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Texto do episódio
10

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 5,1-12a)

Naquele tempo, Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los:

“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus.”


Neste domingo, vamos refletir a respeito de uma das páginas mais belas e mais conhecidas do Evangelho. É o início do Sermão da Montanha. Jesus sobe a montanha como aquele que tinha sido prometido por Moisés.

No Antigo Testamento, Moisés foi o maior de todos os profetas, o amigo de Deus, aquele que viu a Deus quase face a face. Ora, Moisés, no Deuteronômio, promete: “Virá um profeta como eu”. O povo de Israel esperava que viesse um novo Moisés.

E o que Deus fez? Deus não mandou um novo Moisés, mandou muito mais; mandou o próprio Filho, que contempla o Pai face a face no Céu. Agora é Ele quem vai falar. Como Moisés, que subiu a montanha e desceu com a Lei, de rosto resplandecente, Jesus sobe a montanha mais uma vez, para nos dar uma nova Lei; mas agora Ele não está somente de rosto resplandecente, Ele é o próprio Deus que se fez homem.

Vamos, com esse espírito, nos aproximar e fazer parte daquela multidão que sobe a montanha com Jesus. Assim começa o Evangelho: “Naquele tempo, vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se”. Esse versículo parece ingênuo, inofensivo, anódino; mas se você for ler de verdade o Evangelho, precisa entender que, quando Jesus viu as multidões, Ele estava vendo você. Se você não enxergar isso, não vai conseguir ler o Evangelho do jeito que deve ser lido. Quando Jesus subiu a montanha e viu aquele povo que vinha atrás dele também subindo a montanha, Ele viu você.

Ao contrário de Moisés, Jesus não sobe a montanha sozinho. É interessante isso. No Antigo Testamento, Moisés subiu a montanha e disse: “Quem se aproximar da montanha vai morrer”, ou seja, quem subir a montanha vai morrer. Pois bem, Jesus não faz isso. Jesus sobe a montanha com uma multidão. E você está lá, no Coração de Jesus. Jesus está vendo você. Jesus viu a multidão, “subiu ao monte e sentou-se”.

Essa realidade de estar sentado é a posição do mestre, posição de um doutor que vai ensinar. Quem fala sentado? Nós perdemos um pouco desse protocolo que havia antigamente, quando o professor ensinava sentado. Se você fosse dirigir-se ao professor, tinha de levantar a mão; ele dava permissão de falar, e só quando ele dava permissão é que você ficava de pé. Você não falava sentado com o professor! Você não é professor, não está ensinando. O aluno falava de pé, o professor falava sentado.

Pois bem, Jesus se sentou (καθίσαντος, kathísantos). Estou usando a palavra grega para lembrar a palavra “cátedra”. Jesus se sentou na cátedra como mestre, como quem ensina. Então, os discípulos vieram até Ele.

Ora, é interessante o semitismo do segundo versículo. (“Semitismo” quer dizer “jeito judaico” de falar. Nós, em português, jamais falaríamos assim, também um grego não iria dizer isso; é coisa de judeu.) “E Jesus, abrindo a boca, falou”. Nenhum de nós diria isso. Por acaso alguém falaria com a boca fechada?... Obviamente não.

Mas “Jesus, abrindo a boca, ensinava aos seus discípulos, dizendo”. É forma hebraica para “falar”, mas que soleniza o momento. Está todo o mundo pendente dos seus lábios agora, prestando atenção no que Ele vai dizer.

Como Jesus começa? Jesus começa pelo fim, ou seja, começa falando da felicidade, o fim último do homem. Jesus começa falando da felicidade que nós precisamos alcançar e iremos alcançar no Reino dos Céus. A primeira bem-aventurança de que Jesus fala é a menor de todas, mas poderíamos dizer que é ela que resume todas. Jesus diz: “Bem-aventurados os pobres em espírito porque deles é o Reino dos Céus”.

