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Homilia Dominical
21 Out 2017 - 24:39

Dar a Deus o que é de Deus

“É lícito ou não pagar imposto a César?” Com esta pergunta, discípulos dos fariseus e partidários de Herodes se aproximam do Senhor, no Evangelho deste domingo, e põem-no à prova. Jesus Cristo, porém, percebendo a armadilha que lhe preparavam, dá uma resposta formidável: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Com isso, Ele nos ensina que “importa obedecer antes a Deus do que aos homens”.
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Homilia Dominical - 21 Out 2017 - 24:39

Dar a Deus o que é de Deus

“É lícito ou não pagar imposto a César?” Com esta pergunta, discípulos dos fariseus e partidários de Herodes se aproximam do Senhor, no Evangelho deste domingo, e põem-no à prova. Jesus Cristo, porém, percebendo a armadilha que lhe preparavam, dá uma resposta formidável: “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Com isso, Ele nos ensina que “importa obedecer antes a Deus do que aos homens”.
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 22, 15-21)

Naquele tempo, os fariseus fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra. Então mandaram os seus discípulos, junto com alguns do partido de Herodes, para dizerem a Jesus: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências. Dize-nos, pois, o que pensas: É lícito ou não pagar imposto a César?” Jesus percebeu a maldade deles e disse: “Hipócritas! Por que me preparais uma armadilha? Mostrai-me a moeda do imposto!” Levaram-lhe então a moeda. E Jesus disse: “De quem é a figura e a inscrição desta moeda?” Eles responderam: “De César”. Jesus então lhes disse: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.

Estamos acompanhando, nas últimas semanas, a polêmica entre Jesus e os fariseus, estes com o coração cada vez mais fechado, Aquele ainda decidido a salvar as almas. O Evangelho deste domingo, por sua vez, nos coloca diante da armadilha que os doutores da lei, acompanhados por alguns partidários de Herodes, preparam para apanhar Jesus e, assim, indispô-lo ou com os judeus ou com os romanos. Depois de hipocritamente lhe dirigirem alguns elogios — “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não te deixas influenciar pela opinião dos outros, pois não julgas um homem pelas aparências” (v. 16) —, os fariseus fazem então a seguinte pergunta: “É lícito ou não pagar imposto a César?”

Jesus, que conhecia bem o contexto social e político de sua época, percebe o embuste e trata logo de desmascará-lo publicamente.

Desde o ano 700 a.C., os judeus padeciam sob o jugo de alguma nação estrangeira: assírios, babilônios e, finalmente, os romanos. Era, portanto, mais do que justificável que os israelitas nutrissem repúdio pelo Império Romano e, obviamente, por aqueles que o ajudavam na cobrança dos impostos, como era o caso dos publicanos. Neste sentido, a pergunta que os fariseus fazem a Jesus não tem outro intuito senão colocá-lo em uma situação perigosa, seja com relação aos judeus, seja com relação aos romanos. Sem deixar de condenar a malícia dos que o haviam confrontado, Jesus responde de maneira surpreendente: “Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (v. 21).

A resposta de Cristo, além de pôr fim à polêmica com os fariseus, revela os limites da obediência temporal aos poderes políticos. De fato, o único ser a quem o homem deve prestar obediência irrestrita é Deus. Foi baseado nesse mesmo ensinamento que São Pedro respondeu às autoridades que tentavam impedi-lo de pregar em Jerusalém que “importa obedecer antes a Deus do que aos homens” (At 5, 29). Há sempre uma condição para que um povo seja obediente a um governante: a obediência desse mesmo governante às leis divinas. Caso essa obediência não exista, é obrigação do povo ser desobediente.

Para o Império Romano, a doutrina cristã sobre esse assunto foi uma verdadeira afronta, porque punha em xeque toda a ideologia idolátrica ao redor da figura de César. Roma se fundou a partir de uma ideologia pagã, que englobava todos os deuses das nações conquistadas pelo império. Os ídolos eram reunidos no Panteão, um templo dedicado às mais variadas entidades, onde os súditos do imperador deviam prestar suas homenagens. A pregação cristã, porém, rompeu com esse preceito e, colocando Jesus como único Deus digno de adoração, libertou os cidadãos das demais obrigações com as leis pagãs de Roma.

Ao longo dos séculos, gerações inteiras de cristãos se dispuseram a morrer para não obedecer às leis pagãs das autoridades civis. Nos dias de hoje, essa disposição se renova à medida que surge uma nova tentativa de paganização da sociedade, tentativa que se mostra cada vez mais hostil e decidida a acabar com o cristianismo.

O caso da ideologia de gênero é um bom exemplo. Alicerçada na pretensa ideia de um poder global que substitua as soberanias e coloque todos de joelhos aos seus relatórios, a Organização das Nações Unidas (ONU) tem se dedicado intensamente à tarefa de mudar o conceito de família e, através disso, reorientar a educação. Para cumprir essa meta, a mesma ONU encontrou na chamada “ideologia de gênero” um aliado forte, cujo fim último é confundir as pessoas acerca do real sentido da sexualidade humana. Isso explica por que estamos assistindo a tantos movimentos violando a dignidade das crianças e incentivando-as a escolhas sobre preferência sexual, coisa que nenhum ser humano dessa idade é capaz de fazer. E aqueles que se opõem a essas violações são chamados de preconceituosos.

Quando houve a polêmica do “kit gay” — um conjunto de artigos, livros e vídeos produzidos pelo MEC cujo objetivo era doutrinar os estudantes para a causa LGBT —, o governo foi obrigado a cancelar a sua distribuição diante da pressão popular que se formou contra o programa. A ONU, por outro lado, não só se posicionou a favor do programa, como recomendou a sua distribuição pelo MEC.

Não é preciso muito esforço para perceber que os cristãos estão na mira do movimento globalista, por constituírem a única resistência firme aos seus projetos. O que fazer então?

Precisamos, antes de tudo, pedir a Deus a graça da fidelidade. Temos de ser dignos dos mesmos elogios que Jesus recebeu dos fariseus — ainda que eles o tenham feito de forma leviana. Devemos estar dispostos ao martírio, às vaias, às perseguições, ao isolamento, pois, como dizia São Pedro, convém antes obedecer a Deus que aos homens. E só seremos capazes disso se, confiando na providência divina, pedirmos incessantemente, como na prece de Santo Agostinho, que Ele nos conceda o que ordena. Da quod iubes et iube quod vis: “Dai-nos, Senhor, o que ordenais, e ordenai o que quiserdes!” Amém.

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