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Texto do episódio
05

Com grande alegria, celebramos hoje o Domingo da Divina Misericórdia. Deus quis que este domingo depois da Páscoa fosse celebrado de forma especial em nosso tempo. Durante toda a história da Igreja, a Oitava de Páscoa e, sobretudo, o Domingo da Oitava de Páscoa sempre foram celebrados com grande solenidade. Mas, nos últimos tempos, após uma aparição de Jesus a uma religiosa desconhecida num convento esquecido na Polônia, Deus pediu que este domingo fosse celebrado com especial gala, com especial alegria, com especial exultação no céu. 

Isso porque nós, mais do que ninguém, precisamos renovar a nossa fé na Divina Misericórdia. Nunca o mundo precisou tanto da misericórdia divina como precisamos agora. Por quê? Porque o cálice das nossas transgressões, dos nossos pecados e da nossa miséria já transbordou, já está cheio até a copa, e os nossos muitos, numerosos e graves pecados clamam vingança ao céu.

Precisamos compreender que, com os nossos pecados, nós merecemos o inferno, mas Jesus deseja a nossa salvação mais do que nós a queremos. Eis a misericórdia divina. A humanidade, louca, caminha na direção do inferno, fazendo pouco caso do pecado, e Jesus se manifesta aflito, desejando despejar os rios da sua divina misericórdia nos corações dos que o rejeitam e não querem misericórdia.

Por isso Jesus pediu a S. Faustina Kowalska, uma freirinha esquecida do interior da Europa, na Polônia, que instituísse uma festa universal, uma festa para a Igreja inteira, no Domingo da Oitava de Páscoa. A pobre irmã ficou perplexa: “Como é que eu, semi-analfabeta e ignorante, vou fazer com que o Papa, em Roma, saiba que tem de instituir uma festa para a Igreja inteira?” Acontece que Deus, nos seus caminhos providenciais, enviou-nos um Papa polonês, S. João Paulo II, que instituiu o Domingo da Divina Misericórdia. (Inclusive, ele morreu no sábado, véspera do Domingo da Divina Misericórdia. Ele, que era tão mariano, morreu no sábado, tradicionalmente dedicado à Virgem Maria. Tão devoto da Divina Misericórdia, morreu justamente na véspera dessa solene festa, quando já se celebrava a liturgia da Divina Misericórdia.)

Por que essa festa é tão importante? O próprio Jesus explicou isso a S. Faustina. Na Sexta-Feira Santa, brotaram do peito de Jesus dois rios: um rio de água e um rio de sangue. São os sacramentos que salvam a humanidade, a caridade e a fé. Se nós crermos na Divina Misericórdia — por isso a água do batismo nos lembra a fé —, nós iremos nos alimentar de seu amor e de sua caridade — por isso o sangue da Eucaristia nos lembra o amor — e, assim, na fé e na caridade, recebidas no Batismo e na Eucaristia, seremos salvos.

Por isso se inicia na Sexta-Feira Santa, dia em que brotou do peito aberto de Jesus o sangue e a água vitoriosos que venceram Satanás e o pecado, uma novena em preparação para o dia de hoje. Nove dias de preparação, e chega-se à festa da Divina Misericórdia, no décimo dia, em que Jesus mostra a Tomé aquela mesma ferida, aquela mesma chaga da qual brotaram os rios de água e de sangue da sua misericórdia divina.

Muitos séculos depois, Jesus quis mostrar essa mesma chaga a S. Faustina, mas destas chagas não saíam mais água e sangue, senão raios de luz. Por quê? Porque, quando Jesus padeceu na cruz, saíram de suas chagas água e sangue; mas agora que Jesus está ressuscitado e glorioso, saem delas chagas raios de luz. No Domingo da Oitava de Páscoa, no Domingo da Divina Misericórdia, Jesus aparece glorioso a Tomé e, quando lhes mostra o lado para que toque as chagas, é a glória da misericórdia que resplandece em rios de luz: “Tomé, não sejas incrédulo, mas fiel. Tomé, coloca a tua mão no meu lado, na minha chaga e vê, Tomé, a glória”. As chagas de Cristo ressuscitado agora são gloriosas, são chagas que resplandecem, das quais emana luz. Deste costado de Cristo brilha a luz; a água e o sangue agora são luz divina para irradiar nos corações das pessoas, para que elas vejam o brilho da divina misericórdia e da bondade de Deus.

