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Texto do episódio
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Ao curar um homem com a mão seca, num dia de sábado (cf. Lc 6, 6-11), Jesus expõe a hipocrisia dos fariseus, que queriam encontrar um motivo qualquer para acusá-lo: “Eu vos pergunto: O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca?” (v. 9). O Senhor nos coloca, portanto, diante de uma importante questão: o que é o bem e o mal?

É importante termos clareza sobre esses conceitos, porque hoje as pessoas perderam a noção do bem e do mal. É comum que não se enxergue mais a malícia e a maldade dos próprios pecados. Mesmo aqueles que realizam as piores coisas acabam dizendo: “Mas eu não fiz por mal!”

O que impede, porém, que enxerguemos o que é bem ou mal é a falta de uma noção bastante importante: existe uma ordem em nossos amores — se colocamos algo que devia estar abaixo acima de outra coisa mais elevada, então realizamos o mal.

Recorramos a um exemplo para entender melhor essa ordem no amor: quando um assaltante, com um pistola na mão, surpreende alguém e ameaça: “A carteira ou a vida!”, evidentemente a vítima dá preferência à vida. Então, qualquer um em sã consciência compreende que convém antes amar a vida do que amar a carteira. Existe uma ordem: a carteira com dinheiro é claramente um bem, mas a vida é um bem maior.

Estendamos agora o exemplo a uma situação absurda: imagine que uma quadrilha de assaltantes entre na casa de uma família, faça a mulher de refém e ameace seu marido: “Enquanto a sua mulher fica aqui como refém, você vai ao banco retirar todo o seu dinheiro e trazer para nós. Vai dizer onde estão todas as suas coisas de valor para levarmos, senão matamos ela!”. Mas o marido responde: “Ah! Quer saber? Não tem problema. Eu trabalhei minha vida inteira para guardar esse dinheiro, e essa mulher só me dá dor de cabeça, nosso relacionamento já está desgastado mesmo… não me importo. Pode matá-la!” Naturalmente enxergamos a maldade que existe aqui!

Por mais que o marido não ame mais a mulher, é uma vida humana com valor muito superior ao de qualquer bem material. Quem prefere estes à da vida de sua esposa é uma pessoa inegavelmente má.

A maldade, então, consiste no seguinte: algo que deveríamos amar mais é menos amado do que aquilo que deveríamos amar menos, dentro dessa hierarquia dos bens.

Imagine agora que eu receba no confessionário alguém que, para salvar seu emprego, se dispôs a cometer uma desonestidade. Eu então questiono a pessoa se ela não percebe que pecou, mas recebo como resposta: “Padre, eu não fiz por mal! Eu só precisava salvar o meu emprego.” E aqui chegamos a algo fundamental para compreendermos melhor essa desordem dos bens: nem mesmo Satanás faz algo “por mal”. Ao estudar esse problema, Santo Tomás de Aquino nos diz que é impossível uma vontade — até mesmo a do Diabo — querer o “mal pelo mal”. As pessoas acabam querendo o mal sob o aspecto de bem.

Quando Satanás revolta-se contra Deus, ele quer o mal — mas não pelo mal —, mas porque ele olha para si mesmo e a sua glória sob o aspecto de bem. O diabo quer um bem desordenado: ele deveria querer a glória de Deus, mas quer, em primeiro lugar, a glória de si próprio. Uma vontade não pode querer um mal, uma vontade sempre quer alcançar um bem — ainda que um bem errado, fora de ordem (e, portanto, um mal).

Então, quem diz que vai ser desonesto, trapacear, mentir e se corromper para salvar seu emprego, pode até dizer que não fez por mal. No entanto, essas coisas ficam claras para nós somente quando alguém, por exemplo, chega ao extremo de “vender a mãe” para salvar o emprego. Qualquer um entende que, nesse caso, se estaria trocando algo muito valioso por um motivo baixo, vil, transitório.

