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Medo de perder o que realmente importa

O exemplo dos mártires nos ensina que mais vale a amizade de Cristo e a sua graça do que as honras e prestígios do mundo e que a santa intransigência que Deus espera de nós nada tem de “intolerância”, porque ela nada mais é do que sinal de um grande e profundo amor a Ele.

Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 7,15-20)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Cuidado com os falsos profetas: Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes. Vós os conhecereis pelos seus frutos. Por acaso se colhem uvas de espinheiros ou figos de urtigas? Assim, toda árvore boa produz frutos bons, e toda árvore má, produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar frutos maus, nem uma árvore má pode produzir frutos bons. Toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e jogada no fogo. Portanto, pelos seus frutos vós os conhecereis”.

Celebramos hoje a memória de dois mártires ingleses: um deles leigo, Thomas More; e o outro bispo, John Fisher, feito cardeal quando já estava preso, à espera de ser executado. More e Fisher, como é de todos sabido, foram mortos por fidelidade à Igreja e por se recusarem a ceder às pressões do governo inglês. Como Catarina de Aragão não lhe desse um herdeiro, Henrique VIII pediu ao Papa que lhe anulasse o casamento, dando-lhe assim a possibilidade de encontrar outra esposa. O Pontífice, contudo, opôs-se às pretensões adúlteras de rei, cujo matrimônio era válido e legítimo segundo as leis de Deus.

O monarca, que fora antes um defensor da fé católica, não quis pagar o preço da fidelidade à esposa e às palavras de Cristo e terminou separando-se da Igreja Católica: declarou-se chefe da “igreja” da Inglaterra, perseguiu os que permaneceram fiéis a Roma e deu início a um cisma que dura até hoje. Entre os inúmeros perseguidos por Henrique VIII, contam-se os mártires de que hoje fazemos memória.

O testemunho destes dois santos, que preferiram a morte a negar a indissolubilidade do matrimônio, mostra que a intransigência em matéria de fé e moral de que o mundo tanto acusa a Igreja nada tem de “intolerância”, senão que é a expressão de um grande amor: amor, em primeiro lugar, a Jesus Cristo, cuja amizade vale mais do que a própria vida; amor, em segundo, a si mesmo, pois de nada aproveita ao homem lucrar o mundo inteiro, com seus prazeres e aplausos, se no fim se condena ao inferno; amor, em último lugar, ao próximo, a quem não se deve escandalizar nem negar jamais a verdade do que crê e ensina a Santa Igreja de Cristo.

Que o testemunho dos santos Thomas More e John Fisher nos encham de ânimo e coragem para viver e professar, sem medo nem respeito humano, a integridade da fé e da moral cristã, ainda que o preço da nossa fidelidade seja o martírio, quer o de sangue, quer o social.

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