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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus (Mt 16, 13–20)

Naquele tempo, Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e aí perguntou a seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.

Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias.

Meditação. — 1. Em meio às várias respostas à pergunta sobre quem seria Jesus – “alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas” —, é da boca de Simão Pedro que ouvimos esta profissão de fé: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Trata-se de uma afirmação completa que, segundo S. Tomás, expressa bem o dogma cristológico, proclamado no Concílio de Éfeso, em 431: Jesus é verdadeiro Deus, o “Filho do Deus vivo”, e verdadeiro homem, “o Messias”. Por isso, não é estranho que Nosso Senhor tenha demonstrado grande satisfação diante do príncipe dos Apóstolos, realçando a felicidade deste: “porque não foi um ser humano que te revelou isso”, disse-lhe Jesus, “mas o meu Pai que está no céu”.

Temos, neste domingo, a alegria de poder meditar sobre tão augusto mistério, que também é o tema do nosso curso mais recente de Cristologia. Das palavras do Evangelho, recolhemos uma verdade da qual poucos se dão conta: a identidade de Jesus não pode ser realmente conhecida, senão pelo auxílio de uma luz sobrenatural. Nem os melhores historiadores, nem os melhores sociólogos, nem os mais sublimes teólogos, biblistas e exegetas podem conhecer, de fato, a Pessoa de Cristo, se não estiverem cobertos pela unção do Espírito Santo, como nos atesta S. Paulo (cf. 1Cor 12, 3).

2. O Evangelho nos mostra que o conhecimento natural não é suficiente para saber quem é Jesus. Se, por um lado, as suas ações demonstram um poder extraordinário — Ele faz milagres, anda por sobre as águas, conhece os corações —, por outro elas não nos levam a concluir, necessariamente, que aquele homem seja o Deus vivo, que se encarnou para nos salvar. Há uma desproporção enorme. Até os mais piedosos de seu tempo acreditavam que Jesus era apenas mais um profeta poderoso — como Moisés, que abriu o mar Vermelho, ou Elias, que foi arrebatado aos céus —, e não a segunda Pessoa da Beatíssima Trindade. Porque esse conhecimento, seja como for, só nos pode ser concedido pela Revelação. Trata-se, portanto, de algo que nem mesmo uma inteligência angélica poderia conhecer por si mesma.

Deve ser motivo de grande júbilo, nesse sentido, o fato de que Deus queira se revelar a nós, criaturas débeis e pouco instruídas. Mas essa graça só é concedida aos que a pedem com perseverança, conforme a promessa de Nosso Senhor: “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem” (Lc 11, 13). Não significa que devamos ser, desde já, almas místicas de sétimas moradas; mas importa que sejamos, sim, homens e mulheres de oração, que tudo esperam de Deus, cuja graça “não está tampouco do outro lado do mar”, recordam-nos as Escrituras, mas “está perto de ti, na tua boca e no teu coração” (Dt 30, 13–14). 

3. Não obstante, nenhuma graça pode ser obtida por quem se mantém preso aos deuses mudos. Em sua professio fidei, S. Pedro destaca que Jesus é o “Filho do Deus vivo”, contrapondo-o aos ídolos mortos dos pagãos. A religião pagã tinha o costume nocivo de cultuar deuses cósmicos como as estrelas ou figuras míticas, desprovidas de verdadeira personalidade. Hoje em dia, esses falsos deuses estão presentes sob uma nova roupagem (o dinheiro, o sexo, a fama, a carreira, o entretenimento etc.) e têm a mesma influência negativa sobre nossos corações, fazendo-nos querer servir a dois senhores. No fim das contas, tornamo-nos reféns de nossas paixões e do nosso ego, agindo ora como cãezinhos feridos, lambendo as próprias vergonhas, ora como pavões vaidosos, exibindo glórias passageiras.

Com efeito, o Concílio Vaticano II explica que, em Cristo, não é só o mistério de Deus que se abre a nós, mas a nossa própria existência: “Cristo, novo Adão, na própria revelação do mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua sublime vocação” (Gaudium et Spes, n. 22). E, de fato, Jesus revelou a identidade mais profunda de Simão a partir daquela manifestação eloquente de fé. Desde então, o príncipe dos Apóstolos passou a se chamar Pedro, em referência à sua vocação de sustentar e confirmar a fé da Igreja de Cristo.

Neste domingo, peçamos a Nosso Senhor o dom de um conhecimento mais profundo de sua Pessoa divina, a fim de que não fiquemos mais vagando como indigentes neste mundo, mas, a exemplo de S. Pedro no Evangelho, sejamos apresentados à nossa verdadeira identidade e finalidade: a comunhão eterna com o Pai.

Oração. — Ó “Messias e Filho do Deus vivo”, cujo prêmio prometido aos vencedores “é uma pedrinha branca, na qual estará escrito um nome novo” (Ap 2, 17), tornai-nos dignos de professar a mesma fé de S. Pedro, a fim de que sejamos felizes pelo conhecimento do Pai do Céu e pela descoberta de nossa própria identidade e vocação. Amém.

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