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Texto do episódio
952

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 12, 1-8)

Naquele tempo, Jesus passou no meio de uma plantação num dia de sábado. Seus discípulos tinham fome e começaram a apanhar espigas para comer. Vendo isso, os fariseus disseram-lhe: “Olha, os teus discípulos estão fazendo o que não é permitido fazer em dia de sábado!”
Jesus respondeu-lhes: “Nunca lestes o que fez Davi, quando ele e seus companheiros sentiram fome? Como entrou na casa de Deus e todos comeram os pães da oferenda que nem a ele nem aos seus companheiros era permitido comer, mas unicamente aos sacerdotes? Ou nunca lestes na Lei, que em dia de sábado, no Templo, os sacerdotes violam o sábado sem contrair culpa alguma?
Ora, eu vos digo: aqui está quem é maior do que o Templo. Se tivésseis compreendido o que significa: ‘Quero a misericórdia e não o sacrifício’, não teríeis condenado os inocentes. De fato, o Filho do Homem é senhor do sábado”.

No Evangelho de hoje, Jesus, em uma controvérsia com os fariseus, recorda um texto belíssimo do profeta Oséias: “Quero a misericórdia e não o sacrifício” (Os 6, 6).

Muitas pessoas não entendem o que realmente significa misericórdia. Esta é, diversas vezes, confundida com um mero sentimento de pena, dó ou compaixão para com alguém. Entretanto, a verdadeira misericórdia é uma atitude resoluta da vontade, ou seja, é uma decisão que se dá na alma, não um sentimento, que está mais ligado ao corpo e às paixões. 

Nesse contexto, já percebemos uma grande diferença entre a misericórdia e o sentimento de pena. A misericórdia resulta de uma firme resolução, quando queremos ajudar aquela pessoa que está mergulhada em sua miséria; enquanto a compaixão é simplesmente colocar-se em sintonia com a pessoa, sofrendo com ela. Por esse contraste, percebemos que a verdadeira misericórdia é efetiva; ao passo que a compaixão, ou pena, é afetiva. 

Além disso, precisamos compreender que, enquanto a pena é uma fraqueza, a misericórdia é uma força. O misericordioso está necessariamente acima do miserável, pois é alguém que, tendo poder de fazer algo efetivo para o pecador, rebaixa-se até ele e o resgata de sua miséria. 

No Antigo Testamento, Deus havia revelado uma Lei às pessoas, de modo que, se elas a seguissem corretamente, seriam justas. Entretanto, Ele percebeu que o seu povo não estava vivendo o verdadeiro sentido da Lei: enquanto as pessoas prestavam um culto exterior, oferecendo sacrifícios no Templo, seu coração permanecia endurecido no pecado. Por isso, Deus se fez carne e veio a este mundo para nos resgatar das garras da morte, apesar de não merecermos.Não há maior ato de amor e misericórdia do que esse. 

Portanto, estejamos dispostos a ter misericórdia para com quem está na miséria, procurando imitar o grande sacrifício de amor que Nosso Senhor realizou por nós.

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K
Karein
21 Jul 2024

Excelente !!

Responder
RC
Robson Cola
20 Jul 2024

Quando sentimos dó de alguém, nós nos colocamos no lugar daquela pessoa, e sentimos mentalmente as suas dores. Quando sentimos misericórdia de alguém, nós nos colocamos ao lado daquela pessoa, com amor no coração, e com disposição de ajudá-la!

Responder
MF
Marco Floriano
19 Jul 2024

A misericórdia é efetiva enquanto a compaixão (dó) é afetiva. Mas para termos misericórdia precisamos estar em Deus, para termos essa força, senão não somos capazes de nenhuma ação de amor efetivo. Amém Padre.

Responder
VS
Valdonio Sales
19 Jul 2024

A verdadeira misericórdia é uma atitude resoluta da vontade, ou seja, é uma decisão que se dá na alma, não um sentimento, que está mais ligado ao corpo e às paixões.

Responder
VS
Valdonio Sales
19 Jul 2024

Deus se fez carne e veio a este mundo para nos resgatar das garras da morte, apesar de não merecermos.Não há maior ato de amor e misericórdia do que esse.

