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Texto do episódio
01

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 11, 16-19)

Naquele tempo, disse Jesus às multidões: “Com quem vou comparar esta geração? São como crianças sentadas nas praças, que gritam para os colegas, dizendo: ‘Tocamos flauta e vós não dançastes. Entoamos lamentações e vós não batestes no peito!’ Veio João, que nem come e nem bebe, e dizem: ‘Ele está com um demônio’. Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: ‘É um comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e de pecadores’. Mas a sabedoria foi reconhecida com base em suas obras.”

Celebramos hoje a memória de S. João da Cruz, Doutor Místico, que, junto com S. Teresa d’Ávila, reformou a Ordem do Carmo no século XVI. Foi obra dele a fundação, em Duruelo, por volta de 1568, do primeiro Carmelo masculino reformado. Entregue a Deus em todo tipo de serviço, S. João foi diretor espiritual de várias irmãs carmelitas, que, se muito aprendiam com os ensinamentos mais práticos e intuitivos da Madre Teresa, muito se aproveitaram da doutrina mais sistemática e teológica que lhes proporcionava a inteligência aguda de frei João. As obras deste grande Doutor, infelizmente, permanecem “inacessíveis” até hoje a um bom número de fiéis, não tanto pelo assunto de que tratam nem pelo estilo — talvez um pouco barroco para o leitor atual — em que estão escritas como por certa interpretação unilateral em que costumam ser apresentadas. De fato, muitos têm a impressão de que a espiritualidade joanina é exclusivamente negativa, centrada quase por “obsessão” na importância da penitência, da auto-renúncia, do auto-aniquilamento etc. Isso é assim porque muitos começam a lê-lo pelas obras que, na verdade, se deveriam ler por último: a Subida do Monte Carmelo e a Noite Escura, que se ocupam daquelas etapas da vida espiritual de quem já se encontra adiantado na vida de santidade. Por isso, para captar o caráter fundamentalmente positivo do pensamento de S. João é preciso ler primeiro obras como a Chama Viva de Amor e o Cântico Espiritual, que falam do amor a Deus e mostram que é a caridade o que justifica e dá sentido à vida ascética. Só um grande amor torna razoável que se abandone tudo para possuir o amado, e se Cristo é o grande Amado de nossas almas, nada mais sensato do que nos despojarmos de todas as criaturas, a fim de sermos totalmente para Nosso Senhor. De fato, que sentido teria subir o Monte Carmelo, suportando caminhos ásperos e angustos, se a isso não nos motivasse um amor ardente por Jesus, Esposo místico das almas? Nesse tempo de Advento, em que nos preparamos para a vinda de Cristo no Natal, saibamos deixar tudo, pois o Esposo vem ao nosso encontro e está quase à porta.

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