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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Texto do episódio
01

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc
12, 39-48)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: "Ficai certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que arrombasse a sua casa. Vós também ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes".

Então Pedro disse: "Senhor, tu contas esta parábola para nós ou para todos?" E o Senhor respondeu: "Quem é o administrador fiel e prudente [ὁ πιστὸς οἰκονόμος ὁ φρόνιμος] que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa? Feliz o empregado [μακάριος ὁ δοῦλος] que o patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! Em verdade eu vos digo: o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. Porém, se aquele empregado pensar: 'Meu patrão está demorando', e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos infiéis.

Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes. Porém, o empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!"

Nosso Senhor continua hoje o discurso a respeito da vigilância. Ouvimos ontem a parábola do servo e do patrão; no Evangelho desta 4.ª-feira, somos apresentados a duas outras histórias: a do ladrão e a do administrador fiel. Esta última dirige-se de modo particular aos Apóstolos, quer dizer, àqueles discípulos que terão o encargo de administrar a Igreja de Cristo. Sabemo-lo, aliás, pela dúvida de São Pedro, que pergunta a Jesus se esses ensinamentos se destinam a eles, que o seguiam de perto, ou também aos demais, às turbas. Aproveitando-se desta interrogação, Jesus passa a contar-nos a parábola do administrador fiel e prudente. O texto grego nos fala, pois, de um ὁ πιστὸς οἰκονόμος ὁ φρόνιμος, ou seja: alguém que toma conta duma casa que, de resto, não lhe pertence. Este administrador, no entanto, é também um servo (δοῦλος), como nos revela o versículo 43. Estas duas passagens, lidas de forma articulada, são como que a diretiva fundamental para os que, na linha da sucessão apostólica, têm o dever de governar a Igreja: os papas, os bispos e, por fim, os padres.

Nesse sentido, Jesus indica que os servos aos quais confiou o governo da Igreja devem cuidar dela sabendo que ela não lhes pertence. É curioso notar, por outro lado, que o Evangelho de hoje, além de oferecer este princípio básico, revela também a grande e talvez principal tentação que rodeia a hierarquia eclesiástica: o mando e o desmando, o abuso de poder, a tendência a fazer da Esposa de Cristo um bem privado. A Igreja, o Evangelho, o sagrado depósito da fé são, porém, tesouros confiados aos sucessores dos Apóstolos, que, por isso, os devem custodiar e preservar intactos, inalterados. O próprio Jesus adverte que aos maus administradores estão reservadas muitas chibatadas.

O bom e fiel administrador, o bom bispo, o bom padre etc. sabe que a Palavra de Deus não é sua; portanto, não pode alterá-la para satisfazer aos ouvidos do mundo. Sabe que Missa não é obra de suas mãos; por isso, tem consciência de que não a pode rezar da maneira que quiser. Sabe também que, no tribunal da Confissão, ele, in persona Christi, deve fazer-se servo e ter em mente apenas o bem das almas e a glória de Deus. O administrador prudente, em suma, reconhece a sua pobreza de escravo; vive com generosidade a sua condição de pertença total a Deus e de serviço desprendido e desinteressado à Santa Madre Igreja. Peçamos a Nosso Senhor que conceda a estes seus vigários uma sincera e profunda fidelidade à missão de cuidar da Barca de Pedro. Que Deus lhes dê coragem para serem fiéis ao múnus recebido e, se for preciso, derramarem o próprio sangue pela incolumidade da Igreja e da fé.

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