Responder
DP
Deuzélia Pires
19 Jul 2024

Amém 🙏 🙏 🙏 

Responder
FD
Felipe Daltro
19 Jul 2024

Aprofundamento Diário #42

18 de julho 2024

Primeira Leitura: Is 26,7-9.12.16-19 | Salmo: 101 (102) | Evangelho: Mt 11,28-30

Reflexão de hoje

Ninguém está de ombros vazios!

O Evangelho de hoje é um convite de Jesus a todo ser humano, especialmente quando experimenta o cansaço e a fadiga, sob fardos dos quais não consegue se desvencilhar sozinho.

O cansaço pode vir de diversos motivos, mas hoje, em particular, Jesus fala sobre o cansaço do fracasso, de perceber que às vezes nosso esforço é inútil e nossos sonhos não se realizam.

A primeira leitura, do profeta Isaías diz: "O caminho do justo é reto, e tu ainda aplainas a estrada ao justo." (Is 26, 7). No caminho dos juízos de Deus, a pessoa progride. O versículo 9 continua: "Quando vem a noite anseia por ti a minh'alma e com a força do espírito te procuro no meu íntimo", destacando o desejo do justo por Deus. Esse é o caminho do justo.

Entretanto, nem sempre somos ou estamos justos e ajustados. Descobrimos isso ao longo da vida, com nossos erros e fracassos, e vamos percebendo que o caminho que escolhemos não é tão próximo de Deus como imaginávamos.

No versículo 12 do mesmo capítulo, lemos: "Senhor, hás de dar-nos a paz, como nos deste a mão em nossos trabalhos." (Is 26, 12). A paz está no Senhor, em Deus. O cansaço surge de não encontrar paz, de realizar coisas que só dão "coisas" mesmo, menos paz.

No versículo 16, Isaías fala sobre o povo: "Senhor, eles recorreram a Ti na angústia, mas exageraram na superstição e veio-lhes o castigo." O ser humano reconhece a necessidade de rezar mais, de buscar Deus, mas às vezes erra o caminho da fé, recorrendo a superstições e idolatrias. Quantas vezes ouvimos: "Ah, padre, na hora do aperto, a gente fica desesperado, ansioso(a), o senhor sabe como é, né? Aí me disseram que tinha uma mulher que faz orações, uns negócios lá…" Na angústia pensam em Deus, mas vão pelo caminho da superstição. Percebe?

A leitura continua com uma constatação da vida, nos versículos 17 e 18: "Como a mulher grávida, ao aproximar-se o parto geme e chora em suas dores, assim nós, Senhor, em tua presença. Concebemos e sofremos as dores de um parto, mas geramos vento. Não demos à terra frutos de salvação, nem fizemos crescer habitantes para o mundo." Esse trecho é profundo, é como um quebrantamento interior. É a experiência de conceber, sonhar, sofrer as dores do parto, e no fim, não gerar nada, não dar frutos.

Hoje em dia, muitas mulheres não têm essa experiência do parto normal, porque existe a cesárea, mas algumas ainda optam pelo parto normal. Pense naquelas que passam pelas dores e contrações para dar à luz. Minha mãe, por exemplo, ficou em trabalho de parto durante quase 17 horas para eu nascer. Tadinha!

Diz a Palavra que se concebe, gesta por nove meses, cria-se uma expectativa, sofre as dores do parte e no fim das contas gera vento, não gera nada. É o cansaço do ser humano, de ter sonhado, acreditado que "dessa vez vai dar certo," mas no fim, tudo foi uma ilusão, uma esperança sem fundamento. Muitas pessoas são iludidas assim.

Ter esperança é uma coisa, ser iludido é outra. “- Padre, o senhor pode escrever aí: ele vai mudar, eu vou mudar ele". Aí o padre fala: “Minha filha, isso não é esperança, isso é ilusão de apaixonite". Tem coisas que não têm razão de ser. A esperança precisa ter uma razão de ser, que não é por óbvias circunstâncias, mas por Deus, Sua palavra e Seus propósitos.

Quantas pessoas já viveram a experiência de um profundo fracasso, uma profunda decepção. É uma das piores dores da vida, a decepção, o não alcançar as coisas. Isso produz um profundo cansaço em nós.

