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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 16, 9-15)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas. Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores: porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. Os fariseus, que eram amigos do dinheiro, ouviam tudo isso e riam de Jesus. Então Jesus lhes disse: “Vós gostais de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações. Com efeito, o que é importante para os homens, é detestável para Deus”.

Hoje, primeiro sábado do mês de novembro, celebramos o Imaculado Coração da Santíssima Virgem Maria. Ontem, celebrávamos o Sagrado Coração de Jesus. Mas, por que celebrar esses dois corações? Essa pergunta é relevante, pois inclusive foi feita durante uma aparição de Nossa Senhora, em Pesqueira, Pernambuco, no Sítio da Guarda, quando a Virgem apareceu para duas meninas anunciando que o Brasil estava correndo o grave risco de sofrer com a implantação do comunismo, que seria marcada por um banho de sangue em nosso país. Nossa Senhora, então, pediu que o povo fizesse penitência e tivesse devoção ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria.

O padre que estava interrogando Nossa Senhora, perguntou: “Não basta ter devoção a um dos corações?”. Ela disse: “Não. Tem que ser aos dois”. Qual o sentido dessa resposta de Nossa Senhora? O sentido se encontra nas revelações de Nossa Senhora à Lúcia, a vidente de Fátima. Quando apareceu aos três pastorinhos, a Virgem mostrou o seu Imaculado Coração e anunciou que mais tarde viria para ensinar a devoção dos primeiros sábados. É interessante notarmos que, ao apresentar o seu Imaculado Coração, ela não o mostrou com as características que estamos acostumados a ver. As imagens clássicas do Imaculado Coração de Maria trazem o coração da Virgem Santíssima coroado com uma coroa de rosas, que indicam um coração imaculado. Porém, em Fátima, para a vidente Irmã Lúcia, Nossa Senhora apresentou o seu coração cercado de uma coroa de espinhos.

Inevitavelmente nos vem a pergunta: quando é que o coração de Maria foi coroado de espinhos? Jesus é que foi coroado de espinhos. As imagens do coração de Jesus mostram-no coroado com espinhos, porque foi assim que Nosso Senhor apareceu a Santa Margarida Maria Alacoque. Mas, tempos depois, Nossa Senhora apareceu à Irmã Lúcia com seu coração também coroado de espinhos. Isso se deve ao fato de que Maria, mais do que qualquer outro santo, pode dizer aquilo que São Paulo disse na Carta aos Gálatas (2, 20): “Vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim”. Esse é o princípio da santidade.

Amanhã iremos celebrar, aqui no Brasil, a Solenidade de Todos os Santos, e quem são os santos? Um santo é alguém que já não tem mais coração próprio, porque o seu coração é o de Jesus. Reflitamos um pouco a respeito disso, recordando primeiro o que é o coração de Jesus. É claro que temos devoção ao coração físico de Jesus transpassado pela lança por amor a nós, mas esse coração físico é simplesmente um símbolo natural para recordar uma realidade invisível: a alma de Nosso Senhor Jesus Cristo, a alma humana com a qual Jesus nos amava.

Ora, nós precisamos estar em contato com essa alma humana. Não é à toa que aquela tradicional oração que se faz após a comunhão começa assim: “Alma de Cristo, santificai-me”. Ao receber a comunhão, recebemos o corpo, o sangue, a alma e a divindade de Cristo. Então, quando, na comunhão Jesus está tocando fisicamente o nosso corpo, a alma de Cristo também está em contato com a nossa alma. E é justamente na união com a alma de Jesus que seremos salvos; porque, através dela, a nossa vontade é aniquilada e passamos a querer o que Jesus quer, ver como Jesus vê e fazer as coisas como Ele faria. 

Essa união perfeita com a alma de Jesus que para nós acontece no momento da comunhão, aconteceu de forma muito mais extraordinária na Virgem Santíssima. Ao receber o anúncio do anjo Gabriel, ela disse: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. Naquele momento, Deus criou — sim, criou! — dentro do ventre da Virgem Maria a humanidade de Cristo, o corpo e a alma que o Filho eterno assumiu para si.

A partir daquela hora, Maria Santíssima teve dentro de si, por nove meses, uma união mística muito mais profunda do que aquela que nós recebemos na comunhão. Por que mais profunda? Porque era permanente e ocorreu através da ação do Espírito Santo que lhe permitiu estar unida de forma diferente e extraordinária à alma de Jesus. E por que diferente e extraordinária? Porque ela não colocava nenhum empecilho. A alma de Maria estava totalmente unida à de Jesus.

Também nós precisamos unir a nossa alma a de Cristo. Mas como podemos fazer isso na prática? Quando fazemos a devoção dos primeiros sábados do mês e comungamos como Nossa Senhora pediu, estamos unidos a Nosso Senhor. Por isso, peçamos ao Imaculado Coração de Maria que nos ajude a fazer um verdadeiro transplante de coração, arrancando o nosso coração e colocando o de Cristo, de tal forma que possamos dizer: “Vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim”. Esse transplante, na prática, se faz ouvindo intensamente a Palavra de Deus e meditando os seus mistérios. Por isso Nossa Senhora pediu que rezássemos o terço e fizéssemos companhia a ela durante quinze minutos, meditando os mistérios da nossa salvação. É nessa meditação e oração que a nossa alma se move para querer o que Deus quer, desejar o que Ele deseja e fazer o que Ele quer que façamos. Não deixemos de alimentar a devoção ao Imaculado Coração de Maria porque ele, na verdade, é o Coração de Jesus em Maria.

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