Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 10, 13-16)
Naquele tempo, disse Jesus: “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. Pois bem: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós. Ai de ti, Cafarnaum! Serás elevada até o céu? Não, tu serás atirada no inferno. Quem vos escuta a mim escuta; e quem vos rejeita a mim despreza; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou”.
No Evangelho de hoje, o Senhor dirige palavras duras a algumas cidades que não aceitaram a sua pregação, entre as quais se conta nada menos do que Cafarnaum, a cidade que Jesus mesmo escolheu como sua casa: “Ai de ti, Cafarnaum! Serás elevada até o céu? Não, tu serás atirada no inferno”. Não é difícil ver nestas palavras uma condenação daquele orgulho com que Satanás, fascinado diante de suas próprias perfeições, quis elevar-se até o céu, mas acabou precipitando-se no inferno. Em contraste com essa diabólica soberba, temos o exemplo de S. Francisco de Assis, recordado hoje na Liturgia, que recebeu o título de seráfico, em referência à mais elevada das hierarquias angélicas, a qual compõe como que a corte de Deus, justamente por sua humildade. S. Francisco, sendo homem, mereceu ser como que elevado até o céu, porque nesta vida se rebaixou mais do que todos, movido não apenas por saber-se mera criatura e miserável pecador, mas por amor a Cristo humilde e humilhado. Assim, pois, como os santos Anjos se sentem ainda mais atraídos por Deus e trespassados de maior assombro diante do grande mistério de humildade que é a Encarnação do Filho, assim também o seráfico Francisco, vendo a pobreza do Menino Deus, o amou tanto a ponto de querer humilhar-se como Ele, por gratidão a Ele e para O amar mais perfeitamente. — Que S. Francisco de Assis, por seus méritos e preces, nos alcance hoje de Deus a graça desta humildade mais profunda e radical, que não se limita a reconhecer os nossos limites, como criaturas, nem a nossa miséria, como pecadores, mas se rebaixa por amor àquele que por amor a nós se rebaixou à nossa condição.
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