CNP
Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
Todos os direitos reservados a padrepauloricardo.org®
Texto do episódio
00

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 2, 22-35)

Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. Conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos – como está ordenado na Lei do Senhor. Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”. O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti uma espada te traspassará a alma”.

A Apresentação no Templo. — O contexto em que o Evangelho de hoje se insere é o quarto mistério gozoso do Rosário: a Apresentação do Senhor no Templo. Oito dias após nascer, o Menino Jesus, segundo os preceitos da Lei, foi circuncidado; no quadragésimo dia depois do parto, a Virgem bendita dirigiu-se ao Templo de Jerusalém, tanto para cumprir o preceito de pureza legal (cf. Lv 12) como para apresentar seu Filho ao Senhor. Nesta ocasião, Jesus foi reconhecido pelo velho Simeão como Salvador de Israel e pela profetisa Ana como Redentor do mundo. Ora, uma vez que Cristo, como nosso Salvador e Mestre, quis assemelhar-se em tudo a seus irmãos (cf. Hb 2, 17), exceto no pecado, convinha que Ele se submetesse ao rito da circuncisão, em virtude do qual os hebreus passavam a fazer parte do povo de Deus e se tornavam, assim, destinatários da Aliança que Yahweh estabelecera com Abraão e a sua descendência (cf. Gn 17, 11). A circuncisão externa do corpo, com efeito, era um símbolo e sinal da mortificação interna da concupiscência, além de um sacramento da Antiga Lei por força do qual, e em atenção à fé no futuro Messias, os membros do povo eleito eram purificados da culpa original. Trinta e dois dias após a circuncisão, a Sagrada Família foi ao Templo e, à Porta de Nicanor, que ficava entre o átrio das mulheres e o dos israelitas, a Virgem SS. foi benzida pelo sacerdote em turno e purificada da impureza prescrita por Moisés. Realizada a cerimônia, os pais do Menino entregaram como oferta um par de rolas, pois eram muito pobres e não podiam oferecer em holocausto um cordeiro de um ano (cf. Lv 12, 6). Nem Jesus nem Maria, obviamente, tinham necessidade de obedecer a tais preceitos da Lei; quiseram cumpri-los, não obstante, a fim de nos dar um exemplo admirável de humildade e da obediência que devemos prestar aos ritos da nossa religião.

A profecia de Simeão. — Ora, havia no Templo um homem chamado Simeão. Era ele justo e piedoso (gr. εὐλαβὴς = temente) aos olhos de Deus e esperava a consolação do povo de Israel, isto é, o advento do Cristo, que consolaria todos os aflitos de Sião (cf. Is 61, 2). O Espírito Santo estava sempre com ele, seja pela graça santificante, seja pelo dom da profecia, e lhe havia anunciado, por uma revelação especial, que ele não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor. Movido pelo mesmo Espírito, Simeão entrou no Templo ao ver os pais de Jesus e, aproximando-se da Família, tomou o menino nos braços, bendisse a Deus a agradeceu-lhe o privilégio não só de ver o Cristo, mas inclusive de poder abraçá-lo ternamente. Inspirado por Deus, o santo ancião, fazendo eco aos antigos profetas e consumando a fé dos Patriarcas, cantou as glórias do Messias e, dirigindo-se-lhe à Mãe, revelou o seguinte: “Quanto a ti uma espada te traspassará a alma” (v. 35). Essa espada de dor não se refere, como pensava Orígenes, a uma suposta dúvida que a Virgem Maria teria experimentado aos pés da cruz acerca da divindade de Cristo, mas a uma verdadeira dor espiritual que lhe transpassou a alma ao contemplar Jesus, a quem ela tanto amava como seu Filho e adorava como seu Deus, torturado e rejeitado pelo povo que Ele viera salvar. A profecia de Simão, além disso, recorda que todo o mistério da Encarnação se ordena ao triunfo redentor da cruz, de forma que se pode dizer que o Menino cujo nascimento festejamos ao longo da Oitava de Natal nasceu verdadeiramente para morrer: toda a sua vida neste mundo, com efeito, tinha por finalidade consumir-se até o extremo no Calvário, por meio de uma morte redentora que seria para muitos, tanto fora como dentro de Israel (cf. 1Cor 1, 23), um sinal perene de contradição (v. 34).

Material para Download

O que achou desse conteúdo?

Mais recentes
Mais antigos
Texto do episódio
Material para download
Comentários dos alunos