No versículo 19 do profeta, lemos: "Reviverão, Senhor, os teus mortos." Porque é assim que a gente se sente. Mas é possível reviver. "Reviverão os teus mortos e se levantarão também os meus mortos," Em seguida vem um grande convite: despertar e cantar louvores. "Despertai, cantai louvores, vós que jazeis no pó!" pessoas que se sentem no pó da vida, mas que precisam colocar a esperança em Deus, porque "Senhor, Deus nosso Deus, é o orvalho de luz o teu orvalho, e a terra trará à luz os falecidos." Aqui o profeta fala de uma ressurreição espiritual, de uma vida nova.

Todo esse contexto da primeira leitura vem ao encontro do refrão do Salmo: "O Senhor olhou a terra do alto céu." E o que foi que Deus fez quando olhou a terra do alto céu e nos encontrou nessa situação, na angústia, buscando errado, buscando tudo equivocadamente? Nos encontrou nessa situação de dar à luz, parir o vento, o nada. E o que foi que Deus fez? Deus mesmo veio. O Verbo se fez carne, se fez homem. Deus se fez um de nós e veio até nós. E em Jesus, a segunda pessoa da Santíssima Trindade, que se encarnou e se assemelhou a nós, vem o convite do evangelho de hoje: "Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso" (Mt 11, 28).

Ir a Jesus... Onde é que Ele está para eu ir? O convite é bom, mas tem que saber onde Ele está, senão caminhamos para o nada. O Senhor está na oração. A oração nos foi dada como lugar de descanso e revigoramento da alma. É preciso rezar!

Não é bonito o que o padre vai falar agora, e não é para julgar a vida alheia nem dar indireta em ninguém, mas às vezes, boa parte das missas é um lugar onde as pessoas não conseguem rezar.

Afinal, o que é rezar? Rezar é eu com Deus, eu me volto a Deus e falo com Ele, a partir, sobretudo, do que ouvi de Deus como resposta, mas também daquilo que estou precisando falar com Ele. Eu prezo muito por algum momento de oração durante a missa, no momento das preces fazer uma oração a partir da Palavra ou na ação de graças, após a comunhão, junto com alguma música para que possamos rezar. Por óbvio, o rito em si é orante, mas é impressionante como as pessoas têm uma profunda dificuldade de rezar com os ritos da missa. É de dar dó! Em cada parte da missa, sejam as partes cantadas ou não, é possível rezar, fazer daquelas orações as nossas palavras também.

Como é que eu vou pedir perdão a Deus? Com as palavras do rito, não com outras. Como é que eu vou dar graças a Deus, louvar a Deus, bendizer a Deus? Com as palavras do rito. É com aquelas palavras e orações que damos o louvor a Deus. O rito é orante e é uma pena que boa parte das pessoas apenas assistam à missa.

Acho impressionante alguns casais de namorados na missa, em que um coloca a cabeça no ombro do outro e fica nítido que a pessoa não está vivendo o momento que está acontecendo na missa; é possível perceber que ela não está pedindo perdão a Deus, não está dando glória a Deus, não está correspondendo, não está rezando. Como é que reza assim, com a cabeça encostada no ombro e fazendo carinho? Dá para perceber que a pessoa não está ali, de fato.

O rito é orante, mas existe uma dimensão da oração que é muito íntima, muito minha, quanto às minhas necessidades e àquilo que Deus fala comigo.

Vamos pensar para nós, que sempre começamos o dia, praticamente todos os dias, com a oração maior que é a santa missa. Após a missa, é preciso, ao longo do dia, encontrar um momento para rezar. Olha o que Jesus nos diz: “Venha a mim.” Mas onde é que Ele está? Ele está na oração que a gente não faz, porque diz que não tem tempo - mas que o histórico do nosso celular nos desmente. O Senhor está no sacrário, o Senhor está na Eucaristia. Temos que ir até Ele.

Nessa busca Jesus faz um processo conosco. Ele diz: "Eu vos darei descanso". É tão bom receber descanso, é tão boa a experiência do alívio. Porém, uma vez que isso acontece, vem um segundo passo para não tornar inútil a experiência do descanso, porque senão nos cansamos de novo.