Jesus começa falando da felicidade. Nossa tradução diz “bem-aventurados”, de “bem-aventurança”; em latim, “beati”: “Beati pauperes spiritu, quoniam ipsorum est regnum cælorum”; no original grego: “Μακάριοι οἱ πτωχοὶ τῷ πνεύματι, ὅτι αὐτῶν ἐστιν ἡ βασιλεία τῶν οὐρανῶν”. Μακάριοι, felizes. Em literatura, chama-se isso de macarismo, frases que começam com “Bem-aventurado…” ou “Feliz…”.

Jesus proclama macarismos, bem-aventuranças, felicidades. Aqui se vê que é uma felicidade escondida aos olhos da carne. Por quê? Ora, quem são as pessoas que estão seguindo Jesus e subindo aquela montanha? Jesus não era seguido por príncipes. César, com toda a sua potência e esplendor, com o fausto de sua corte, estava em Roma. Herodes estava em seu palácio. Aqui, na montanha, quem saíra da cidade para seguir Jesus era gente que não tinha nada a perder.

Eram os pobres de Israel. Sim, pobres economicamente; mas todos nós, por mais que tenhamos recursos financeiros, todos nós fazemos parte destes pobres porque, diante de Deus, somos todos pobres. Jesus proclama a felicidade.

Jesus está vendo o que ninguém vê. Se você subir no alto da montanha deste mundo, o que você vai ver? Abra o olho e me descreva o que você vê do alto da montanha deste mundo. Nós vemos guerras. Há uma guerra que tem sido a mais famosa ultimamente, a da Ucrânia; mas há guerras no continente africano o tempo todo, há guerras que não são declaradas guerras, mas o são, por exemplo no Brasil. No Brasil, morrem todos os anos cinquenta mil pessoas assassinadas. Isso é mais do que a Guerra do Iraque!

O que você vê, quando sobe na montanha deste mundo, além de guerras? Injustiças, gente passando fome; pobres no lixão procurando o que comer, catando comida podre; mães que não têm comida que dar aos seus filhos… Isso está acontecendo hoje no mundo.

Ao mesmo tempo, há gente com recursos financeiros, mas de uma pobreza enorme espiritualmente. É gente cheia de dinheiro, mas em clínicas psiquiátricas, perdendo-se em drogas lícitas e ilícitas, procurando apaziguar o próprio cérebro agitado. O que nós vemos hoje? Suba na montanha do mundo, e você verá divórcios, famílias destruídas, pessoas a vingar-se umas das outras.

Do topo da colina em que você está, desse pedaço de mundo do qual você enxerga, o que você vê? Certamente, o que mais salta aos olhos, o que mais grita na realidade da humanidade, não são as felicidades. Jesus sobe a montanha e começa a falar… de felicidades!

O que o cético ou o crítico moderno diria? “Jesus, você é um alienado. Onde você vê felicidade nessa desgraça? Este mundo é uma piada de mau gosto”. Há tanta gente querendo tirar a vida para acabar com o sofrimento.

No confessionário se vê isso. Jovens, rapazes, moças… O padre até pensa: “Que problema tem essa pessoa? Não tem problema nenhum”; mas ela está pensando em se matar, está se cortando, chorando, não consegue dormir de noite, angustiada… Isso quer dizer o seguinte: a primeira coisa que nos cura ao nos aproximarmos do discurso de Jesus é o olhar dele. Jesus sobe a montanha e olha para o mundo, um mundo cheio de pecado e de miséria, um mundo de pobres… De todas as pobrezas que você quiser elencar — faça a lista das pobrezas que você quiser, pobreza da guerra, pobreza da violência, pobreza de não ter família, pobreza de não ter afeto, pobreza de não ter destino, pobreza de não ter sentido na vida, pobreza do vazio interior, pobreza do pecado, pobreza do egoísmo… —, seja a pobreza que você imaginar. Mas Jesus olha para essa miséria, e a primeira palavra que Ele é capaz de dizer é: “Felizes!”

