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Homilia Dominical
6 Out 2017 - 29:41

Os vinhateiros homicidas

A celeuma entre Jesus e os fariseus prossegue na liturgia deste domingo. Com a famosa parábola dos vinhateiros homicidas, Jesus realça ainda mais a duplicidade de seus corações, anunciando, por um lado, a sua morte próxima pelas mãos dos doutores da lei e, por outro, as consequências desse homicídio para o povo eleito que, em vez de dar bons frutos de justiça, produz “injustiça e iniquidade”.
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Homilia Dominical - 6 Out 2017 - 29:41

Os vinhateiros homicidas

A celeuma entre Jesus e os fariseus prossegue na liturgia deste domingo. Com a famosa parábola dos vinhateiros homicidas, Jesus realça ainda mais a duplicidade de seus corações, anunciando, por um lado, a sua morte próxima pelas mãos dos doutores da lei e, por outro, as consequências desse homicídio para o povo eleito que, em vez de dar bons frutos de justiça, produz “injustiça e iniquidade”.
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt
21, 33-43)

Naquele tempo, Jesus disse aos sumos sacerdotes e aos anciãos do povo: "Escutai esta outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, fez nela um lagar para esmagar as uvas, e construiu uma torre de guarda. Depois, arrendou-a a vinhateiros, e viajou para o estrangeiro. Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros para receber seus frutos. Os vinhateiros, porém, agarraram os empregados, espancaram a um, mataram a outro, e ao terceiro apedrejaram. O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número do que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma. Finalmente, o proprietário enviou-lhes o seu filho, pensando: 'Ao meu filho eles vão respeitar'. Os vinhateiros, porém, ao verem o filho, disseram entre si: 'Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar posse da sua herança!' Então agarraram o filho, jogaram-no para fora da vinha e o mataram. Pois bem, quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?" Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: "Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo". Então Jesus lhes disse: "Vós nunca lestes nas Escrituras: 'A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos?' Por isso, eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos".

A celeuma entre Jesus e os fariseus continua. O contexto é o mesmo da semana anterior, quando Cristo, explicando-lhes a parábola dos dois filhos, compara-os ao segundo, que obedece às palavras do pai apenas exteriormente.

Com a parábola deste domingo, a famosa parábola dos vinhateiros homicidas, Jesus realça ainda mais essa duplicidade, anunciando, por um lado, a sua morte próxima pelas mãos dos doutores da lei e, por outro, as consequências desse homicídio para o povo eleito que, em vez de dar bons frutos de justiça, produz "injustiça e iniquidade" (Is 5, 7). Cristo os adverte: "O Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos" (v. 43). E, compreendendo que era deles que Jesus falava, procuram prendê-lo e matá-lo.

De que modo essa advertência de Jesus aos fariseus pode ser aplicada à nossa vida?

Antes de tudo, é preciso direcionar o nosso olhar à primeira leitura, que é a chave de interpretação do Evangelho. Todos os exegetas acreditam firmemente que a parábola dos vinhateiros homicidas foi inspirada no capítulo 5 do livro do profeta Isaías. De fato, há um paralelo bem explícito entre um e outro texto: ambos falam da vinha de um amigo, cujos empregados não a cultivaram com o devido zelo e, por isso, foram punidos pelo dono.

Esse texto de Isaías é, na verdade, um cântico de amor em que Deus manifesta todo o seu carinho pela humanidade. Nele se recorda a benevolência do Senhor para com o povo de Israel, que, lembrado por Deus, foi arrancado do Egito e plantado na Terra Santa, onde jorra leite e mel. Como em outros textos do Antigo Testamento, Deus fala do seu amor não correspondido: "Israel era ainda criança, e já eu o amava, e do Egito chamei meu filho. Mas, quanto mais os chamei, mais se afastaram; ofereceram sacrifícios aos Baal e queimaram ofertas aos ídolos" (Os 11, 1). A vinha de Deus produziu frutos selvagens apesar de todo o seu amor.

A liturgia deste domingo quer nos ensinar justamente como acontece um relacionamento de amor. Uma pessoa que ama procura demonstrar esse amor por meio de ações concretas e constantes. Deus agiu na história em favor dos homens. Ocorre, porém, que não acreditamos nesse amor, não tivemos fé. E só pode ser amado quem acredita no amor, quem tem fé. Sem ela, não se pode receber amor de ninguém.

O povo de Israel, porém, via apenas as exigências da religião, apenas as leis. Deus, então, envia-lhe os profetas, a fim de recordar-lhe o significado de sua Palavra e o quanto Ele o amava. Além disso, retira também parte de seu favor para que Israel perceba a própria debilidade; perceba que, sem o auxílio divino, não é capaz de nenhum bem: "Vou desmanchar a cerca, e ela será devastada; vou derrubar o muro, e ela será pisoteada. Vou deixá-la inculta e selvagem: ela não será podada nem lavrada, espinhos e sarças tomarão conta dela; não deixarei as nuvens derramarem a chuva sobre ela" (Is 5, 5).

Finalmente, Deus envia seu filho para ser o novo coração do homem, um coração capaz de entender sua Palavra e de receber o seu divino amor. Mas esse filho é não somente rejeitado, mas açoitado até a morte pelo povo escolhido e amado.

Com a parábola dos vinhateiros homicidas, Jesus interpreta o papel de Natã e, colocando os fariseus diante de uma história de vergonhosa injustiça, faz com eles o que o profeta fez com Davi, cujo comportamento pecaminoso era o mesmo do personagem iníquo da história que lhe fora contada. Assim como Davi, os fariseus se dão conta da perversidade de seus atos. Mas, ao contrário do rei, não se arrependem, pois são ingratos.

Os corações dos fariseus se endurecem pela falta de fé e, assim, não conseguem aceitar as palavras salvíficas de Jesus. O mesmo pode acontecer conosco se não pedirmos a Deus a graça de um novo coração, como cumprimento da promessa de Ezequiel: "Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo; tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne" (Ez 36, 26). Como recorda-nos o apóstolo São Paulo: "O justo vive pela fé" (Rm 1, 17).

Portanto, na Eucaristia deste domingo vivamos uma verdadeira ação de graças, imitando os passos de São Francisco, cuja memória celebramos nesta última semana. Ele, que se lamentava pelo amor que não era amado, procurou viver esse amor em cada gesto, em cada ocasião. Peçamos também à Virgem Maria, na reta final do Ano Mariano, o dom de amar seu Filho Jesus com todo o nosso coração, pois "nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm a vós recorrido, fosse por vós abandonado".

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