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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Texto do episódio
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Iniciamos o mês de maio com São José, o maior de todos os devotos da Santíssima Virgem. José, trabalhador, modelo de vida escondida, modelo de vida silenciosa. O que é contemplar o mistério de São José? Vejamos antes o que Deus fez ao dar ao homem a lei do trabalho.

A lei do trabalho já estava presente no paraíso terrestre, antes mesmo da queda. O livro do Gênesis nos diz que Deus pôs o homem no jardim das delícias para o cultivar. Foi somente após o pecado de Adão que o trabalho passou a ter também um caráter punitivo, de fardo, de sofrimento.

Deus fez o mundo para que o homem o cultivasse na qualidade de cooperador na obra da criação. Sim, Deus poderia ter feito um mundo mais perfeito que este, um mundo em que Cuiabá não precisasse de ar-condicionado, por exemplo, ou um mundo com casas já fabricadas, sem necessidade de trabalho humano.

No entanto, o Senhor criou um mundo que o homem, feito à imagem e semelhança de Deus, deveria “modelar”. Veio, porém, o pecado original, e do mistério da Criação passamos para o da Redenção. Agora o mundo exige não só ser trabalhado, mas redimido. Em outras palavras, o trabalho humano, mais do que complemento da obra criadora, passa a ser, em Cristo, cooperação com a obra redentora.

Essa introdução é para entendermos como São José nos revela a missão do pai de família. Depois do pecado original, o trabalho não serve apenas como meio de transformação do mundo e de aperfeiçoamento da criação. O trabalho, agora, é também meio de redenção. O pai de família não deve unicamente sustentar a família; deve também redimi-la e levá-la para o céu. 

São José, pai virginal de Nosso Senhor Jesus Cristo, adotivo, trabalhou pela obra da redenção. Ao esconder Jesus dos inimigos, ao defender a Virgem Santíssima, ao obedecer em tudo a Deus, ele cooperou para obra redentora, não já de um filho biológico, como fazem os outros pais de família, mas da humanidade inteira.

É por isso que podemos, sim, chamar a São José nosso pai e senhor. É nosso pai porque trabalhou e, com o seu trabalho, sustentou aquele que sustenta o universo; é nosso pai porque trabalhou e, com o seu trabalho, cooperou para a salvação do mundo inteiro. Não há redimido, não há eleito no céu que não deva, já não digo algo, mas muito de sua salvação ao glorioso José.

Daí a nossa gratidão, daí a nossa celebração, daí a nossa alegria de saber que, nos trabalhos e nas dores do parto de uma carpintaria, junto com o seu Filho, São José cooperava para a salvação do mundo inteiro.

Daí também a pergunta: — E nós, pais de família? Não vamos abraçar destemidamente o trabalho de levar os filhos para o céu? Não vamos fazer nada para, no sofrimento dos trabalhos de cada dia, completar em nosso corpo o que falta aos sofrimentos de Cristo na cruz, como diz São Paulo? Não vamos, numa palavra, fazer do trabalho uma cruz redentora?

Não vamos nós, no mês de Maria, nos oferecer em sacrifício a Deus pelas mãos de São José, o maior e o mais perfeito dos devotos da Virgem, a quem ele amou, por quem trabalhou e por meio da qual entrou no mistério da redenção, a fim de que nós colhêssemos os frutos maduros de seus trabalhos?

Por trinta anos, Nosso Senhor Jesus Cristo foi redimindo a humanidade nos trabalhos da carpintaria de José, trabalho nada prestigioso. Esse é um aspecto importante da celebração de São José Operário, o de que ele era um simples artesão, trabalhador comum.

No Evangelho de hoje, o ofício de José é mencionado pelos judeus, mas com uma nota de desprezo por ele e de descrédito para Jesus. Não dizem: “Não é ele filho do carpinteiro” da mesma forma que poderiam dizer, por exemplo: “Não é ele filho do imperador?”, ou: “Não é ele filho do grande general?”, ou: “Não é ele filho do sumo sacerdote?” Não. A pergunta, na boca deles, quer dizer: “Não é ele filho de um desprezível carpinteiro de uma vilinha escondida? Ora, algo bom pode vir de Nazaré?”

Não havia em Nazaré ocupação mais “vil” e “mesquinha” que a de artesão, na verdade uma espécie de quebra-galho, o sujeito que desempenava portas, tampava goteiras etc. Que grande oficina poderia ter José em Nazaré? Pela lei da oferta e da procura, dificilmente ele tivesse um grande portfólio de clientes…

São José era, por assim dizer o “marreteiro” da vila, um faz-tudo, o solucionador de qualquer problema: consertava portas, refazia telhados… “Problema em casa? Ah! Chame o José”. Há coisa mais incrível que participar da salvação do mundo desempenando portas? Redimir a humanidade inteira aplainando tábuas?

Quais são nossos achaques, nossos trabalhos? Talvez uma dor na lombar por ter varrido o chão? Sim, com essa dor podemos redimir o mundo, completando em nosso corpo o que falta aos sofrimentos de Cristo! Como é luminoso celebrar São José no início do mês dedicado a ela, mês em que podemos unir ao sacrifício do Calvário o nosso próprio sacrifício, apesar de pequeno e até desprezível, humanamente falando.

Que sacrifício ofereceu José? Como ele não estaria no Calvário, Deus lhe providenciou uma cruz, por isso lhe ocultou de início a concepção milagrosa de Maria, permitindo-lhe sofrer todo aquele drama.

É fantástico saber que o sacrifício redentor de Cristo, unido à Corredentora, a Virgem Maria, foi preparado pelo sacrifício de José. Também nós temos nossas pequenas dores, que, comparadas com as de Cristo e da Virgem, podem parecer um nada. No entanto, José, o maior dos santos depois de Maria, o maior dos eleitos, o maior no Reino dos Céus, nos acompanha ensinando-nos a amar a Deus em nossos sacrifícios diários.

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