Jesus começa a dizer: "Tomai sobre vós o meu jugo". Em vez de jugo poderia ser canga, outra tradução dessa palavra. O jugo aqui era a palavra da época usada para canga, para o jugo de madeira que se colocava entre dois bois para arar a terra. Aquele instrumento de madeira alinhava dois bois: se um vai para um lado. Tomar sobre nós o jugo do Senhor significa carregar o Evangelho, a doutrina, a cruz. Ninguém está de ombro vazio. Ou está com o jugo do capeta, ou está com o jugo de Jesus.

Às vezes fazemos a experiência de que o jugo de Jesus, a palavra dEle, o Evangelho nos é exigente. Então começa aquela conversa de que está tudo muito pesado, que não precisa de tudo isso etc. A pessoa "chuta o pau da barraca" da fé, porque precisa ser livre, aproveitar a vida porque é jovem ainda, que precisa "respirar", que se sente oprimida dentro da religião, e acaba jogando fora o jugo de Cristo. E o demônio, esperto que é, deixa esse ombro por um tempo livre, sem peso nenhum. No entanto, ele não pode ver um ombro vazio que já vem montar. E aí o ser humano experimenta o pior peso que tem: o peso do pecado, o peso de estar sem Deus, de ter que carregar a própria miséria sozinho, de ter que carregar as consequências das maluquices que fez.

Ninguém está de ombro vazio. Se de vez em quando experimentamos o jugo de Jesus como algo áspero ou pesado, é sinal de que não estamos fortes como deveríamos estar. Estamos fracos, precisando nos reabastecer.

Não joguemos fora o jugo de Jesus. Faz dois mil anos que essa conversa dá certo. Não tem ninguém de ombro vazio. Quando fugimos das exigências do bem, trombamos com as exigências do mal.

Dizia São Felipe Neri: "Quem se impacienta com a cruz que tem, vai encontrar uma mais pesada." E tem gente hoje que carrega uma cruz que é de dar dó, de tão pesada que é. Eu olho, escuto e falo: "- Eu não queria ser você, não". Aí a pessoa pergunta: "Ai, padre, o que eu faço agora?" Eu respondo: "Não sei, não faço ideia".

A vida já traz seus jugos. Mesmo sendo todo certinho, todo retinho, todo comportadinho a vida já não é tão leve e a pessoa ainda vai inventar de se afundar no pecado.

Hoje em dia o que tem de gente que carrega um fardo tremendo, que não é um fardo, digamos, natural - porque a vida tem seus fardos naturais como na velhice, quando a pessoa já não enxerga mais direito, o joelho que começa a doer, a viuvez, o casal que fica sozinho porque os filhos se mudam para estudar em outra cidade, quando o financeiro fica apertado, quando precisa enfrentar alguma doença física, enfim - mas, somado a isso, as pessoas têm o fardo daquilo que escolheram: de ter falado demais, de ter escolhido errado, de ter sido rebelde, de querer saber mais que o padre, mais que a igreja, mais que Jesus.

Às vezes, encontramos pessoas atravessando um câncer, por exemplo. O câncer está evoluindo, as quimioterapias não estão fazendo o efeito que deveriam. Lá no fundo, a pessoa sabe que vai morrer, que não vai sair curada disso, mas atravessa essa situação com paz, porque as outras coisas na vida estão em ordem. Ela tem um problema, um câncer, uma luta, mas mantém a paz na alma.

Por outro lado, quantas pessoas com o mesmo câncer vivem um verdadeiro inferno? Não têm só o câncer: o marido bebe, o filho não obedece, a sogra só dá pitaco e não ajuda em nada, a cunhada, que é de outra religião, entra na casa a hora que quer para falar aquele linguajar supersticioso, que mais confunde do que ajuda. A própria pessoa mesmo também tem suas mágoas e traumas. Nota-se, então, que o câncer parece ser o menor dos problemas.

Meus amados irmãos, a vida já tem seus fardos. O que nós precisamos é tomar o jugo de Jesus. Em nossa miséria e debilidade, o jugo de Jesus, que é suave e leve, às vezes parece um peso, mas não podemos jogá-lo fora, porque, sim, ele é leve. Se está pesado, é porque nós não estamos bem, não estamos fortes. Não tem ninguém de ombro vazio.

