Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 19, 25-27)

Naquele tempo, perto da cruz de Jesus estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, este é o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Esta é a tua mãe”. Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo.

Um dia depois da Festa da Exaltação da Santa Cruz — na qual celebramos o mistério de nossa redenção — comemoramos hoje a Festa de Nossa Senhora das Dores, ou seja, o mistério da corredentora. 

Na realidade, a Festa de Nossa Senhora das Dores não fala explicitamente da corredenção, ou seja, da participação da Virgem Maria na obra da Redenção, mas é isso que de fato aconteceu aos pés da Cruz. 

Primeiro, recordemos: Jesus é o nosso único Salvador e Redentor, portanto, foi Ele quem redimiu a humanidade inteira, inclusive a Virgem Maria. Porém, Nosso Senhor não quer que a Redenção aconteça e seja aplicada em nossas vidas sem a nossa participação. O próprio São Paulo diz isso: “Completo em meu corpo aquilo que falta à Paixão de Cristo” (cf. Cl 1, 24). 

“Mas a Paixão de Cristo foi perfeitíssima; não falta nada nela!”, poderemos responder. De fato, não falta nada na Redenção de Jesus, mas é necessário que a apliquemos em nossas vidas. Então nós, católicos, devemos enxergar e professar a realidade de que todos precisam assumir a Paixão de Cristo e se unir a Ele. Como disse Santo Agostinho, “Aquele que te criou sem ti, não te salvará sem ti”. 

Se todos os membros do Corpo de Cristo participam do mistério da Redenção,  também a Virgem Maria participa dele. No entanto, como em tudo em nossa Mãe Santíssima, ela ocupa um lugar especialíssimo, porque foi a única que gerou o Filho de Deus; que, mais tarde, seria entregue no Calvário por ela num sacrifício de fé e de confiança em Deus.

Maria é a Nova Eva, ou melhor, a “Anti” Eva, no sentido de que agiu de forma diferente da mãe dos viventes: olhando para a árvore, a mãe de todos os viventes quis tomar o fruto para si, e a Virgem, olhando para a árvore da Cruz, pegou o fruto do seu ventre, Jesus, e ofereceu-o a Deus, num ato contrário ao pecado de Eva. É por esse motivo que nós a chamamos de corredentora: ela, de forma extraordinária, participou do mistério da Redenção gerando o Filho de Deus neste mundo, e entregando depois Aquele que ela verdadeiramente podia chamar de seu Filho. 

“Deus amou tanto o mundo que enviou o seu Filho para que todo que n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16), e Nossa Senhora, seguindo como um espelho dessa realidade inefável, misteriosa e infinita do Senhor, é um sinal dessa entrega, participando misteriosamente da nossa Redenção.