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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Mt 13,47-53)

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: “O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam. Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí, haverá choro e ranger de dentes. Compreendestes tudo isso?” Eles responderam: “Sim”. Então Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”. Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, partiu dali.

Ao comentar o Evangelho que a Igreja hoje nos propõe, Santo Tomás de Aquino se interroga sobre o motivo de o Senhor ter contado novamente a seus ouvintes uma parábola semelhante à do joio e do trigo (cf. Super Matth., c. 13, l. 4). Em ambas, de fato, parece haver idêntico ensinamento, só que figurado por elementos diversos: de um lado, peixes bons e maus; de outro, trigo e cizânia. Aqui, são os pescadores que fazem a triagem; lá, os trabalhadores da messe.

Por que razão, afinal de contas, Jesus fez questão de repetir a mesma ideia num mesmo sermão? Para responder a essa pergunta, o Aquinate faz notar que, se bem consideradas, essas duas parábolas significam coisas diferentes, embora se refiram à mesma realidade, a saber: o Juízo Final. Com efeito, enquanto nos peixes bons e maus estão representados os cristãos em geral, apanhados pela rede lançada ao mar, no joio semeado por entre a boa semente estão simbolizados os que não chegaram a pertencer à Igreja

 Na parábola de hoje, portanto, Cristo nos revela que não apenas os infiéis, mas também os maus fiéis serão condenados ao fogo eterno. Não basta dizer-se católico, ser inserido no corpo visível da Igreja e professar a fé da boca para fora; é essencial tornar-se peixe bom, ou seja, cristão na vida e na profundidade do coração.

Este mistério, ao mesmo tempo que nos deixa em alerta, é também fonte de grande consolação: alerta-nos, de um lado, para a necessidade de perseverarmos na graça até a hora da morte, a fim de não sermos contados no número daqueles peixes imprestáveis, que apodreceram antes de serem recolhidos nos “cestos”, quer dizer, nas moradas do Céu; consola-nos, de outro, porque nos mostra que, apesar dos escândalos causados por alguns de seus filhos, a santa mãe Igreja permanece imaculada, sofrendo com alegria dores de parto até que se complete o número dos eleitos.

Que o Senhor permita haver em sua inconsútil rede bons e maus peixes, é um mistério de justiça e misericórdia que a nossa inteligência é incapaz de penetrar; o que nos cabe crer e reconhecer, no entanto, é que Ele jamais permitiria mal nenhum sem antes querer tirar dele um bem muito maior.

Como os discípulos na Última Ceia, temos de sentir como dirigida a nós aquela profecia de Jesus: “Em verdade Eu vos digo: um de vós me há trair”. Ao fazermos, pois, o nosso exame diário de consciência, coloquemo-nos na presença de Cristo e lhe perguntemos com sinceridade: “Senhor, será que sou eu?” Acaso serei eu, meu Deus, mais um Judas, mais um traidor, mais um desses peixes ruins? Com humildade e abandono, imploremos de forma confiante o auxílio de nossa Mãe Santíssima, que estará pronta para nos socorrer à hora da morte e entregar-nos aos braços acolhedores de seu Filho amado.

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