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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 5, 20-26)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus. Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal’. Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: ‘Patife!’ será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de ‘tolo’ será condenado ao fogo do inferno. Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. Em verdade eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.

Os dez Mandamentos a que o homem, com o auxílio da graça, tem de obedecer a fim de ser salvo dividem-se em dois grupos ou tábuas. Os da primeira tábua, que são três em número, referem-se aos nossos deveres para com Deus: 1.º Adorar só a Deus e amá-lo sobre todas as coisas; 2.º Não invocar em vão o seu santo nome; 3.º Santificar os domingos e festas de guarda. Os da segunda tábua, que correspondem aos outros sete, referem-se aos nossos deveres para com o próximo: 4.º Honrar pai e mãe; 5.º Não matar; 6.º Guardar castidade em palavras e obras; 7.º Não furtar nem reter injustamente os bens do próximo; 8.º Não levantar falso testemunho; 9.º Guardar castidade em pensamentos e desejos; 10.º Não cobiçar as coisas alheias.

Embora divididos em dois capítulos, estes dez Mandamentos constituem uma única Lei, que temos de observar em todas as suas cláusulas. Por isso, de nada aproveita cumprir à risca os da primeira tábua, indo à Missa com pontual religiosidade e observando os outros preceitos impostos pela nossa santa religião, mas descuidar os da segunda. A paz em que estamos com Deus, portanto, deve refletir-se no amor com que tratamos o próximo e respeitamos os seus direitos, e o amor com que tratamos o próximo deve, por sua vez, sobrenaturalizar-se pelo amor e temor com que obedecemos a Deus. Não há como separar uma tábua da outra, se não queremos incorrer na sentença que o Senhor comina aos que transgridem qualquer um dos Mandamentos: “Será condenado ao fogo do inferno”.

Seja este, pois, um dos propósitos para esta Quaresma: fazer muito bem feito um exame de consciência, vendo em que e como temos faltado a esses deveres sagrados, e acudir o quanto antes ao confessionário, onde o ministro da misericórdia está pronto para abrir-nos as comportas de graça que o céu quer chover sobre todos os pecadores: “Procura reconciliar-te”.

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