Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 10, 13-16)
Naquele tempo, disse Jesus: "Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. Pois bem: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós. Ai de ti, Cafarnaum! Serás elevada até o céu? Não, tu serás atirada no inferno. Quem vos escuta a mim escuta; e quem vos rejeita a mim despreza; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou".
No Evangelho de hoje, Nosso Senhor dirige palavras duras a algumas cidades que, tendo ouvido a pregação evangélica da boca do próprio Verbo encarnado e de seus Apóstolos, preferiram persistir em seus pecados e fechar os ouvidos ao chamado de Deus: "Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida!" Ora, a razão desta séria repreensão de Cristo se deve à dureza de coração com que os habitantes das duas cidades se portaram ante o anúncio do Reino. Nem os milagres, diz o Senhor, foram o bastante para que eles se convertessem, pois, à semelhança do faraó a que Moisés se dirigira, ouviram sem fé a palavra de Deus e se obstinaram em sua surdez e dureza de alma. Diante disso, poder-se-ia dizer, num certo sentido, que é até melhor não receber a palavra de Deus e, assim, permanecer na ignorância do que, tendo-a recebido, tratá-la com despeito e incredulidade. É a fé que nos proporciona a vida eterna, começada em germe já neste mundo, de maneira que, privados dela, não podemos agradar a Deus (cf. Hb 11, 6), chegar ao consórcio de filhos e alcançar por fim a salvação eterna (cf. Mt 10, 22; 24, 13). Por isso, acolhamos com fé viva e esperançosa a palavra do Senhor, que nos vem através de sua única Igreja — santa, católica, apostólica e romana —, e deixemos que ele configure à imagem do seu o nosso pobre e miserável coração.
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