Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 5, 12-16)
Aconteceu que Jesus estava numa cidade, e havia aí um homem leproso. Vendo Jesus, o homem caiu a seus pés, e pediu: “Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar”. Jesus estendeu a mão, tocou nele, e disse: “Eu quero, fica purificado”. E, imediatamente, a lepra o deixou. E Jesus recomendou-lhe: “Não digas nada a ninguém. Vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela purificação o prescrito por Moisés como prova de tua cura”.
Não obstante, sua fama ia crescendo, e numerosas multidões acorriam para ouvi-lo e serem curadas de suas enfermidades. Ele, porém, se retirava para lugares solitários e se entregava à oração.
No Evangelho de hoje, Jesus faz um milagre com um leproso. O homem se apresenta diante de Nosso Senhor com uma grande fé e professa, antes de tudo, a onipotência de Jesus, dizendo: “Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar”. Reconhece que, para Jesus, querer é fazer. Cristo então responde: “Eu quero, fica purificado”, e pede-lhe que vá mostrar-se aos sacerdotes, como prova da cura e para aumentar a glória de Deus. O Evangelho se conclui com algo, digamos assim, misterioso: Jesus é Deus feito homem e, não obstante, entrega-se à oração. O Evangelho nos coloca, pois, diante do mistério de Jesus orante, com uma vida recolhida em meio à vida pública. Estamos aqui no evangelho de S. Lucas, capítulo 8. Jesus está no auge de seu ministério. De fato, S. Lucas apresentou-nos o começo do ministério público com o batismo de S. João Batista, dizendo que Jesus tinha cerca de 30 anos e que muitos o julgavam filho (natural) de José. Essa é a apresentação feita por S. Lucas; dali em diante, Jesus começa a pregar o Evangelho, a fazer curas, milagres etc. No entanto, o evangelista insiste uma e outra vez em apresentar Jesus em atitude frequente de oração. Vejamos o que diz a página do Evangelho: “Não obstante, sua fama ia crescendo, numerosas multidões acorriam para ouvi-lo e serem curadas de suas enfermidades; Ele, porém…”. Aqui, com essa adversativa, S. Lucas nos alerta para o fato de que, malgrado o tumulto das turbas, Jesus tinha outra postura: Ele não buscava fama, mas se retirava a lugares solitários para se entregar à oração.
Só nisto se nos acende uma grande luz: todos os que temos algum apostolado, seja como sacerdotes ou leigos, em família, com os filhos etc., precisamos fundamentar essa vida apostólica, pública, de pregação, num saber recolher-se e num saber rezar. Há mais, porém. Jesus, ao agir assim, mostra-nos ainda qual é a atitude de Deus para conosco. Sim, quando temos vida espiritual, nos primeiros momentos de encontro com Jesus recebemos sinais, como foi para o leproso a sua cura. No início do nosso relacionamento com Jesus na oração, experimentamos consolações, recebemos sinais, bênçãos, provas da bondade de Deus… Mas, como que de repente, Deus desaparece. Sim, Ele continua presente, mas não o notamos. Jesus se subtrai à multidão sem abandoná-la; Ele se retira. Ele já nos deu sinais e, por isso, quer agora que o busquemos. Assim também na vida espiritual: é Deus quem toma a iniciativa e primeiro nos busca, toca a nossa alma, vem ao nosso encontro. Quando, então, já estamos feridos de amor, Ele se faz de “tesouro escondido”, à espera de que o busquemos. E, para achá-lo, também nós precisamos nos esconder. Perseverança na vida de oração! Perseverança, mesmo que não sintamos mais gosto nem tenhamos consolações sensíveis! Perseverar, buscar e buscar Jesus; é o que quer o nosso amado, que abriu em nós uma ferida de amor que só Ele pode curar: “Eu quero”.
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