Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 12, 54-59)

Naquele tempo, Jesus dizia às multidões: “Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva. E assim acontece. Quando sentis soprar o vento do sul, logo dizeis que vai fazer calor. E assim acontece. Hipócritas! Vós sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis interpretar o tempo presente? Por que não julgais por vós mesmos o que é justo?
Quando, pois, tu vais com o teu adversário apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto estais a caminho. Senão ele te levará ao juiz, o juiz te entregará ao guarda, e o guarda te jogará na cadeia. Eu te digo: daí tu não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.

Hoje, no Evangelho de São Lucas, Jesus nos fala da importância de examinarmos os sinais do tempo presente. São Mateus usa uma outra expressão que ficou mais popular: “sinais dos tempos”, porque existe um kairós, um tempo oportuno, em que poderemos colher frutos maduros se escolhermos o caminho da salvação.

Para interpretarmos verdadeiramente este Evangelho, é necessário percebermos que Jesus não está falando aos seus discípulos ou à Igreja, mas às pessoas não crentes. Nosso Senhor lhes diz que estão sendo hipócritas, pois possuem inteligência e receberam vários sinais, como os milagres, a sublimidade da pregação e a realização das profecias previstas no Antigo Testamento, que são o suficiente para compreenderem quem Ele é. No entanto, nem mesmo essa conjunção de fatores as levam a abraçar a fé, porque elas não desejam mudar de vida. Jesus, então, conclui o Evangelho falando do adversário que nos apresenta ao juízo. Ou seja, agora é o tempo da conversão, porque depois virá o juiz que, vendo nossa recorrência no erro, irá nos colocar na prisão. Por isso, diante de tantos sinais, devemos urgentemente crer em Cristo e mudar nossas vidas por amor a Ele. 

Examinemos o nosso dia a dia. Quantas vezes Deus já mostrou que estava nos visitando? Quantas vezes Ele nos tocou e nos deu a oportunidade de deixarmos os nossos pecados, fazendo com que nos tornássemos verdadeiros cristãos, amando a Deus de todo o coração? 

Uma das coisas que mais se sobressai, entre os sinais dos tempos, é a caducidade deste mundo. O tempo cronológico inexoravelmente vai passando, e as pessoas vão desperdiçando a graça da conversão por causa das realidades mundanas que, depois, apodrecem e tornam-se pó. Como Santo Agostinho dizia: “Tenho medo do Deus que passa e não volta mais”. É essa frase dramática que devemos ter presente dentro de nós a todo momento.

Portanto, não sejamos hipócritas nem façamos ouvidos moucos à Palavra de Deus, como se não estivéssemos vendo os sinais de Cristo, mas estejamos dispostos a deixar os prazeres deste mundo para amar somente o Único Necessário: Aquele que, apesar de nossas terríveis faltas, misericordiosamente nos deu a chance de estarmos um dia com Ele no Céu, se assim merecermos.