Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 17, 1-6)
Naquele tempo, Jesus disse a seus discípulos: “É inevitável que aconteçam escândalos. Mas ai daquele que produz escândalos! Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos. Prestai atenção: se o teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se converter, perdoa-lhe. Se ele pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido’, tu deves perdoá-lo”. Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” O Senhor respondeu: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria”.
Celebramos hoje, com grande alegria, a memória do grande Papa São Leão Magno. Ele recebeu esse epíteto de “Magno”, sobretudo por dois motivos: externamente, defendeu a Igreja contra as invasões bárbaras do século V; e internamente, defendeu a verdadeira fé católica contra as grandes heresias cristológicas.
Uma das heresias que São Leão Magno combateu deturpava a relação entre as duas naturezas de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nessa época, já se tinha compreendido pelo Concílio de Éfeso que Jesus, embora seja Deus e homem, é uma só Pessoa, condenando assim a heresia do Nestorianismo. Contudo, por exagero, começaram a unir tanto Deus e o homem em Jesus Cristo que aconteceu uma “fusão”, como se Nosso Senhor fosse uma espécie de semideus — como Hércules, herói da mitologia grega, que nasceu através da relação sexual de uma divindade e de uma mulher humana; logo, metade homem, metade deus.
Nem é preciso dizer que essa compreensão está totalmente errada, chegando a ser até monstruosa. Jesus continua sendo perfeitamente Deus e continua sendo perfeitamente homem em uma só Pessoa, e essa é uma verdade fundamental para nossa salvação. Por isso, São Leão Magno escreveu o seu famoso “Tomo a Flaviano”, uma carta enviada ao bispo de Constantinopla, Flaviano, que atestava o que era de fato a fé católica. Assim, ele trouxe paz à Igreja, de tal forma que foi possível celebrar em seguida o Concílio de Calcedônia, em 451, onde triunfou a fé católica na qual cremos: Jesus Cristo é uma só Pessoa com duas naturezas distintas; unidas, mas não confundidas.
É importantíssimo sabermos disso, pois só existe salvação se o homem permanecer homem e se Deus permanecer Deus. Infelizmente, existe a tendência de, ao vermos a onipotência absoluta de Deus, sermos como que fagocitados pela divindade. Muitas religiões orientais acreditam nisso e ensinam que, mesmo sendo uma pequena gotinha d’água, nada irá nos impedir de um dia nos unirmos ao grande oceano da divindade. Ora, não é possível nos fundirmos com Deus. Nós sempre seremos nós, porque, se nos diluíssemos na divindade, não haveria salvação. Portanto, é necessário que continuemos distintos em nossa humanidade, mas estejamos unidos em Cristo. Eis aí a verdadeira salvação.
Que São Leão Magno, que lutou bravamente contra as heresias e as invasões bárbaras, defendendo a Igreja contra os inimigos internos e externos, interceda por nós do Céu e ajude-nos a, como ele, combatermos os erros disseminados no mundo moderno, anunciarmos a verdadeira fé católica e sermos um farol na vida de pessoas que ainda não conhecem o amor de Cristo.




























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