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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
(Jo 6, 44-51)

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos Profetas: ‘Todos serão discípulos de Deus’. Ora, todo aquele que escutou o Pai e por ele foi instruído, vem a mim. Não que alguém já tenha visto o Pai. Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. Em verdade, em verdade vos digo, quem crê possui a vida eterna.

Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá. Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”.

O Senhor declara-nos no Evangelho de hoje ser o pão da vida. Ele é o pão vivo (ὁ ἄρτος ὁ ζῶν) descido do céu para dar a vida eterna aos que nele crerem e dele comerem: “Quem comer deste pão”, diz Jesus referindo-se a si mesmo, “viverá eternamente”. Vale a pena notar que o termo “vida”, em todas as suas ocorrências na leitura de hoje, traduz a palavra grega ζωή, que designa uma vida de outra qualidade, distinta ou superior à vida meramente biológica, natural. Trata-se, como sabemos, da própria vida divina, da qual nos tornamos participantes mediante a graça de Cristo. Esta graça, como também já vimos em meditações passadas, é ao mesmo tempo sanante e elevante: sanante, em primeiro lugar, por introduzir ordem nas potências da nossa alma; elevante, enfim, por fazer-nos participar de uma vida nova, imensamente superior à nossa — a vida íntima da SS. Trindade. Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, participa no mais alto grau desta vida divina. Por isso, quando a Ele nos unimos, sobretudo na Eucaristia, em que recebemos o seu toque físico e sacramental, somos submergidos nessa superabundância de vida em que Ele vive. Ao comungarmos, assemelhamo-nos a barras de ferro metidas na fornalha: incandescemos de amor, perdemos a ferrugem que antes nos corroía e, fundidos na chama ardente dessa união, “transformamo-nos” naquilo mesmo que nos abrasa. Limpando-nos das impurezas e ferrugens da nossa alma, a graça nos sana; fazendo-nos participar do fogo de amor da natureza divina, ela nos eleva. Que as nossas comunhões possam ser mais devotas e frequentes, a fim de tomarmos cada vez mais parte na vida de Nosso Senhor, a quem contemplaremos um dia no céu como prêmio depois de o termos recebido como viático na terra.

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