Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 5, 17-19)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. Em verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra. Portanto, quem desobedecer a um só desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será considerado grande no Reino dos Céus”.
O Evangelho de hoje nos fala da obediência aos Mandamentos de Deus. O próprio Jesus disse na Última Ceia: “Vós sois meus amigos se seguirdes os meus preceitos”, ou seja, se observardes os Mandamentos. Afinal, como seríamos amigos de Deus se não cumpríssimos sua vontade? O que acontece, porém, é que existe no mundo atual toda uma linguagem contrária à obediência. É como se o mundo dissesse: “Deus promulgou os Mandamentos; mas hoje já estão abolidos. Não faz mais falta obedecer às leis de Deus porque Deus é amor e misericórdia”. Lembremos uma coisa básica. Na aclamação ao Evangelho de hoje prevista no lecionário, entoa-se um versículo do evangelho de S. João, capítulo 6, que põe na boca de S. Pedro estas palavras dirigidas a Jesus: “Só tu tens palavras de vida eterna”. Jesus nos deu preceitos e uma palavra na qual devemos caminhar porque Ele quer nos dar vida, e a vida eterna: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. Trata-se da vida de Deus, vida que só teremos se seguirmos os Mandamentos. Deus está bondosamente, amorosamente nos avisando que a rebeldia contra a sua Lei tem por salário a morte eterna. Um pai que educa o filhinho pequeno lhe diz com todo o amor: “Meu filho, não faça isso porque você vai se machucar. Meu filho, não faça isso porque é perigoso”. Foi o que Deus disse a Adão e Eva no paraíso. O Senhor deixara os primeiros pais livres no paraíso terrestre para comer de qualquer fruto, de qualquer árvore, exceto de uma. Ele disse: “Dessa aqui vós não podeis comer porque contém veneno espiritual. Vós morreríeis, e de morte eterna”. Mas veio a serpente, o primeiro “exegeta modernista”, dar-lhes o “sentido” das palavras de Deus. “Não! Como morreríeis?” — diria uma serpente do séc. XXI — “Isso é uma figura de linguagem. É preciso pôr em contexto o que Deus disse. Esse Mandamento valia há dois mil anos, mas agora não é bem assim. Nos dias de hoje, Jesus diria outra coisa. Nos dias de hoje, S. Pedro ensinaria outra coisa. Nos dias de hoje, é diferente: por exemplo, dois mil anos atrás, adultério era pecado, mas agora os tempos são outros, e as coisas já não são bem assim…”. Pronto, está feito o trabalho da serpente: distorçamos as palavras de Deus e provoquemos desobediência! Não, Deus nos deu os dez Mandamentos porque são palavras de vida. Isso quer dizer que agir contra os dez Mandamentos é pecar mortalmente. Ora, que quer dizer “mortal”? Quer dizer algo que traz morte: primeiro, traz a morte da alma já aqui neste mundo, porque se perde o estado de graça e morre a caridade que se deveria ter; segundo, quem morre nesse estado vai para o inferno para sempre. Satanás não tem outra missão, ele tem tempo, está à espera de que desobedeçamos e finalmente morramos em pecado mortal. Para não sairmos do pecado mortal, o que o diabo pode fazer? A melhor coisa que ele pode fazer é convencer-nos de que algo “não é pecado”. É isso o que ele diz desde o início, é isso o que ele disse a Eva e é isso o que ele continua a dizer hoje com artimanhas diferentes. E nós? Em quem vamos acreditar? No pai da mentira, ou na palavra de Jesus, na única interpretação autêntica da Palavra de Deus, que está na Igreja de dois mil anos? Passaram já dois milênios, e desde sempre as pessoas têm dificuldade de seguir os Mandamentos. Quando Jesus disse: “O que Deus uniu, o homem não separe”, qual foi a reação de seus ouvintes imediatos, dois mil anos atrás? “Se é assim, é melhor não casar”. Não é a mesma reação de hoje? A lei de Deus sobre a fidelidade matrimonial era pesada desde o início, mas por causa da dureza dos corações: “Não era assim no começo, mas por causa da dureza do vosso coração”, disse Jesus. E então? Vamos ouvir a Jesus ou a serpente? “Só tu tens palavras de vida eterna, Senhor” (Jo 6, 68), responde por nós S. Pedro. Só as palavras de Cristo são espírito e vida! Obedeçamos e ouçamos o Senhor. Ele veio do céu para nos levar para o céu; existem espíritos neste mundo que vieram do inferno para nos levar para o inferno. Que Deus nos livre dessa miséria!
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