Há alguma coisa que Ele está vendo que nós não estamos vendo. É a conclusão mais óbvia. Há alguma coisa que Jesus vê que ninguém está vendo. O que Jesus está vendo de felicidade nessa miséria? Por quê? Porque, se nós fôssemos Deus que veio ao mundo, tudo seria diferente. Nós não iríamos subir na montanha do mundo, olhar para a miséria ao redor e dizer: “Felizes!” Não. Nós iríamos descer às baixezas do mundo e, com vara de condão, fazer a felicidade. Iríamos dizer: “Ah, você não tem dinheiro? Tome aqui dinheiro”, ou “Você não tem saúde? Fique curado”.

Se nós fôssemos Deus, essa seria a cabeça (“mágica”) da maior parte das pessoas. Mas é muita soberba você querer dar conselhos a Deus: “Se eu fosse Deus, faria de outro jeito; se eu fosse Deus, não haveria desse negócio de ‘abraça a cruz e segue-me’; se eu fosse Deus, pegava a cruz e a jogava no inferno”.

Pois bem, Jesus enxerga uma felicidade que nós, seres humanos, não enxergamos. Aqui está a nossa primeira pobreza. A primeira pobreza que Jesus quer curar em nós é a da falta de olhar espiritual. Jesus é feliz no Céu. Ele é um da Santíssima Trindade. Ele é o Filho, que participa da felicidade do Pai, participa da felicidade do Espírito Santo, da bem-aventurança eterna, e, mesmo assim, veio nos visitar neste mundo de dores. A felicidade veio nos visitar! A felicidade veio a nós.

A felicidade não é um ideal abstrato, a felicidade não é um ente no mundo platônico das ideias, no hiperurânio. A felicidade veio aqui. A felicidade nasceu. Nós acabamos de festejar o Natal. Um mês atrás, nós estávamos festejando o Natal: a felicidade veio até nós. Sim, Ele veio trazer a felicidade, mas a felicidade só será alcançada por aqueles que forem pobres em espírito. Pobres todos o somos, de algum jeito, de alguma maneira; mas Jesus proclama bem-aventurados os pobres em espírito.

Como se explica isso em português para você entender? O que quer dizer esse “οἱ πτωχοὶ τῷ πνεύματι”? Os pobres em espírito, pobres de espírito, quer dizer o seguinte. Você reconhece que a fonte de riqueza não está em você. Essa é a primeira coisa. A fonte de riqueza é outro.

O que se vê na humanidade desesperada? Jesus vê na humanidade desesperada seres humanos ricos porque acham que a felicidade está ao alcance da mão: “Vamos fazer nós a felicidade”. Então, os banqueiros dizem: “Venham, emprestem dinheiro que vocês, tendo dinheiro, terão felicidade”. O que fazem os capitalistas? Pegam dinheiro e dizem: “Vamos lá, multiplicar riquezas e ser ricos!” O que fazem os trabalhadores e os proletários? Dizem: “Não, não queremos que vocês sejam ricos, empresários! Dividam conosco o pedaço do bolo. Nós queremos ter também. Dividam as coisas. Vamos ser iguais”.

A humanidade briga. As brigas entre banqueiros capitalistas e proletários, acontecem em casa também. Quantas famílias se destroem quando abrem o inventário do pai ou da mãe que morreu! É uma tragédia. O mundo diz a você: “Olhe, você pode ser feliz. Lute! Brigue! Mordamo-nos uns aos outros, devoremo-nos uns aos outros, e seremos felizes”.

Jesus está vendo outra coisa. Ele vê o seguinte: você não dá conta de fazer a felicidade por si mesmo. A felicidade veio nos visitar. A felicidade veio aqui, e o primeiro passo que você tem de dar é reconhecer: “Eu sou pobre, Ele é tudo para mim”.

Meus queridos, Jesus inicia a pregação no Sermão da Montanha. Jesus se senta e, abrindo a boca, fala e vai ensinando os discípulos: “Felizes os pobres”. Que contraste entre as duas palavras! “Felizes” quer dizer que a felicidade existe, e “pobres” quer dizer que a felicidade não está em você. Reconheça-o em seu espírito. Reconheça em sua alma essa impotência e, ao mesmo tempo, receba a vida como um dom.

