Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 24, 42-51)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Ficai atentos! porque não sabeis em que dia virá o Senhor. Compreendei bem isso: se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. Por isso, também vós ficai preparados! Porque na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá. Qual é o empregado fiel e prudente, que o senhor colocou como responsável pelos demais empregados, para lhes dar alimento na hora certa? Feliz o empregado, cujo senhor o encontrar agindo assim, quando voltar. Em verdade vos digo, ele lhe confiará a administração de todos os seus bens. Mas, se o empregado mau pensar: ‘Meu senhor está’, e começar a bater nos companheiros, a comer e a beber com os bêbados; então o senhor desse empregado virá no dia em que ele não espera, e na hora que ele não sabe. Ele o partirá ao meio e lhe imporá a sorte dos hipócritas. Ali haverá choro e ranger de dentes”.
Com grande alegria, celebramos hoje a Memória do grande Doutor da Igreja, Santo Agostinho, também conhecido como o Doutor da Graça porque ele não só nos ensinou como a graça opera, mas também aprendeu como ela realiza em nós transformações extraordinárias.
Certamente já ouvimos falar a respeito da conversão de Santo Agostinho, aos 32 anos de idade. Depois de ter sido um grande orador e um filósofo que buscava a verdade, ele finalmente foi dobrado pela graça de Deus, que veio para resgatá-lo e tirá-lo das suas paixões carnais. Antes, este homem, que tinha força de vontade para conhecer a ciência, crescer na educação primorosa de grande orador, ter uma ótima carreira e ser famoso, alcançando o centro do Império, que era Milão, não tinha forças para amar, no sentido verdadeiro, profundo e divino desta palavra. Tudo que ele conseguia era procurar um amor mesquinho que o satisfizesse.
Portanto, ele não passava de um pobre ser humano que esperneava querendo e procurando tenazmente, às apalpadelas, a felicidade passional com os seus pecados, a felicidade do conhecimento em suas buscas filosóficas e a felicidade do reconhecimento social em uma carreira de sucesso. Todas essas coisas estavam marcadas por um egoísmo que se via incapaz de amar verdadeiramente e levava-o a um caminho desordenado e de destruição.
Então, diante desta tomada de consciência de sua impotência, uma ação da graça lhe ocorreu. Mesmo sem mérito nenhum da parte dele, uma força dentro de si disse: “Hoje é o dia da salvação”. Sim, Santo Agostinho procurava a felicidade, de tal forma que proclamou uma belíssima passagem em seu livro das Confissões: “Tarde te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro de mim, e eu fora, e aí te procurava”. Ou seja, ele só enxergou a beleza da graça em seu interior quando finalmente, vencido, ele se entregou a ela.
A graça de Deus bateu na porta de Agostinho durante anos e anos; e a voz do Verbo chamava-o em seu coração, pedindo: “Esta sede de felicidade que tu tens é sede de mim. Não procures fora aquilo que está dentro”. Então, atendendo a essa súplica, a graça vencedora o transformou por completo, fazendo-o agir divinamente, dando passos gigantescos.
Também nós somos chamados, como Santo Agostinho, a reconhecermos a graça em nossas vidas e sairmos da convicção errônea e pagã, quando não pelagiana, de que nós somos capazes de nos salvar por nossos méritos. Ela nos ajuda a vencermos nosso terrível egoísmo, fazendo com que enxerguemos a verdade que séculos antes São Paulo descobriu: “É na fraqueza que a força se manifesta” (2Cor 12, 9).
Celebrando hoje o dia deste sábio e santo homem, também comemoramos a vitória da graça em nossas vidas. Que ele, de lá do Céu, interceda por nós, para que também tenhamos uma conversão sincera que transforme os nossos corações empedernidos.



























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