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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Um dos enfeites mais tradicionais do Natal é o presépio, que serve para representar o nascimento de Jesus em Belém. Criado por São Francisco, o presépio tem uma função ao mesmo tempo catequética e espiritual, alimentando a devoção interior e favorecendo a oração pessoal. Neste sentido, recomenda-se que a sua preparação seja conforme o tempo da liturgia, a fim de que os católicos acompanhem piedosamente as cenas que antecederam a vinda de Nosso Senhor. Trata-se de enxergar no presépio não apenas mais um enfeite natalino, mas um objeto devocional que nos coloca ao lado da Sagrada Família, dos pastores e dos reis magos para juntos adorarmos o Menino.

Para uma meditação mais profunda do nascimento de Cristo, os católicos podem contar com o auxílio de São José, cujo coração acompanhou o milagre que acontecia com sua esposa e com seu filho adotivo. O olhar de São José é, na verdade, o olhar da fé. Conta a tradição que ele não estava presente na hora do parto, pois havia saído em busca de algumas parteiras para assistirem a Virgem Santíssima. Quando chegou de volta ao local, o bebê já estava nos braços da mãe. São José logo viu a grandiosidade do momento, e tomou definitivamente a missão de guardar Maria e Jesus. É, pois, com essa mesma fé que devemos nos aproximar do mistério representado no presépio.

É forçoso reconhecer que os católicos se acostumaram ao Natal. O mistério da Encarnação já não nos surpreende, nem nos motiva a, por exemplo, ir à Missa e viver o sagrado mistério. De fato, a perplexidade dos anjos diante de tão grandioso milagre é algo que, nem de longe, se encontra em boa parte dos cristãos, cuja única preocupação nessas épocas é a reunião familiar para a ceia e o lazer. O Menino Jesus está completamente esquecido.

A Encarnação de Cristo é, por outro lado, uma realidade espantosa. Primeiro, é escandaloso que o Criador de todo o universo, dessa gigantesca dimensão espacial onde se encontra nosso planeta, tenha se disposto a viver como homem. Do lado de Deus, o próprio universo é um nada. Os homens, por sua vez, não passam de poeiras insignificantes, razão pela qual canta o salmista: “Que é o homem – digo-me então –, para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles?” (Sl 8, 5).

Depois, Deus se fez homem não por passatempo ou desejo de subjugar-nos. Ele veio até nós por amor. Jesus assumiu o coração humano para nos amar e ensinar o caminho do amor a Deus e ao próximo. A meditação desses fatos deveria nos encher de fé e esperança, comovendo-nos às lágrimas por um grande Deus que, por compaixão de nós, veio a este mundo padecer as piores penas. Desde o ventre de Maria, Ele já redimia o gênero humano dos pecados e das imundícies. Mas, no presépio, o Deus que sustenta o mundo é sustentado pelos braços de Maria e protegido pela presença de São José.

A Comunhão eucarística fervorosa nos dá a oportunidade de acolher Jesus em nosso coração. Se nos guiarmos pelo exemplo e intercessão de Maria e José no presépio, poderemos oferecer a Cristo um repouso limpo e aconchegante. Do contrário, nossa alma será um local mais incômodo e sujo que o estábulo e a manjedoura. Por isso, a oração no presépio é uma ocasião adequada para o arrependimento de nossas faltas, a fim de que Jesus tenha onde reclinar a cabeça neste Natal.

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