Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 19, 16-22)
Naquele tempo, alguém aproximou-se de Jesus e disse: "Mestre, que devo fazer de bom para possuir a vida eterna?" Jesus respondeu: "Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é o Bom. Se queres entrar na vida, observa os mandamentos". O homem perguntou: "Quais mandamentos?" Jesus respondeu: "Não matarás, não cometerás adultério, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe, e ama o teu próximo como a ti mesmo".
O jovem disse a Jesus: "Tenho observado todas essas coisas. Que ainda me falta?" Jesus respondeu: "Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me". Quando ouviu isso, o jovem foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico.
A figura heróica de São Pio X, que enfrentou sem receios nem respeitos humanos os erros doutrinários que se haviam infiltrado na Igreja, permite-nos refletir sobre o tipo de pastor de que o rebanho de Cristo tem necessidade nos dias de hoje. Giuseppe Sarto, antes de ser elevado ao sólio pontifício em 1903, começou sua vida sacerdotal como pároco em uma cidade do Vêneto, e foi justamente esta experiência de contato com o povo de Deus e com os desafios ordinários da vida cristã que o levou, já eleito papa, a combater vigorosamente o modernismo e as tendências laicistas que tanto ameaçavam a fé e apagavam dos espíritos toda noção de verdade. O que se convencionou chamar "modernismo", com efeito, não é mais do que um vírus, uma síntese de todas as heresias que, por seus mesmos princípios, distorce e perverte o sentido do Evangelho e de todos os dogmas cristãos.
E o fundamento desta "filosofia" venenosa não poderia assentar-se senão sobre o agnosticismo e, portanto, sobre a pretensão de que o fim do homem se restringe a este mundo e à "felicidade" que ele nos pode oferecer. Por conseguinte, o Reino de Deus não pode ser nem transcendente nem de índole espiritual, razão por que é preciso adaptar a mensagem evangélica, "purgando-a" de milagres e promessas da vida eterna, às diversas circunstâncias e às necessidades de cada época. Essas tendências, que infelizmente subsistem aqui e ali, ainda que sob roupagem diversa, impelem-nos a combatê-las, com a integridade da fé ortodoxa e a pureza dos costumes. Contemos para isto com o patrocínio de São Pio X, cujos esforços e zelo pastoral impediram que gerações inteiras se precipitassem no erro e pusessem em risco a própria salvação eterna. — Que ele interceda por nós do alto do Céu e nos alcance a graça de tudo restaurarmos em Cristo, nosso Salvador.
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