Quando, portanto, no emprego somos injustamente obrigados a fazer o mal, a prejudicar outras pessoas, temos de compreender que existe um bem maior — a justiça — e não podemos nós mesmos ser injustos para salvar o emprego. Quem não vê a maldade nessa situação, é porque perdeu a noção do bem e do mal.

Imagine que acontecesse — Deus nos livre, dói até mesmo o simples pensamento — de nós estarmos na Igreja adorando o Santíssimo Sacramento, exposto no ostensório sobre o altar. Neste momento, um assaltante invade o templo querendo roubar o ostensório, pensando ser de ouro maciço. Porém, instigado por Satanás, antes de levar o ostensório, ele tira a Hóstia lá de dentro, joga-a no chão e, encostando um revólver na sua cabeça, ameaça: “Cuspa agora na Hóstia, diga ‘Jesus, eu te odeio!’ e pise em cima dela, senão te mato!” E aí? “Mas, padre, eu não pisei por maldade, só queria salvar a minha vida…” Ora, mas você está disposto a tudo para salvar a sua vida? Então você é mau!

Ainda nessas situações extremas: um louco assassino invade a casa de uma família qualquer e coloca na parede, de um lado, a mulher e os filhos; e, do outro, o marido. O criminoso então pede a este que escolha quem deve morrer: ele ou a mulher e os filhos. Se esse pai escolhe salvar a própria vida, então escolhe o mal. 

Percebam que estou dando vários exemplos para que vejamos com mais clareza onde é que está a maldade das coisas que fazemos. As pessoas perderam a noção do mal porque perderam a noção de hierarquia dos bens e valores.

Deus, naturalmente, é o Sumo Bem — como está claro no Primeiro Mandamento: “Adorar somente a Deus e amá-lo sobre todas as coisas.” Depois, quando a Tábua da Lei começa a tratar de deveres para com o próximo, diz que devemos “Honrar pai e mãe”: devemos então ter uma piedade filial — e não somente com os pais, mas também com a nossa pátria e superiores (na escola e trabalho, por exemplo); mas aqui já vemos claramente que há uma hierarquia: é evidente que devo preferir Deus a meus pais. Por exemplo, temos o dever para com aquilo que é a nossa vocação: se nossos pais são contra essa vocação, devemos nos lembrar de que esta é um dever divino — portanto, será preciso, nesse caso, desobedecer aos pais para não contrariar a vontade de Deus.

Quando a vocação de um homem é constituir família, ele tem de dar prioridade à sua mulher e filhos. Entre a vida do homem e a dos membros de sua família, há uma hierarquia: o homem deve dar sua vida por eles, pois este é o seu papel. Mas entre a vida deste mesmo homem e seu emprego, seu dinheiro, ele deve claramente preferir o primeiro bem. Precisamos conhecer, meditar e estar cientes dessa hierarquia.

Há uma dificuldade, porém: o mundo moderno ensina a maldade e a malícia. Os nossos filhos estão sendo educados, desde pequenos, pelos “catequistas de Satanás”, até mesmo na escola. São pessoas que dizem a eles: “Seu pais não deixam você fazer suas vontades e seus caprichos? Denuncie-os! Faça um B.O. na delegacia contra seus pais!”

Eis a hierarquia que estão ensinando aos nossos filhos: “Em primeiro lugar, eu e minhas vontades.” Há alguém impedindo que essa vontade seja feita? Deve ser detido, não importa quem for”. Lembremo-nos da lei suprema de Satanás, que subverte a lei de Deus: “Seja feita a minha vontade, assim na terra como no céu.”

Os jovens, portanto, estão sendo treinados para que, diante de qualquer constrangimento à sua vontade, acusem imediatamente aqueles que se opõem às suas atitudes e escolhas como maus, preconceituosos ou ofensivos. Aprendem que, se desejam usar drogas, cometer atos sexuais ilícitos, fazer seus próprios caprichos e veleidades, e há uma instituição como a Igreja Católica perturbando seus desejos, então ela é “medieval”, julgadora.