"Aprendei de mim", diz Jesus. Muitos fardos, cansaços e pesos vêm do fato de não aprendermos de Jesus. Nós agimos à medida em que sabemos as coisas, de acordo com o que aprendemos na vida. Mas aprendemos de quem? Da rua, da esquina, do boteco? De um pai e de uma mãe que, às vezes, tinham boa vontade, mas nada além disso? Ou de novelas, músicas toscas e mundanas? Dos nossos fantasmas interiores? Agimos e reagimos conforme sabemos e aprendemos de quem? Jesus diz: "Aprendei de mim".

Aprendemos de quem a respeito de sexo, dinheiro, perdão, raiva, inimigos, sobre como lidar com tristeza, ansiedade, frustração, desilusão, ciúme e inveja? Jesus diz: "Aprendei de mim".

E onde é que se aprende dEle? Na Palavra, na meditação sobre o que Ele fala, na contemplação.

A palavra é algo muito importante na vida. Estamos o tempo todo recebendo informações pelos olhos e ouvidos, e tem informação que nos deforma, que nos forma e que nos formata. Lembra do processo de formatação de computadores? É excluído aquilo que é desnecessário para organizar tudo de novo.

Aprender de Jesus é como formatar a alma, tirando o excesso e colocando as coisas certas nos lugares certos. Nós precisamos aprender de Jesus, porque é de Cristo que se aprende a vida, sobre nós mesmos, sobre os fatos.

"Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração", disse o Senhor. Tem muito cansaço que inventamos ou que carregamos, tornando-nos mais cansados ainda, porque

muitas vezes nos faltam duas virtudes que são verdadeiro remédio para os problemas da vida: mansidão e humildade. "Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra". De quem é a posse? Dos mansos.

Muita gente olha essas duas virtudes com desdém, como se fossem bobagens ou características de pessoas fracas, no entanto, essas virtudes são remédios para a vida humana, essenciais para quem deseja ter vida interior e uma vida psicológica saudável também.

A mansidão regula o uso da força. O manso é aquele que não usa toda a força que tem, pois se o fizesse, poderia causar danos. Mansidão é o oposto da explosão.

Na língua portuguesa, há um jargão vulgar que desmerece a palavra mansidão: "fulano(a) é um(a) corno(a) manso(a)". Isso vem da ideia de que algumas pessoas, ao pecarem, tiveram a sorte de que o marido traído fosse manso, porque, se não fosse, não haveria ninguém vivo para contar a história. O manso é aquele que, ao ver, pegar ou descobrir algo, não usa toda a força que tem, nem contra o Ricardão, nem contra ninguém, pois, se o fizesse, destruiria tudo.

Nós precisamos aprender a regular, dosar e santificar nossa força interior, essa força que se manifesta na língua, na palavra, no olhar e no gesto. Ser mais manso é essencial, pois só quem é manso alcança, só quem é manso possui. Santo Agostinho dizia mais ou menos assim: Nunca tente ter por mal, por força, aquilo que você não conseguiu por bem, porque nunca, no fundo, será seu.

Jesus era manso, mas também tinha o poder de acalmar o mar. E essa coisa indomável, chamada mar, obedecia à palavra de Jesus. Ele era forte, não é? A palavra dele ressuscitava mortos. "Talitá Cum, menina, levanta", ordenou Jesus à filha de Jairo. Quando chamaram Jesus de possuído por Belzebu, quando O xingaram, O humilharam, O ridicularizaram, quando O pegaram na sinagoga de Nazaré, riram dEle e O levaram ao alto de um precipício para jogá-lo lá embaixo Ele não usou de força, propriamente dita. Era tão forte que foi manso.

Mansidão e humildade são duas virtudes que às vezes desdenhamos, olhamos com pouco caso, zombamos de quem as tem e até nos envergonhamos de tê-las, quando, na verdade, elas são o remédio para nossa vida.

E aí Jesus diz que se aprenderem o que Ele diz, encontrarão descanso. Quando vamos a Ele, mesmo sem saber muita coisa, por misericórdia, Ele nos dá descanso. Quantas vezes saímos de um lugar, de um grupo de oração, de uma missa e saímos descansados, aliviados. Isso é bom, isso é graça, antecipação de Deus. Mas, para isso ficar conosco, para isso ser nosso, é preciso aprender de Jesus.

