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Homilia Dominical
4 Fev 2016 - 27:05

Do mar, Jesus pesca os que estão na terra

O Evangelho deste domingo que antecede a Quarta-feira de Cinzas relata, com importantes detalhes, o episódio da vocação e "primeira conversão" de São Pedro. Nele, é possível identificar três etapas, que devem constituir também o nosso itinerário espiritual: primeiro, a pregação; depois, a fé; e, por fim, a humildade.
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Homilia Dominical - 4 Fev 2016 - 27:05

Do mar, Jesus pesca os que estão na terra

O Evangelho deste domingo que antecede a Quarta-feira de Cinzas relata, com importantes detalhes, o episódio da vocação e "primeira conversão" de São Pedro. Nele, é possível identificar três etapas, que devem constituir também o nosso itinerário espiritual: primeiro, a pregação; depois, a fé; e, por fim, a humildade.
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc
5, 1-11)

Naquele tempo, Jesus estava na margem do lago de Genesaré, e a multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus.

Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago. Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes.

Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões.

Quando acabou de falar, disse a Simão: "Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca".

Simão respondeu: "Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes".

Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que viessem ajudá-los. Eles vieram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem.

Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: "Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!"

É que o espanto se apoderara de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer.

Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Jesus, porém, disse a Simão: "Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens".

Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus.

*

O Evangelho deste domingo que antecede a Quarta-feira de Cinzas relata, com detalhes, o episódio da vocação e "primeira conversão" de São Pedro Apóstolo. Nele, é possível identificar três etapas, que devem constituir também o nosso itinerário espiritual: primeiro, a pregação; depois, a ; e, por fim, a humildade.

1. A multidão que se apertava ao redor de Cristo "para ouvir a palavra de Deus" (v. 1) ilustra o anseio das pessoas pela verdade divina: antes mesmo de ouvirem a revelação externa de Deus, Ele mesmo já as move interiormente a Si, por meio de uma palavra interna (verbum interius). Longe de ser uma realidade subjetiva, essa palavra é do mesmo Verbo que se fez carne e que, com Sua graça, chama todos à conversão e à mudança de vida.

"Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões." (v. 3) O povo se entusiasmava com as palavras do Senhor e, reunido na terra, era pescado por Aquele que estava no mar: "Existens in mari piscatur existentes in terra" [1]. Assim como o pescador usa a isca para tirar os peixes de seu ambiente e colocá-los em um outro lugar, Cristo toma os homens com Suas "palavras de vida eterna" (Jo 6, 69) e os introduz na participação em Sua própria natureza divina (cf. 2 Pd 1, 4).

2. Quem quer que passe pelo fascínio do "primeiro amor" (Ap 2, 4), no entanto, é chamado a solidificar a sua fé e avançar "para águas mais profundas" (v. 4). Para tanto, é imprescindível ter vida de oração, estar em constante contato com o Senhor: é Ele quem indica, afinal, o que fazer e onde lançar as redes.

3. Cabe a nós, simples e humildemente, obedecer. Mesmo tendo trabalhado a noite inteira sem nada conseguir, Simão é humilde e diz: "Em atenção à tua palavra, vou lançar as redes" (v. 5). Santa Teresinha do Menino Jesus, doutora da Igreja, comentando essa passagem, explica:

"Sem Nosso Senhor, os apóstolos trabalharam a noite inteira e não pescaram peixe algum, mas o trabalho deles agradava a Jesus; Ele queria provar-lhes que só Ele pode dar-nos alguma coisa, queria que os apóstolos se humilhassem... 'Filhos, tendes alguma coisa para comer?'. 'Mestre, respondeu Pedro, afadigamo-nos toda a noite e nada apanhamos...'. Se eles tivessem apanhado alguns peixinhos, Jesus não teria talvez feito o milagre, mas nada tinham, por isso Jesus encheu as redes até quase rompê-las. Eis a índole de Jesus. Ele dá como um Deus, mas exige a humildade do coração..." [2]

Assim como as pelejas dos apóstolos, os trabalhos de quem reza e persiste, mesmo na aridez, muito agrada ao Senhor. Além da fé, no entanto, é preciso ter a humildade de reconhecer que, sem Ele, nada se pode fazer (cf. Jo 15, 5). Depois de começar a crescer, é preciso cuidar para que a soberba não vença a batalha final. São Pedro iniciou lançando as redes em atenção às palavras de Cristo e terminou aos seus pés, dizendo: "Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!" (v. 8); em Cesareia de Filipe, o mesmo Pedro confessou a divindade de Cristo (cf. Mt 16, 13-20), mas, logo depois, foi humilhado pelo Senhor, quando quis afastá-Lo de Sua cruz (cf. Mt 16, 21-23).

Não nos esqueçamos, portanto, da humildade, tão necessária no caminho rumo ao Céu. As práticas quaresmais – jejum, oração e esmola – são de grande auxílio para o exercício dessa virtude. Feitas na presença de Deus, elas também fortalecem a nossa fé e permitem que sejamos definitivamente pescados por Deus, assim como os santos que nos precederam nesta grande "pesca milagrosa" que é a obra divina da salvação.

Referências

  1. São João Crisóstomo apud Catena Aurea in Lucam, 5, 1.
  2. Carta 161, para Celina (26 de abril de 1894). In: TERESA DO MENINO JESUS E DA SAGRADA FACE. Obras Completas. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2001, p. 496.
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