Aqueles que são da minha época devem se lembrar de uma diferença fundamental: quando frequentávamos a escola, alguns professores podiam até nem ter uma vida de prática cristã, mas havia pelo menos uma admiração pelo cristianismo como “bússola moral” da sociedade. Então, quando esses professores viam que havíamos feito algo de errado, nos questionavam: “Mas você não é cristão? Que coração de pedra! O seu coração não é um coração cristão!” Hoje, porém, há um número enorme de professores que estão ensinando aos seus filhos que o cristianismo é mau.

Ensinam, por exemplo, que se um aluno tiver algum problema e os pais o levarem a um conselheiro cristão — seja um padre ou um psicólogo —, esta pessoa não irá compreender aquele jovem, mas “julgá-lo preconceituosamente”. Eu mesmo já ouvi um relato como esse dos pais de uma criança. O garoto, que estava entrando na puberdade, disse para os pais: “Não me levem em uma pessoa cristã para me aconselhar porque ela não vai me entender, mas vai me julgar.” Importante ressaltar que era uma criança educada na Igreja Católica: havia feito catequese e Primeira Comunhão, frequentava a Missa todo domingo com os pais.

A questão é: onde aquele menino havia aprendido aquilo que disse? Certamente, não foi algo inventado de sua própria cabeça, mas ele aprendeu aquilo em algum lugar. E o que ele aprendeu? Ora, o princípio da malícia e da desordem: a minha vontade em primeiro lugar, e quem vier perturbar a minha consciência é intolerante, julgador. 

O que essa cultura moderna não compreende, porém, é que julgar atitudes é diferente de julgar pessoas. Afinal, quem vai nos julgar é Deus no Juízo Particular, e aqueles que parecem estar indo para o Inferno precisam ser alertados. Em todo caso, não seremos nós que mandaremos qualquer pessoa para o Inferno, mas suas próprias escolhas, com a sentença final de Deus, que virá julgar os vivos e os mortos.

Simplificando toda a equação: seremos julgados pelos nossos amores. Se dispusermos esses amores de forma que os bens maiores — principalmente Deus, o Sumo Bem — sejam descartados em favor de bens menores, então estaremos fazendo o mal. Aqueles que não enxergam isso precisam ser alertados de que passaram dos limites, pois sua consciência moral está amortecida. Eis o motivo pelo qual Jesus perturba os fariseus no Evangelho supracitado: é preciso voltar para a realidade, onde há uma hierarquia entre todas as coisas, e isso é algo que os fariseus perderam. 

Há um homem com a mão seca, sofrendo há anos; mas, para a observância do sábado, Jesus não pode fazer caridade. Aqueles doutores da lei se esqueceram, no entanto, que a lei da caridade é maior do que a lei do sábado. Aliás, a caridade é a alma da lei do sábado, sem a qual esta perde a razão de ser. Mas o que os fariseus fazem, satanicamente? Ficam com raiva de Jesus, que está colocando as coisas em seus devidos lugares.

Consideremos hoje, portanto, essa verdade, e façamos novamente o nosso exame de consciência. Como estamos educando a nossa consciência moral? Lembrando que a consciência é simplesmente a inteligência — não existe um órgão, uma faculdade diferente na alma, esta possui a inteligência, que pode julgar na prática da vida qual é a hierarquia que estamos dando às coisas. E quando estamos preferindo os nossos caprichos e jogando fora bens superiores, quando não estamos pagando o preço do bem por preferir nossa própria vontade e caprichos, então estamos fazendo maldades.

Rezemos por nossas famílias, que estão se desfazendo e se desestruturando porque as pessoas estão preferindo caprichos e jogando fora um bem superior: a própria família. Oremos por todas as pessoas que estão preferindo bens menores, destruindo, assim, a si mesmas. Precisamos, urgentemente, colocar em ordem os bens, com a consciência de que a maldade está em querer os bem errados, ou querer os menores em detrimento dos maiores.

Vamos refletir! Despertemos a consciência moral, observando que as pessoas estão ficando más, ainda que não percebam o porquê. Coloquemos tudo isso no altar de Deus.

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