2. A corredenção comparada com a redenção. — A ação redentora de Cristo é: a) principal, i.e. seu efeito total lhe é atribuído como à sua causa primeira e principal, mas apenas secundariamente à ação corredentora de Maria; b) essencial, na medida em que os méritos e satisfações de Cristo são necessários e por si mesmos mais do que suficientes para reparar adequadamente a justiça divina e realizar a redenção, ao passo que os méritos e satisfações de Maria foram por si mesmos acidentais, sem que nada pudessem acrescentar aos de Cristo; c) independente, enquanto os méritos e satisfações de Maria dependem intrinsecamente dos de Cristo e a eles se subordinam, de forma que todo o valor de sua ação corredentora provém da ação redentora de Cristo e lhe é posterior com posterioridade de natureza, assim como a luz é posterior à fonte luminosa da qual emana; d) absolutamente universal, por abarcar todos os homens, inclusive a Virgem deípara, cuja ação corredentora, por sua vez, só poderia abarcar todos os outros, i.e. menos a si mesma, também redimida por Cristo; e) necessária ex suppositione intrinseca, já que só os méritos e satisfações do Verbo encarnado poderiam reparar a honra divina ultrajada em todo o rigor da justiça, ao passo que os da Virgem Maria foram necessários ex suppostione extrinseca, i.e. porque foi Deus quem livremente os quis aceitar em união aos de Cristo; f) ordenada ad simpliciter esse, i.e. sem ela, não se realizaria a redenção do homem, enquanto a ação redentora de Maria ser ordenava ad melius esse, i.e. como certo complemento ou ornato para que a redenção, plenamente operada por Cristo, fosse mais bela e convenientemente operada. Com efeito, embora a ação de Cristo bastasse em si e por si para redimir o gênero humano, Deus quis aceitar também a de Maria, a fim de manifestar com novo brilho sua infinita sabedoria: assim com a nossa ruína veio das mãos não só de Adão, mas também das de Eva, convinha que a nossa reparação viesse não só das mãos de Cristo, novo Adão, mas também das de Maria, nova Eva.

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