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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas 
(Lc 2, 41-51)

Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem.

Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. Três dias depois, o encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas.

Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas. Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”. Jesus respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?” Eles, porém, não compreenderam as palavras que lhes dissera. Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas.

Depois de termos celebrado o Sagrado Coração de Jesus, comemoramos hoje, com grande alegria, o Imaculado Coração de Maria. É uma festa para nos recordarmos de que Maria teve um coração tão intimamente configurado ao de Cristo, que é como se o coração dela fosse o de Jesus.

É isso que percebemos, por exemplo, quando a Virgem Maria apareceu para a Irmã Lúcia, em Tuy, no dia 13 de junho de 1929, com o seu Coração Imaculado rodeado de espinhos. Ora, Maria nunca usou uma coroa de espinhos, mas foi a forma que ela se utilizou  para dizer que o seu coração está totalmente configurado ao do seu Filho.

Se pensarmos bem, essa é uma verdade profunda que todo cristão deveria vivenciar: quando nos convertemos, já não temos mais coração, pois ele pertence a Cristo. Essa realidade aconteceu, de fato, na vida de Santa Catarina de Sena. Em um certo momento da sua vida, Jesus apareceu e, de forma extraordinária, colocou o seu Coração no lugar do dela. Depois desse acontecimento, ela dizia: “Eu não tenho mais coração”. Essa frase é uma das tantas formas de expressarmos nossa união com Ele. Nesse sentido, São Paulo exorta-nos na Carta aos Filipenses: “Tende em vós os mesmos sentimentos de Cristo Jesus” (Fl 2, 5), ou seja, tenhamos um coração semelhante ao de Cristo.

Mas como podemos alcançar isso? Um trecho do Evangelho de hoje nos mostra como: “Sua mãe, porém, conservava no coração todas essas coisas, todas essas palavras” (Lc 2, 51). Essa mesma ideia é lembrada, alguns versículos antes, por São Lucas: “Maria conservava todas essas palavras, meditando-as no seu coração” (Lc 2, 19). Portanto, da mesma forma que a Virgem Santíssima recebeu a Palavra do Anjo e a gerou durante nove meses, devemos escutar a Palavra de Deus, recebê-la em nossos corações e gerá-la em nós. Assim acontecerá, pouco a pouco, a transformação do coração.

Jesus tem palavras de vida eterna, de tal forma que nós, ao ouvi-lo, reagiremos como São Pedro: “Para onde iremos nós, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6, 68); ou assim como São Paulo: “Fui crucificado com Cristo. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 19-20). O Coração Imaculado de Maria, portanto, é o projeto acabado dessa realidade que Deus quer fazer em todos nós.

Nós precisamos de um transplante de coração, unir-nos ao coração de Cristo e desejar essa união, como se nosso coração tivesse sido raptado por Ele. Como escrevia Santa Zélia Martin nas cartas ao seu esposo: “Depois que você partiu, Luís, eu me sinto como um peixe fora d’água; algo de mim foi embora”. Assim deve ser a nossa alma, que precisa desejar ardentemente a união com Nosso Senhor. Assim foi o coração de Maria, assim deve ser nosso coração.

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