Jesus quer que você pare com a mentalidade do “eu tenho direito a tudo”. O homem moderno se relaciona com a vida como um cliente no balcão de serviço de assistência ao cliente. Você bate no balcão e diz: “Eu quero os meus direitos”. Mas se você receber como um pobre, gratuitamente, a vida e dizer: “Jesus, eu poderia não existir. Eu recebo como um pobre o fato de eu existir. Que graça!” — diríamos mundanamente: “Que sorte! Que fortuna! Que sorte eu existir!” Jesus olha para a multidão, olha para você nos olhos e diz: “Não foi sorte. Eu sonhei com você desde toda a eternidade. Receba a vida. Eu quero que você exista. Receba-a gratuitamente, não como um direito mas como amor gratuito”.

Não só você existe e tem vida; você tem fé, você conhece a Cristo! Há sete bilhões de pessoas neste planeta; desses sete bilhões, seis bilhões nem sequer sabem direito quem é Jesus; desse um bilhão que sabem quem é Jesus, a maior parte não está evangelizado o suficiente; dos poucos milhões que têm alguma evangelização, quantos estão em estado de graça? Quantos receberam a graça? Tudo isso você o recebeu. Você não tem “direito”. Você é um afortunado!

Na verdade, você é um providenciado. A providência é um amor bondoso, um olhar que subiu no topo da montanha e olhou para você. De lá do alto, Jesus aponta para você e diz: “Tu és feliz e não sabes; se fosses pobre, saberias”. Ah, se fosses pobre e tivesses a capacidade de receber a vida de graça, como um dom, como um pobre de mão estendida diante de Deus, pronto para dele receber tudo!…

Deus quer nos dar a felicidade do Reino dos Céus. E por que nós não a temos? Porque as nossas mãos estão cheias.

Imagine que eu quero dar a você uma pérola preciosa, tão rara e tão especial, que vale um bilhão de dólares. Eu digo: “Estenda a mão”, mas você está carregando sacolas de lixo; há uma sacola equilibrada na sua cabeça, outras duas debaixo dos braços, outras duas na mão. Você está todo ocupado, e eu digo: “Estenda a mão”. Se você se fizer pobre, se estiver de mãos vazias, terá o Reino dos Céus, será rico; mas se você continua agarrado a essas bobagens, ao lixo, como você será feliz?

Essa é a novidade de Jesus, e esse é o Evangelho das bem-aventuranças. Jesus sobe na montanha, vê você, vê a sua miséria, vê você carregando lixo na cabeça, debaixo dos braços, com as mãos cheias de lixo, e diz: “Existe felicidade”.

Você dirá: “Que felicidade que nada, Jesus! O lixo aqui está fedendo. Você não sabe como está podre isso daqui. Eu é que vou resolver o problema. Vou jogar isso lá na lixeira. Você nem sabe como está podre. Que felicidade que há nesta vida? Essa vida é uma piada de mau gosto, Jesus”. “Não, felizes! Felizes os pobres; feliz você, se largar essas sacolas; feliz, se ficar de mãos vazias; feliz, se enxergar em mim aquele que é a fonte da felicidade”.

Jesus é a fonte da felicidade. Jesus é a felicidade que veio do Céu. Ele quer dar a você essa felicidade. Mas você precisa ser pobre, ter as mãos vazias e reconhecer nele a fonte de toda felicidade.

Esse é o início e o fim da vida cristã. O início é largar tudo para seguir Jesus, o fim é estar feliz com Ele no Céu. No meio do caminho há muitas outras coisas que fazer, mas é por isso que nós temos esse tempo comum, tempo ordinário, tempo em que vamos aprendendo passo a passo o que fazer.

O Evangelho deste domingo nos dá o projeto de Jesus, e o projeto dele é nos dar um coração pobre, confiante e generoso, que abra as mãos para receber de Deus a felicidade que Ele veio trazer para nós do Céu.

Então, tome a firme resolução, neste 4.º Domingo do Tempo Comum, de enxergar com os olhos dele a felicidade que Ele veio trazer para nós e preparou para nós no Céu.

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