Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 21, 1-4)

Levantando os olhos, Jesus viu que os ricos depositavam as suas ofertas no cofre do Templo. Viu também uma pobre viúva que colocava ali duas moedas de cobre. Então ele disse: “Eu vos asseguro: esta pobre viúva deu mais do que todos os outros. Pois todos aqueles deram do que lhes sobrava, mas esta deu, da sua indigência, tudo o que lhe ficava para viver”.

Hoje, o Evangelho mostra-nos uma pobre viúva que, embora nada tenha, oferece o seu tudo a Deus, na forma de uma pequena esmola depositada no gazofilácio. O Senhor, que é o nosso tudo, quer que nos entreguemos a Ele por inteiro, sem que nos dividamos entre esta ou aquela criatura, entre este ou aquele afeto terreno. É preciso, como escreveu S. Teresa d’Ávila às suas monjas, “darse del todo al Todo, sin hacernos partes”. O homem, com efeito, é como um “pedaço” de gente, interiormente dividido, longe de si mesmo, muitas vezes esquecido de quem o fez, quase sempre submetido ao que deveria sujeitar a si. Queremos, sim, entregar-nos a Deus, mas a nossa intimidade, fragmentada e dispersa, leva-nos a amar o que não deveríamos. Vivemos agoniados, numa constante luta com nós mesmos. Somos arrastados, ora pelas paixões, ora pelo orgulho, ora pela vaidade, sempre pelo egoísmo. Eis porque, ao presenciar o gesto daquela viúva, o Senhor, a cujos olhos está descoberto o mais secreto dos corações, elogia-lhe a entrega sem reservas: “Eu vos asseguro: esta pobre viúva deu mais do que todos os outros. Pois todos aqueles deram do que lhes sobrava, mas esta deu, da sua indigência, tudo o que lhe ficava para viver”. Que o exemplo desta mulher, pobre segundo o juízo da carne, mas rica e feliz segundo os critérios de Deus, nos faça invocar hoje nossa Mãe SS., para lhe pedirmos a graça do desapego de todo afeto mundano e de nos entregarmos inteiramente a Cristo, nossa maior riqueza, com um coração puro e indiviso.