Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 12, 35-38)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrirem, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater. Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade, eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar!”
O Evangelho de hoje nos coloca diante da necessidade de estarmos preparados para a vinda do Senhor.
Trata-se de uma página extraordinária de São Lucas, pois somente ele traz os detalhes dessa parábola contada por Jesus. E o que ela relata? Que devemos ser como os empregados de uma casa aguardando a volta do seu senhor, que poderá ocorrer a qualquer momento.
Lucas diz, no versículo 37, um detalhe inverossímil e surpreendente: “Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar”. Essa é uma promessa de Deus para nós, e “Ele mesmo” — o senhor — “vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa” — no original grego, o significado é o de reclinar-se à mesa, porque é o que se fazia naquela época, em que as mesas eram baixas — “e passando, os servirá” (Lc 12, 37).
Isso não é algo extraordinário, que nos deixa boquiabertos? Ainda mais se compararmos com uma passagem semelhante, do mesmo Evangelho, em que Cristo conta a parábola do servo inútil: “Qual de vós, tendo um servo ocupado em lavrar ou em guardar o gado, quando voltar do campo lhe dirá: ‘Vem depressa sentar-te à mesa?’. E não lhe dirá ao contrário: ‘Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto como e bebo, e depois disso comerás e beberás tu?’” (Lc 17, 7-8). Essa é a atitude correta do escravo que, no final, terá de dizer: “Somos servos como quaisquer outros; fizemos o que devíamos fazer” (Lc 17, 10).
Mas essas duas parábolas não se contradizem? Embora pareça, não há contradição, pois uma demonstra a atitude que nós precisamos ter nessa vida, e outra a atitude que Deus terá conosco quando chegarmos à vida eterna no Céu. Neste mundo, precisamos agir cientes de que somos servos inúteis — não como aqueles que têm carteira assinada e trabalham 8 horas por dia, mas como os que possuem um Senhor do qual dependem para viver. Ele é a razão de nossa existência, de nossa vida e nossa morte, e por isso, muito humildemente, devemos beijar-lhe a mão e servi-lo, dizendo: “Fiz o que devia fazer”. Então, quando terminar essa vida e estivermos preparados esperando Nosso Senhor, Ele nos servirá, preparando para nós o banquete nupcial do Cordeiro, a felicidade eterna.
Portanto, eis como devemos agir nesta vida terrena: vigiar, servir ao Senhor com a disposição de quem sabe que não se pertence e preparar-nos para sua vinda, assim como diz o Salmo 123, versículo 2: “Os olhos dos servos estão atentos à mão de seu senhor”. Desse modo, alcançaremos o Céu que o próprio Deus preparou para aqueles que em vida o serviram, e Ele nos dirá cheio de amor: “Agora é a sua vez. Reclina-te e descansa: Eu mesmo irei te servir”.




























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