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Homilia Dominical
17 Dez 2016 - 26:38

Não tenhas medo de receber Maria!

Estamos às portas do Natal e o Evangelho deste domingo nos narra o sonho de São José. "Não tenhas medo de receber Maria", diz a ele o anjo do Senhor, dando assim, para todos nós, uma preciosa lição: só crendo no mistério da Virgem Maria seremos realmente visitados pelo menino Jesus; só recebendo aquela que gerou em seu seio o próprio Filho de Deus poderemos tê-lO igualmente gerado em nós.
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Homilia Dominical - 17 Dez 2016 - 26:38

Não tenhas medo de receber Maria!

Estamos às portas do Natal e o Evangelho deste domingo nos narra o sonho de São José. "Não tenhas medo de receber Maria", diz a ele o anjo do Senhor, dando assim, para todos nós, uma preciosa lição: só crendo no mistério da Virgem Maria seremos realmente visitados pelo menino Jesus; só recebendo aquela que gerou em seu seio o próprio Filho de Deus poderemos tê-lO igualmente gerado em nós.
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt
1, 18-24)

A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo.

Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: "José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo de seus pecados".

Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: "Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco".

Quando acordou, José fez como o anjo do Senhor havia mandado e aceitou sua esposa.

Adentramos no dia 17 de dezembro a segunda fase do Advento, a "Semana Santa", por assim dizer, que antecede a solenidade do Natal do Senhor. Até então, a liturgia colocava-nos diante dos olhos precipuamente a figura de São João Batista, o Precursor que, levando uma vida austera e penitente no deserto, incitava-nos a uma verdadeira conversão e mudança de vida. A partir de agora, é sobretudo no mistério da Virgem Maria que nos vamos deter, já que é em seu ventre puríssimo que se dá a concepção virginal do Filho de Deus feito homem; é por meio dela que vem ao mundo, afinal, Aquele que "vai salvar o seu povo de seus pecados", como revelado a São José.

O Evangelho deste domingo narra justamente a versão josefina da anunciação do Senhor, contida no Evangelho de São Mateus. Trata-se de uma história um pouco diferente daquela contada por São Lucas, o qual recolheu os fatos da natividade, diz-nos a Tradição, da boca da própria Virgem Santíssima. Mesmo assim, também no relato de São Mateus é notável o protagonismo que tem a serva do Senhor no mistério da nossa salvação: "Não tenhas medo de receber Maria como tua esposa", revela o anjo, em sonho, a José, "porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo" e "dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus".

Assim como a bem-aventurada Virgem Maria, ao ouvir as palavras do arcanjo Gabriel, ficou a pensar no significado da saudação que lhe fôra dirigida (cf. Lc 1, 29), também nós somos convidados a meditar, neste domingo, o sentido da mensagem que é comunicada ao pai nutrício de Jesus.

"Não tenhas medo de receber Maria", diz-lhe o anjo e, com isso, ensina-nos também a nós uma valiosa lição: a de que só seremos realmente visitados pelo menino Jesus neste Natal se antes tivermos fé no mistério da Virgem Santíssima; que só recebendo aquela que gerou em seu seio o próprio Filho de Deus poderemos tê-lO igualmente gerado em nós. Não foi isso o que aconteceu, afinal, com o próprio patriarca da Sagrada Família? A boa-nova que São José recebe dos céus fala primeiro de "receber Maria", sua esposa, e só depois fala do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Da mesma ordem é a reação de Isabel no conhecido episódio da visitação, o qual relembramos todos os dias ao rezarmos a Ave-Maria: "Bendita és tu entre as mulheres", ela diz, "e bendito é o fruto do teu ventre" (Lc 1, 42). A celebração que se aproxima recorda-nos, pois, que são indissociáveis uma da outra a pessoa do Verbo encarnado, Jesus Cristo, e a sua divina Mãe, Maria Santíssima. Não sem razão a Oitava do Natal é dedicada à contemplação da maternidade divina de Nossa Senhora.

Essas duas festas de preceito são, de fato, inseparáveis na liturgia e na teologia católicas, pois celebram uma única e mesma realidade: a de que "o Verbo se fez carne" (Jo 1, 14), Deus se fez homem, a Divindade uniu-se à humanidade. Essa verdade de fé, ensinada desde sempre pela Igreja Católica, sempre enfrentou dois erros opostos: um, tendente a negar a divindade de Cristo, foi o núcleo da famosa heresia ariana nos primeiros séculos e hoje é adotado largamente pelos teólogos de linha liberal; outro, tendente a desconsiderar a humanidade do Verbo, foi o erro dos docetistas da Igreja primitiva, com o qual neste momento da história simpatizam de modo particular os protestantes. Também entre nós, é grande a tentação de desviar-se da sã ortodoxia, abraçando uma "meia verdade" ao invés de acolher a verdade "católica", isto é, em seu todo. Por isso, para fortalecermos nossa fé, atentemo-nos ao Evangelho de hoje, que nos propõe à meditação a "Paixão de São José".

O pai adotivo de Cristo tinha-se decidido a "abandonar Maria, em segredo", como se sabe. Os Padres da Igreja, dentre os quais sobressai São Jerônimo, não acreditam que São José tivesse duvidado da honestidade de Maria, porquanto ambos já haviam firmado um pacto comum de virgindade e ele, convivendo dia a dia com sua noiva, sabia quem era ela. Confrontado com a gravidez de Maria, no entanto, José se deparava com algo além de sua capacidade de compreensão. Como era um homem justo — isto é, não julgava daquilo que não conhecia —, sua atitude não foi de denunciar Maria, portanto, mas de, "conhecendo sua castidade e maravilhando-se com o que havia acontecido, envolver em silêncio aquilo cujo mistério ele ignorava" [1].

Agindo dessa forma, dando seu assentimento de às palavras do anjo mesmo sem saber bem o que se estava passar, São José tornou-se partícipe da salvação que seu filho adotivo veio operar. Confessando com seus atos Aquele no qual devia pôr o nome de Jesus, "pois ele vai salvar o seu povo de seus pecados", o patriarca da Sagrada Família cooperava ativamente na segurança dessa ponte que liga os céus à terra, o eterno à história, Deus aos homens. Adoremos pois, neste dia, os sapientíssimos desígnios do Altíssimo, que criou a humanidade de seu Filho, no seio de uma mulher, para trazer-nos a salvação. É o Filho de Deus que nasce neste Natal, é o Filho de Maria "nascido do Pai antes de todos os séculos". Vinde, adoremo-lO!

Referências

  1. São Jerônimo apud Santo Tomás de Aquino, Catena Aurea in Matthaeum, c. 1

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