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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 4,31-37)

Naquele tempo, Jesus desceu a Cafarnaum, cidade da Galileia, e aí ensinava-os aos sábados. As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento, porque Jesus falava com autoridade. Na sinagoga, havia um homem possuído pelo espírito de um demônio impuro, que gritou em alta voz: “Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus!”

Jesus o ameaçou, dizendo: “Cala-te, e sai dele!” Então o demônio lançou o homem no chão, saiu dele, e não lhe fez mal nenhum. O espanto se apossou de todos e eles comentavam entre si: “Que palavra é essa? Ele manda nos espíritos impuros, com autoridade e poder, e eles saem”. E a fama de Jesus se espalhava em todos os lugares da redondeza.

No Evangelho de hoje, Jesus confronta os poderes malignos e o povo fica admirado com a sua autoridade. Vamos nos aprofundar nessa ideia de que a palavra de Jesus tem autoridade, “auctoritas” em latim, ἐξουσία (exousia), em grego.

O que quer dizer isso? O sentido básico e fundamental do qual brota tudo é que a palavra de Jesus é verdadeira, ou seja, brota do ser das coisas, e é aqui que o demônio é destruído e as coisas são transformadas: a partir da verdade, ἐξουσία. Ὀυσία (ousia) é o ser das coisas, é algo autêntico, é a coisa em si mesma. Jesus fala com substância de verdade nas suas palavras. Isso é algo do qual perdemos um pouco a noção. Nós não sabemos mais o que é verdade.

Aprendamos com o grande Santo Tomás de Aquino que, com a sua doutrina, ilumina enormemente este Evangelho. A verdade, para Santo Tomás, é a mesma coisa que ser, ou seja, quando a coisa é, verdadeiramente, ela tem substância, tem ser. Então, este ser, quando entra em relação com alguém que é inteligente, entra no campo da verdade. Ou seja, sabemos qual é a verdade quando o ser nos visita, quando fazemos a experiência do ser.

Contudo, os cachorros, os macacos, as vacas, os saguis, não fazem a experiência do ser, ou seja, os animais não sabem nem sequer que eles existem. Se você disser a um computador que “dois mais dois não são quatro, dois mais dois são cinco”, o computador vai aceitar perfeitamente, ele aceita qualquer programação, porque ele não faz a experiência do ser; ele não tem nem mesmo consciência da própria existência, não faz a experiência da verdade.

O problema é que já faz três séculos que a humanidade descambou ladeira abaixo na estupidez, cada vez maior, de achar que a verdade é uma coisa relativa: “Para mim não é verdade; para você, pode não ser verdade”.

Desculpe-me, mas a verdade não brota da opinião, não brota nem sequer do intelecto; a verdade brota do ser das coisas. Jesus, no Evangelho de hoje, começa a falar e as pessoas ficam espantadas, porque Ele fala com ἐξουσία (exousia), e as pessoas fazem a experiência de ter um encontro com a realidade: “É verdade!” Elas são iluminadas por uma verdade, que convida as suas vontades, e elas passam a querer seguir Jesus. Aquilo é real, é verdadeiro. Jesus não é um retórico, não é um marqueteiro, não é um embusteiro.

Jesus fala com a autoridade do ser, e é isto o que os demônios não conseguem suportar, é exatamente por isso que, ao ouvir a sua palavra, o demônio agita o coração dos endemoniados, pois o inferno treme. O pai da mentira não consegue suportar a força do ser. O diabo é o pai da mentira e os demônios são servos dessa mentira, escravos dessa mentira e querem fazer de todos nós escravos da mentira.

Pois bem, que a palavra de Jesus faça o que fez com este homem do Evangelho. Mesmo que o inferno nos agite e caiamos, humilhemo-nos diante da verdade e aceitemo-la, dizendo com o santo povo de Deus que tem fé: “O que é isto? Uma palavra que nos é dada com autoridade”. É a palavra da verdade, que quer transformar os nossos corações.

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