Vamos refletir um pouco mais sobre isso. Jesus, nas suas aparições a S. Margarida Maria de Alacoque, bem como nas aparições de Nossa Senhora, todas as aparições recentes de Nossa Senhora, todas essas aparições do céu nos dizem que nós precisamos fazer penitência e converter-nos, pois Deus está sendo paciente, está exercendo a sua misericórdia. Nós estamos, agora, no tempo da misericórdia, o tempo em que Deus está segurando a mão, em que o castigo divino está sendo refreado. Mas a humanidade não ouve os apelos divinos, não ouve os apelos da divina misericórdia. E se nós não ouvirmos esses apelos, Deus irá nos castigar.

Aliás, já está nos castigando, não tanto quanto merecemos, porque Ele é clementíssimo, Ele é como uma mãe bondosa, como um pai bondoso que dá o castigo para o filho por amor, para ver se consegue fazê-lo pensar no que está fazendo. Eu não tenho dúvida nenhuma de que essa pandemia de COVID é um sinal bondosíssimo de Deus para que as pessoas se dêem conta da enormidade de seus pecados e de suas misérias e se voltem para Deus, que é clementíssimo e bondoso, e que por amor e para a nossa salvação nos castiga.

Meus queridos, em muitos lugares, no dia de hoje, não estão sendo celebradas Missas públicas. Isso é a bondade divina acordando os fiéis, os verdadeiros crentes, as pessoas que crêem na sua divina misericórdia. Deus nos quer acordados, a fim de que ouçamos o que Ele está pacientemente nos dizendo: “Vocês têm a Eucaristia, e não estão vendo que ela pode ser tirada? Vocês têm a Confissão, e não estão vendo que ela pode ser tirada? Quando é que vocês vão verdadeiramente amar, desejar e querer a santa Comunhão e a santa Confissão?” Muitas pessoas que comungavam e se confessavam displicentemente. Agora que não tem os sacramentos, estão se dando conta do que fizeram. Isso é misericórdia divina. Isso é bondade de Deus.

Nós ainda não estamos vivendo o castigo definitivo, nós ainda estamos vivendo o tempo da divina e bondosa misericórdia de Deus. Mas quando é que nós iremos acordar? Neste Domingo da Divina Misericórdia, meus queridos irmãos e irmãs, nós somos chamados por Deus a clamar a misericórdia sobre nossas famílias, sobre a nossa paróquia, sobre a nossa arquidiocese, sobre o Estado do Mato Grosso, sobre o Brasil e sobre o mundo inteiro.

Jesus, cheio de bondade e misericórdia, fez com que S. Faustina tivesse uma visão, que deu origem ao famoso Terço da Divina Misericórdia. Mas antes de virar Terço, ele foi uma oração revelada através de uma visão. S. Faustina viu o anjo da ira divina que iria castigar uma cidade por conta de seus muitos pecados, e S. Faustina, vendo que a cidade seria castigada, rezou e pediu: “Deus, tende misericórdia, eles vão fazer penitência, eles vão mudar, eles vão se arrepender. Não lanceis ainda vosso castigo. Dai tempo ainda para eles. Concedei, Senhor, tempo a essas pobres almas para que ainda se arrependam antes do castigo”.

Mas o anjo da ira divina não se afastava e se apresentava cada vez mais forte, cada vez mais determinado, cada vez mais severo, sem nenhuma misericórdia. Foi então que Jesus inspirou S. Faustina a fazer a seguinte oração, que está profundamente ligada à Santa Missa, porque é o que nós fazemos na Missa: “Eterno Pai, eu vos ofereço o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade de Vosso diletíssimo Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos nossos pecados e dos do mundo inteiro. Pela sua dolorosa Paixão, tende misericórdia de nós e do mundo inteiro”.

