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Homilia Dominical
9 Ago 2019 - 25:38

“Um tesouro no céu”

No Evangelho deste domingo, Nosso Senhor manda a seu “pequenino rebanho” que, ao invés de acumular bens neste mundo perecível, prepare “um tesouro no céu que não se acabe”, pois “ali o ladrão não chega nem a traça corrói”. Mas onde começa o céu senão em nosso coração, quando, vivendo na graça de Deus, nos tornamos morada da Santíssima Trindade? Venha meditar conosco sobre esse mistério tremendo de já ter presente em nossa alma aquele por quem ainda esperamos.
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Homilia Dominical - 9 Ago 2019 - 25:38

“Um tesouro no céu”

No Evangelho deste domingo, Nosso Senhor manda a seu “pequenino rebanho” que, ao invés de acumular bens neste mundo perecível, prepare “um tesouro no céu que não se acabe”, pois “ali o ladrão não chega nem a traça corrói”. Mas onde começa o céu senão em nosso coração, quando, vivendo na graça de Deus, nos tornamos morada da Santíssima Trindade? Venha meditar conosco sobre esse mistério tremendo de já ter presente em nossa alma aquele por quem ainda esperamos.
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 12, 32-48)

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino. Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. Porque onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.

Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrirem, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater. Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar! Mas ficai certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que arrombasse a sua casa. Vós também, ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes”.

Então Pedro disse: “Senhor, tu contas esta parábola para nós ou para todos?”

E o Senhor respondeu: “Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa? Feliz o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! Em verdade eu vos digo: o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. Porém, se aquele empregado pensar: ‘Meu patrão está demorando’, e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos infiéis. Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes. Porém, o empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!”

Nosso Senhor nos fala, no Evangelho deste domingo, acerca do tesouro que devemos ter no coração. Mais uma vez, o evangelista São Lucas repete a ideia central da pregação de Cristo, a respeito da preeminência do mundo sobrenatural frente ao mundo material. Este último não pode dar a segurança que os homens precisam para viver em paz. É preciso outro fundamento, “um tesouro no céu que não se acabe”, pois “ali o ladrão não chega nem a traça corrói”.

O Evangelho segundo São Lucas foi escrito por volta do ano 67, durante a perseguição de Nero aos cristãos, quando estes ainda eram um “pequenino rebanho”. Por isso, o texto sagrado recorda as palavras do Senhor, com as quais Ele anima a Igreja a permanecer firme na fé: “Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino”. Tais palavras não perderam a sua atualidade, dada a crescente perseguição que a fé católica enfrenta nos dias de hoje. Jesus também nos pede coragem.

Numa época de grandes tribulações, é natural que as pessoas busquem algo em que se agarrar. Todos precisamos de um fundamento. Mas esse fundamento, para ser realmente seguro, deve ser uma rocha firme, uma coisa que não passe ao sabor do vento. Não pode, portanto, ser um bem material (dinheiro, cargo, beleza ou pessoa). Deve ser, em vez disso, uma ὑπόστασις (hypóstasis), ou seja, aquilo que os médicos gregos diziam ser o fundamento ou sustento de nossos quadris para o reto caminhar.

Na Carta aos Hebreus, o autor sagrado fala desse fundamento como sendo a virtude da fé: “A fé é ὑπόστασις daquilo que ainda se espera” (cf. tradução da CNBB). De fato, a fé que nos leva ao batismo gera, depois, em nós um estado de graça, ao qual chamamos graça santificante. Essa graça, por sua vez, planta em nós um tesouro, uma realidade sobrenatural que nos coloca na posse do Reino dos Céus já aqui nesta terra. Em outras palavras, ela já nos faz possuir as coisas que ainda esperamos (rerum sperandarum).

Os santos fizeram a experiência dessa realidade e são, hoje, um testemunho eloquente de que o Reino de Deus está, de fato, no meio de nós. Se nos dispusermos a seguir os seus passos, também viveremos a experiência da inabitação trinitária, tendo a própria Trindade Santíssima como hóspede de nossas almas, pois a fé teologal atrai o fundamento da nossa existência ao nosso coração. E, pouco a pouco, poderemos crescer em santidade, em amizade com Deus, até nos tornarmos santos como o Pai é santo.

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