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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 9,1-6)

Naquele tempo, Jesus convocou os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças, e enviou-os a proclamar o Reino de Deus e a curar os enfermos. E disse-lhes: “Não leveis nada para o caminho: nem cajado nem sacola nem pão nem dinheiro nem mesmo duas túnicas. Em qualquer casa onde entrardes, ficai aí; e daí é que partireis de novo. Todos aqueles que não vos acolherem, ao sairdes daquela cidade, sacudi a poeira dos vossos pés, como protesto contra eles”. Os discípulos partiram e percorriam os povoados, anunciando a Boa Nova e fazendo curas em todos os lugares.

No Evangelho de hoje, Jesus pede aos Apóstolos que vão em missão de forma despojada, vivendo a verdadeira pobreza, o desprendimento de quem não leva consigo nem mesmo as provisões necessárias para o amanhã. É um viver completamente da Providência divina.

Aqui encontramos uma realidade que a Igreja Católica conserva e valoriza, mas que em outras “confissões” cristãs parece ter sido abandonada: o valor da pobreza evangélica.

A maior parte das pessoas identifica o cristianismo como aquilo que viveu São Vicente de Paulo, o santo que celebramos hoje. Ou seja: cristão é quem dá assistência ao pobre. Isso é um valor, é uma coisa importante, é uma virtude cristã, a caridade, porque é o amor a Deus que se manifesta no amor concreto ao próximo.

Então, é claro, se Deus é misericordioso conosco, a única maneira que temos de ser “misericordiosos” com Deus é, evidentemente, ser misericordiosos com o irmão, porque Jesus não necessita da nossa misericórdia. Então, sendo misericordiosos com o próximo, ouviremos de Jesus no último dia: “Foi a mim que o fizestes”.

Mas isso, que é coisa óbvia e até a sociedade atual sabe valorizar, tem outro lado.

O outro lado da moeda é a pobreza de quem se dedica a Cristo, e isto nós o encontramos somente na Igreja Católica, e o encontramos principalmente nos religiosos que se despojam para imitar a Cristo, que, como se lê no no segundo capítulo da Carta aos Filipenses, de São Paulo, se esvazia e se faz pobre como um servo. O cristão, por amor à pobreza de Cristo, se faz pobre, imitando Nazaré, ou seja, a pobreza de Jesus, Maria e José. O cristão quer se desapegar: “Não leveis duas túnicas”, diz Jesus.

Então, aqui vemos os dois lados de uma moeda, mas se nós valorizarmos somente um deles, estaremos perdendo enormemente uma das riquezas de Cristo. Cristo amou os pobres, sim; mas Ele se fez pobre, e o fazer-se pobre por amor aos pobres é uma realidade que a Igreja Católica guarda como um grande tesouro.

Ao celebramos hoje a memória de São Vicente de Paulo, nós, é claro, sabemos quantas pessoas irão lembrar o seu exemplo e admirar São Vicente de Paulo por seu amor aos pobres, ele, que chamava aos pobres “nossos senhores”; mas pouca gente irá se lembrar do despojamento e da pobreza vivida pelo próprio São Vicente, e menos gente ainda irá imitá-lo…

Mas talvez este, mais do que nunca, seja o valor que precisamos recuperar. Sim, porque cristãos solidários com os pobres, há-os muitos; mas cristãos que queiram viver a pobreza nos parece serem poucos. Ora, a única maneira de eliminar o poder da “mão invisível” que destrói as famílias e a nossa sociedade — o sistema do dinheiro, que faz com que sejamos escravos — é ser pobre, não levar duas túnicas e, na verdade, ser assim um homem livre.

Recuperado este valor, estaremos livres interiormente para viver aquela que é a primeira, a primeiríssima, das bem-aventuranças: “Bem aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus”. O pobre em espírito é quem sabe que é pobre, mas de uma pobreza maior, a pobreza de Deus: “A minha alma tem sede de Deus”, não de bens materiais. Ansiemos pelo Deus vivo!

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