O que Jesus estava fazendo? Estava dando aos leigos, através dessa oração e, posteriormente, através do terço da Divina Misericórdia, a oportunidade de se unirem a um sacerdote, oferecendo o sacrifício. Imaginemos um sacerdote com uma alma pura e santa que oferece a Missa em algum lugar do mundo. Os fiéis podem se unir à Santa Missa e oferecer junto com o sacerdote o Corpo e o Sangue, a Alma e a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, em expiação dos próprios pecados e dos do mundo inteiro, para que Deus dê mais tempo de penitência, dê mais tempo de conversão, antes de nos infligir o seu bondoso e amoroso castigo. Quando S. Faustina começou a rezar essa oração, ela viu que o anjo da ira divina ia perdendo força, ia se retraindo, ia se recolhendo.

Os anjos são seres puríssimos e racionais, eles vêem as injustiças que nós cometemos. Então, para o anjo, não há dificuldade alguma em receber de Deus a permissão para aplicar a justiça, porque o anjo, que vê a divina bondade ultrajada, quer que a justiça seja feita, e Deus naquele momento permitiu ao anjo: “Vai lá, faz a justiça”. Mas Deus sabia o que Ele ia fazer. Ele permitiu que o anjo fosse para, depois, tirar as forças do anjo através da oração do Terço da Divina Misericórdia. 

Por que o Terço da Divina Misericórdia é tão poderoso? Por que o Terço da Divina Misericórdia é tão eficaz? Porque nele está o santo sacrifício da Missa, o santo sacrifício do Calvário. Todas as pessoas que rezam o Terço da Divina Misericórdia em qualquer lugar do mundo estão se unindo a um sacerdote que, em algum lugar, oferece o santo sacrifício da Missa.

Quando Nossa Senhora apareceu em La Salette, ela mostrou os pecados dos sacerdotes e recordou aos dois videntes, Melania e Maximino: “Estis vendo por que o povo está sendo castigado com a fome e com a praga na lavoura? É porque não há sacerdotes com o coração puro que ofereçam o sacrifício no altar”. A mancha, a mácula no coração do sacerdote, quando reza a Missa em pecado mortal, está, sim, atraindo a ira divina. Mas quando um padre, em estado de graça, em comunhão com Deus, oferece a Missa, ele está atraindo a misericórdia.

Na Santa Missa tudo é maiúsculo, tudo é em máximo grau: a Missa ou é o máximo culto de honra e glória a Deus ou ela é o máximo ultraje, blasfêmia e sacrilégio. É por isso que os satanistas, quando querem ofender a Deus, fazem-se ordenar sacerdotes católicos. Isso existe… O satanista arranja um jeito de ser ordenado padre para que, como padre, consagrando o pão e o vinho na Santa Missa, ele possa celebrar uma “missa negra”, uma “missa” onde ele vai ofender a Jesus mais do que de qualquer outra forma. Os satanistas querem ofender a Deus, ofender a Jesus e não há maior ofensa a Deus do que uma Santa Missa celebrada sacrilegamente.

Nestes tempos em que não há Missas públicas em alguns lugares, tenho certeza de que quem está celebrando Missas privadas são os padres bons e santos. Como em toda ação de Satanás, ele faz a panela, mas não faz a tampa, sempre faz um negócio errado, uma estupidez. Com a proibição das Missas públicas no mundo, os padres bons vão continuar celebrando suas Missas privadas, e, por outro lado, os padres maus vão parar de celebrar Missa. Isso é até benéfico. Deus permite isso porque, assim, diminuem os sacrilégios, visto que um padre mau não vai celebrar Missa privada, um padre mau não vai celebrar Missa sozinho. Obviamente, nós queremos o retorno do culto da Santa Missa publicamente, mas nós temos que enxergar, nesta grande batalha, como Deus tem realizado maravilhas, mesmo quando nós só vemos tragédias.

Se você que está ouvindo em casa, através da internet, está num lugar onde não há Missa, reze o Terço da Divina Misericórdia, pois você atrairá para o lugar onde você está, para a sua família, para a sua paróquia, para a sua diocese, a misericórdia divina da Santa Missa, celebrada por um padre puro e santo em algum lugar do mundo. Por exemplo, numa prisão lá na China comunista há um padre secretamente celebrando Missa com o coração puro e santo. Atraia essa misericórdia para a sua casa. Esse é o Tço da Divina Misericórdia.

