Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo João
(Jo 14,15-21)
Na esteira do Evangelho do último domingo, Jesus responde à solidão de Seus discípulos com uma promessa maravilhosa: “Não vos deixarei órfãos”. Mas, como se dará isto?
Antes de partirmos ao Evangelho, é preciso colocar uma verdade de fé: Quando nós somos batizados e estamos em estado de graça, Deus habita em nosso coração, a Trindade inteira. E isso é comprovado pelas palavras de Jesus. Ele não apenas fala que “o Espírito da Verdade (...) estará dentro de vós” – realidade confirmada também por São Paulo [1] –, mas, como cremos que as três pessoas divinas nunca se separam – o que, na teologia, chamamos de pericorese –, com o Espírito Santo vêm à alma o Filho e o Pai. É o que Jesus diz mais adiante: “Eu virei a vós. (...) Naquele dia sabereis que eu estou no meu Pai e vós em mim e eu em vós.” E ainda: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada” [2]. Enfim, “quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” [3].
Então, se nós permanecemos na caridade, Deus habita em nós. Mas, isso não é suficiente. Quando estamos na graça divina, é como se recebêssemos um organismo espiritual, cuja ação mais extraordinária é amar a Deus de todo o coração. No entanto, se ficamos como uma pessoa que dorme, inerte, ou como um carro parado, sem funcionar, de nada adianta. Não basta possuir a vida da graça, é preciso colocá-la em ato. E, para isto, urge pedir a Deus, na oração, uma coisa chamada “graça atual”.
O amor é uma virtude sobrenatural. Portanto, ela está acima de nossa natureza. Não está em nosso poder ou em nossa capacidade amar. Para que sejamos capazes do sobrenatural, precisamos de duas coisas: um organismo espiritual – que é a vida da graça – e as graças atuais, graças que nenhum santo, sequer a Virgem Santíssima, mereceu. Para recebê-las, é preciso pedir a Deus, com humildade, confiança e perseverança: “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto” [4].
Portanto, cultivemos com afinco a vida de oração, conscientes de que não pedimos a Deus sozinhos, Jesus está pedindo conosco: “Eu rogarei ao Pai, e ele vos dará um outro Defensor, para que permaneça sempre convosco: o Espírito da Verdade, que o mundo não é capaz de receber, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque ele permanece junto de vós e estará dentro de vós. Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós.”
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