Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 9, 51-56)
Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram num povoado de samaritanos, a fim de preparar hospedagem para Jesus. Mas os samaritanos não o receberam, pois Jesus dava a impressão de que ia a Jerusalém. Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?” Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os. E partiram para outro povoado.
Ao celebrarmos hoje, início do mês do Rosário, a memória de S. Teresinha do Menino Jesus, nomeada padroeira das missões pelo Papa Pio XI, precisamos ter bem presente o que a Igreja sempre entendeu por missão. Não se trata de fazer “publicidade” de eventos paroquiais nem de atrair multidões dizendo o que todos querem ouvir, mas de arrancar as almas do erro e do pecado e trazê-las para a verdade da única Igreja, Santa e Católica, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo como instrumento universal de salvação, na qual somos lavados das nossas culpas pelo Batismo, alimentados com o Corpo do Senhor na Eucaristia e preparados, pela participação nos outros sacramentos, para a visão de Deus face a face que Ele mesmo prometeu aos que, pela graça, observarem até o fim os seus Mandamentos. Isso significa que a missão cristã, para lograr realmente o seu fim, que é a conversão dos infiéis e pecadores, não pode ser um mero ativismo exterior, um simples “promover” eventos e encontros, um tolo afã de transformar tudo em marketing, porque ninguém, sem o socorro sobrenatural da graça, pode por si mesmo mudar de vida e abraçar a religião católica como convém à própria justificação.
Por este motivo, a missão deve partir, antes de tudo, da vida espiritual do missionário e, também, de todos os fiéis em particular. Embora — é verdade — nem todos sejam missionários “de carteirinha” e por mandato oficial, todos somos membros de Cristo e podemos, por meio da nossa oração privada, do nosso sacrifício diário, do nosso testemunho de vida, contribuir para a conversão daqueles que, fora da Igreja e errando longe do caminho da salvação, ou se obstinam na infidelidade, não querendo a Cristo como pastor e guia, ou, mesmo dentro dela e conculcando as promessas do Batismo, sacudiram o suavíssimo jugo da santa lei de Deus (cf. Pio XI, Ato de Reparação ao SS. Coração de Jesus). Disto nos deram prova S. Teresinha do Menino Jesus, que de sua cela em Lisieux alcançou pela oração e o espírito de reparação, unida ao seu amado Esposo, tantas graças, tantas conversões, e também os pastorinhos de Fátima, que, ainda crianças, quiseram unir-se voluntariamente à Paixão de Cristo e, pela mortificação, suplicar ao Pai a salvação dos pobres pecadores. Que também nós, cuja conversão talvez seja fruto da oração escondida de alguma alma piedosa do outro lado do mundo, busquemos fomentar mais este espírito missionário, que enxerga à luz da fé que todos podemos, fazendo às vezes tão pouco, impetrar de Deus, unindo-nos ao sacrifício de Cristo na cruz, a graça de inumeráveis conversões.
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