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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
(Lc 7,19-23)

Naquele tempo, João convocou dois de seus discípulos, e mandou-os perguntar ao Senhor: És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?” Eles foram ter com Jesus, e disseram: “João Batista nos mandou a ti para perguntar: ‘És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?” Nessa mesma hora, Jesus curou de doenças, enfermidades e espíritos malignos a muitas pessoas, e fez muitos cegos recuperarem a vista. Então, Jesus lhes respondeu: “Ide contar a João o que vistes e ouvistes: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e a boa nova é anunciada aos pobres. É feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!”

Com grande alegria celebramos a festa do grande São João da Cruz. Queremos refletir um pouco sobre a sua doutrina.

Em que São João da Cruz pode nos preparar para o Natal? São João da Cruz é conhecido como místico do “nada e do tudo”. Por quê? Porque ele insiste muito em que Deus é tudo e a criatura, nada, por isso precisamos nos desapegar completamente dela.

Precisamos passar por uma “noite escura” em nossa alma para poder enxergar a luz da fé que brilha no nosso interior e nos conduz para Deus.

Tudo isso parece muito teórico e distante do dia a dia, mas façamos aqui uma comparação. Estamos nos preparando para o Natal. Ora, o Natal é uma festa de luz, embora aqui, no hemisfério sul, não tenhamos aquelas noites longas do hemisfério norte. Mesmo assim, também entre nós o Natal é uma festa de luz.

Na noite de Natal, em meio às trevas, nós acendemos velas, acendemos a árvore de Natal etc., mas para quê? Para que se compreenda verdadeiramente que vivemos à luz da fé em meio à escuridão do mundo. Precisamos de trevas, de uma noite escura para apagar um pouco as luzes do mundo e poder ver as do Céu. Não é assim em nossas cidades? Nossas cidades são excessivamente luminosas! A luz da cidade nos atrapalha. Quando se olha para o céu, não se vê quase nada. É necessário apagar luzes artificiais para ver o espetáculo de luzes que é o céu.

Eu me lembro que, quando era pároco em Barão de Melgaço, a vários quilômetros de Cuiabá, no meio do Pantanal, muitas noites eu as passava observando o céu, vendo a Via Láctea, um céu extremamente luminoso, o que só me era ocasionado, ou seja, eu só tinha esse “brinde” de poder ver as estrelas do céu porque as luzes da cidade estavam apagadas. Eu estava na roça!

Assim, para recebermos a luz divina que ilumina nossos corações, luz das estrelas, luz sobrenatural do Céu, precisamos apagar as luzes da “cidade”, precisamos verdadeiramente passar por “noite escura” para poder receber a luz da fé.

Se você continuar com os holofotes da vida mundana acesos, se você continuar com a luz artificial dos apegos terrenos ligada, dificilmente irá crescer espiritualmente, dificilmente vai amar a Deus de verdade ao longo deste caminho tenebroso, sim, mas ao mesmo tempo tão luminoso que é o caminho da fé.

Eis o ensinamento de São João da Cruz. São João da Cruz nos ensina o caminho da noite escura. Nós, que nos aproximamos do Natal, saibamos apagar um pouquinho.

O Advento é para isso. Apaguemos a luz artificial, deixemos que a luminosidade das criaturas diminua, para assim podermos contemplar a luz da fé.

Como isso é tão verdadeiro na nossa vida, no nosso dia a dia! Quando estamos dispersos e dissipados, assistindo a tudo, vendo tudo, experimentando tudo, como é difícil rezar! como é difícil entrar em sintonia com Deus! como é difícil enxergar a luz do Céu!

Que São João da Cruz interceda por nós e nos ensine o caminho da fé.

* * *

COMENTÁRIO EXEGÉTICO

Pergunta de João Batista (cf. Mt 11,2-6). — V. 2s. Entrementes, chegava aos ouvidos João Batista, preso por Herodes na fortaleza de Maqueronte, a opinião (Lc 7,17: ὁ λόγος = lit. ‘a palavra’, i.e. notícias) de todas estas coisas (περὶ πάντων τούτων), a saber: não tanto dos milagres precedentes (Lc) quanto das obras de Cristo em geral (Mt). O santo Precursor chamou dois de seus discípulos e enviou-os a Jesus para que o interrogassem: És tu o que há de vir, ou devemos esperar outro? ‘Aquele que há de vir’ (gr. ὁ ἐρχόμενος) é denominação ou indicação do Messias, frequente na Sagrada Escritura (cf. e.g. Gn 49,10; Sl 117,26; Ez 21,27; Dn 7,13; Hab 2,3; Jo 6,14; Ap 1,4).

Questiona-se o motivo desta legação, sobre a qual muito divergem os aa, atribuindo-o uns a) ao Batista, que teria dúvidas sobre a identidade do Messias; outros b) a Cristo, a quem João quereria dar a oportunidade de manifestar-se publicamente; outros enfim c) aos legados. Esta é de longe a opinião da maioria dos aa. católicos, tanto antigos quanto modernos, que eximem o Batista de toda dúvida ou impaciência. O santo Precursor, nesse sentido, teria enviado legados a Jesus em razão de seus próprios discípulos, que não viam a Cristo como muito bons olhos (cf. Jo 3,26; Mt 6,14). Trata-se da interpretação mais conforme ao texto e ao conjunto da história evangélica: afinal, 1) a questão se refere à identidade mesma do Messias, não ao modo ou ao tempo de sua manifestação; 2) além disso, qualquer dúvida a respeito da dignidade de Jesus é incompatível com o múnus e a santidade do Precursor, além de tornar incompreensíveis os elogios que logo em seguida lhe fará o Mestre (cf. Mt 11,7ss).

Resposta de Cristo (cf. Mt 11,4ss). — V. 4s. De acordo com Lc (v. 21), na mesma hora em que os legados se puseram diante dele, Jesus realizou muitos milagres, ao que Mt alude implicitamente (cf. v. 4 gr. ἃ ἀϰούετε ϰαὶ βλέπετε = o que ouvis e vedes no pres.). Como resposta, o Senhor apela a estes sinais: Ide e contai a João o que ouvistes e vistes: Os cegos vêem… Ora, como os profetas, sobretudo Isaías, já tinham anunciado que essas coisas aconteceriam quando chegasse o tempo messiânico (cf. Is 26,19; 29,18; 35,5s; 61,1), era óbvia a conclusão: ‘Eis-me aqui, o Messias!’

V. 6. E bem-aventurado aquele que não encontrar em mim motivo de escândalo. Não se sabe ao certo por que Jesus acrescentou esta advertência. Se, com efeito, a legação foi feita em benefício dos discípulos de João, é razoável pensar que é a eles que se dirigem as palavras; se, como querem alguns, foi feita em atenção ao povo, contêm uma simples monição geral. Mas de modo algum, como foi dito, podem referir-se a João. Tomadas em sentido um pouco mais lato (ὅς = ὅτις, frequente no NT), dão continuidade ao v. precedente: ‘Não só chegou a era messiânica, mas também o Homem de quem não se devem escandalizar’.

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