Rezemos, supliquemos a misericórdia de Deus pela nossa arquidiocese, pela arquidiocese de Cuiabá. Nós mereceríamos castigos tremendos, mas Deus, na sua misericórdia, quer nos poupar. Peçamos a Deu, misericórdia pelo Estado do Mato Grosso. Peçamos a Deus misericórdia pelo nosso Brasil, que tem uma vocação espiritual de país católico, para levar o nome de Cristo a todos os povos — foi essa a missão que Jesus deu diretamente a Portugal e que o Brasil herdou como missão divina. É a nossa vocação superior. Rezemos para que Deus tenha misericórdia e, pela nossa conversão, nós possamos realizar a nossa vocação e missão.

Deus é bom, Deus é bom. S. Faustina, com seu coração angélico, vendo os pecados das pessoas, um dia perguntou a Jesus por que Ele não castigava certas pessoas. E Jesus disse: “Faustina, minha filha, Eu terei a eternidade para fazer justiça, agora eu quero fazer misericórdia”. Mas, para que essa misericórdia seja eficaz, é necessária a nossa conversão, é necessário que nós rejeitemos os nossos pecados, façamos penitência e saibamos que os demônios, pobres miseráveis, estão castigados no inferno e, com o mal que eles fazem a nós, só aumentam a pena e o castigo que eles mesmos sofrem no inferno.

Um dia, S. João Bosco (e nossa paróquia está muito ligada a São João Bosco também, porque a nossa co-padroeira é Nossa Senhora Auxiliadora e nós fomos fundados pelos padres salesianos), um dia São João Bosco foi ver um rapaz que estava endemoniado e, então, perguntou ao demônio: “Por que você faz isso, se você sabe que, possuindo esse rapaz, você só vai aumentar a sua pena no inferno, o seu castigo eterno?” O diabo disse a S. João Bosco: “Eu sei disso, mas eu não consigo não fazer o mal”. É próprio dos anjos rebeldes fazer o mal, eles não apenas querem nos fazer mal como não conseguem deixar de fazê-lo. É compulsivo. 

Quando eles vêem uma paróquia que está fazendo o bem e louvando a Deus e cujos fiéis estão se confessando e vivendo em estado de graça, ele fica até babando, por assim dizer, como um cachorro que vê um pedaço de carne suculento. Ele quer nos abocanhar e estraçalhar. E é inevitável, eles farão isso, a não ser que Deus envie os seus anjos, os anjos que não exercem somente a ira e o castigo divino, mas exercem também a misericórdia.

Que Deus envie os seus anjos. Peçamos a Nossa Senhora, Augusta Rainha do Céu, Soberana de todos os anjos, que envie os seus anjos. Peçamos a Jesus misericordioso, a quem os anjos servem, que envie os seus anjos para nos proteger. E, neste ano de S. José, Terror dos demônios, ano em que nós alegremente celebramos o Domingo da Divina Misericórdia, muito unidos ao nosso pai S. José, peçamos por todos os sacerdotes do mundo inteiro, para que haja sempre santos puros e generosos sacerdotes que ofereçam o santo sacrifício da Missa, e nunca cesse neste mundo de haver o santo sacrifício Eucarístico, do qual provém a eficácia do Terço da Divina Misericórdia. Rezemos e ofereçamos sacrifícios pelos nossos sacerdotes. Se, por puro amor generoso, nós não rezarmos por eles, então rezemos porque é do nosso interesse, porque o castigo por não termos quem ofereça o santo sacrifício no altar vem “a cavalo” e será lançado sobre todos nós. Vamos rezar, vamos pedir, vamos suplicar a Deus!

Com grande alegria, irmãos e irmãs, celebramos o Domingo da Divina Misericórdia. Ah! Se tivéssemos olhos espirituais para ver as miríades e miríades de anjos que agora, neste momento, unem-se a nós no santo sacrifício da Missa... São milhões, bilhões de anjos, que se unem a nós, trazendo a misericórdia divina para as nossas necessidades e para nos proteger. Que gratidão, que alegria, termos sido objeto de tanto amor divino, mas, para isso, precisamos corresponder, precisamos ser generosos.

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