E então, ele termina dizendo: "E vós encontrareis descanso. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (Mt 11, 30). O demônio quer pintar Deus, nosso Senhor, e sua Igreja como algo amargo, pesado e áspero. "Provai e vede quão suave é o Senhor", diz o salmo. É suave este caminho.

Como é que as pessoas aguentam viver sem Deus? Eu não consigo entender isso. Às vezes eu olho e penso: como é que aguenta viver desse jeito? Meu Deus do céu, como é que pode? E talvez, ao olhar para a vida dos outros, você também olhe para trás e diga: como eu conseguia viver assim? Como fui capaz? Onde eu estava com a cabeça? Como eu aguentava essa vida?

Queridos irmãos, não nos intimidemos, não nos confundamos com a risada frouxa, solta e fácil de quem está abraçado com o capeta. O demônio sabe trabalhar, tanto para iludir quem está lá com ele quanto para questionar a sua fé. Às vezes, olhamos para o lado e a

pessoa está toda errada, mas parece estar tão feliz. Não se iluda, filho(a)! A partir da sua própria experiência de vida, viver sem Deus é muito difícil. Viver lá fora, sem Ele é coisa para gente doida, tem que faltar um "pino" na cabeça. Eu não sei como é que aguentam.

O Senhor é suave e leve. Se para você está pesado estar no jugo de Cristo, de ser solteira ou solteiro, aguentar as dificuldades, pense nisso. Você acha que é leve engravidar antes de casar com alguém que não nasceu para ser seu marido, ou fazer um filho com uma pessoa que não nasceu para ser sua esposa e agora vocês estão vinculados pelo resto da vida? Você vê as amigas, os amigos, morando juntos, dormindo um na casa do outro, e pensa: "Isso sim que é vida'", e fica olhando as selfies 'bochecha com bochecha' nas redes sociais. Enquanto isso, você está jogado(a) no sofá comendo pipoca e de pijama, oito da noite, num sábado, sem ter onde ir. E aí você pensa em desistir, mas não faça isso.

Está pesado para você porque o teu carro já tem dez, doze anos, duzentos mil quilômetros rodados e já está meio cafona? Está pesado ter um carro mais velho enquanto todo mundo tem um carro novo. Passe na sala do psiquiatra ou do padre para ver se é leve a vida de quem comprou sem ter dinheiro, financiou sem poder e agora o banco vem tomar os bens.

Está pesado ter carro velho? Você acha que é leve estar devendo o carro novo? Use a cabeça, filho(a)! O fardo de Cristo é leve. Não nos iludamos, porque andar na justiça, na e na santidade é leve.

No entanto, este fardo é leve desde que eu não esteja fazendo força sozinho. Eu preciso ter Jesus comigo. Por que se coloca dois bois no mesmo jugo, na mesma canga, para puxar um arado? Você não vai aguentar puxar o arado sozinho. É preciso o outro boi. E quem é o outro boi aqui nessa história para puxar o que está vindo atrás? Jesus é o companheiro dessa jornada.

Então, meus irmãos, só é leve se estou em dia com Deus; é leve se não estou desperdiçando as oportunidades de ir a Ele; é leve se eu comungo, se eu rezo; é leve se, ao invés de ficar em casa dizendo que estou cansado depois de trabalhar o dia inteiro, eu tomo um banho rapidinho e vou lá na Igreja; é leve à medida em que em mim não está só a minha força, mas a força de Cristo.

É por isso que São Paulo diz: "Tudo posso naquele que me fortalece." Uma pessoa forte sente os pesos como se fossem leves, não é assim? O peso é relativo, pois depende de quem vai carregar. O missal dos coroinhas, por exemplo, é pesado ou leve? "Nossa, padre, que missal pesado!" Para quem é pesado? Se for para um coroinha pequeno é pesado, mas para um adulto, não.

Portanto, meus queridos, o fardo é leve à medida em que, e somente se, Ele estiver em nós. Vivamos bem as oportunidades que temos de ir até Jesus e ficar com Ele.

Responder
GF
Geraldo Filho
19 Jul 2024

Misericórdia além do sábado.

Responder
LF
Luiz Ferraz
19 Jul 2024

🙏

Responder
Texto do episódio
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