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Texto do episódio
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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
(Lc 9, 43b-45)

Naquele tempo, todos estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia. Então Jesus disse a seus discípulos: “Prestai bem atenção às palavras que vou dizer: O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens”. Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia. O sentido lhes ficava escondido, de modo que não podiam entender; e eles tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto.

Outro anúncio da Paixão. — V. 43b. Naquele tempo, isto é, logo após ter descido do monte da Transfiguração, todos, discípulos e multidões, estavam admirados com todas as coisas que Jesus fazia, em referência à cura do menino lunático (cf. Lc 9, 37-43a), de quem se apossara um demônio que nem os Apóstolos foram capazes de expulsar. Mas se todos admiravam o que Jesu fazia, por irradiar em cada uma de suas ações algo divino, segundo aquilo do salmista: Vós o cobristes de majestade e esplendor (Sl 20 6), apenas aos Apóstolos, e não às turbas circunstantes, confiou Ele a revelação de ainda maior mistério, a saber: o de sua dolorosa paixão.

V. 44. Prestai bem atenção às palavras que vou dizer (gr. θέσθε ὑμεῖς εἰς τὰ ὦτα ὑμῶν τοὺς λόγους τούτους = “Metei bem em vossos ouvidos estas palavras”). Com efeito, mostrara o Senhor no monte Tabor a sua glória e, em seguida, expulsara um espírito maligno; mas era necessário que Ele só entrasse na glória e triunfasse plenamente do demônio após sua paixão e morte na cruz. Por isso diz: O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens. Com efeito, poderiam os discípulos perder de todo a fé se vissem, sem aviso, Jesus ser morto e crucificado. Para que soubessem, pois, o que havia de acontecer, o Mestre os manda gravar na memória o mistério da paixão, dizendo-lhes: Prestai bem atenção, e com isso distinguia os Apóstolos das multidões, porque àqueles, como mestres primeiros da fé, era necessário saber, para não se escandalizarem, que o Filho de Deus seria morto antes de ressuscitar, enquanto àquelas, para serem mais eficazmente levadas à fé, convinha anunciar antes que Cristo ressuscitou, destruindo a morte e vencendo o diabo.

V. 45. Mas os discípulos não compreendiam o que Jesus dizia. Ora, por que não entenderam os discípulos o mistério da cruz de Cristo, se dele falavam, ainda que por figuras e sombras, a Lei e os Profetas? — a) Talvez porque, antes de Pentecostes, sofressem do mesmo mal que S. Paulo imputa aos judeus como um todo, isto é, a cegueira da inteligência: Até o dia de hoje, quando leem Moisés, um véu cobre-lhes o coração (2Cor 3, 15), sem poderem enxergar nas Escrituras a revelação do mistério de Cristo. Eis por que acrescenta o evangelista: O sentido lhes ficava escondido, de modo que não podiam entender, e exortava já o salmista: Abri meus olhos, isto é, pela fé, para que veja as maravilhas de vossa Lei (Sl 118, 18), ou seja, os mistérios nela contidos, cuja revelação plena só à luz de Cristo se pode contemplar. — b) Talvez porque tivessem por Jesus um amor demasiado carnal, e embora nEle cressem como Deus, não O compreendiam como Redentor. — c) Talvez porque pensassem que Ele se referia à sua entrega em sentido figurado, já que muitas vezes O tinham ouvido ensinar por parábolas e figuras. — d) Ou, enfim, por certa ignorância culpável e dissimulada, por não quererem compreender o que lhes parecia tão horrível de suportar, como o mesmo evangelista parece insinuar, ao concluir: E eles tinham medo de fazer perguntas sobre o assunto, isto é, temendo que fossem literais as palavras do Mestre, receavam perguntar-Lhe se o eram, embora Ele mesmo tivesse ordenado: Prestai bem atenção às palavras que vou dizer [1].

Referências

  1. Cf. S. Tomás de Aquino, Catena in Lucam, c. 9, l. 8, in fine; c. 9, l. 9, passim.
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