Nós estamos no sétimo dia da novena de Pentecostes e, juntamente com Jesus, Maria e os Apóstolos, pedimos: “Vinde, Espírito Santo”. Já sabemos que o Espírito é a alma da Igreja — o Corpo Místico de Cristo, organismo vivo —, mas para isso acontecer efetivamente, Ele tem de ser vida nos diversos membros desse Corpo. E aqui nós temos a grande verdade do Espírito Santo: por meio dele, Deus introduz em nós uma vida distinta, sobrenatural — é a vida divina.
Em seu Evangelho, São João, referindo-se à vida que vem do Céu, usa o termo grego “zoé” — é “vida”, mas num sentido sobrenatural; é a vida de Deus. Você tem o princípio de vida humana que anima o seu corpo, mas, quando do seu Batismo, da sua inserção no Corpo de Cristo, a vitalidade sobrenatural de Deus passa a atuar em você. Em linguagem teológica, essa é a dinâmica da graça santificante. Depois do Batismo, o Espírito Santo opera uma verdadeira modificação na substância da alma da pessoa. Desse modo, no âmago mais profundo do seu coração, Deus começa a habitar com uma vida divina que você não tinha antes — outro nome para graça santificante é graça habitual.
À medida do seu crescimento, essa graça faz com que você se comporte de forma cada vez mais divina, porque ela faz brotar em seu coração as virtudes, os dons do Espírito Santo. É por isso que nos santos nós podemos ver os efeitos dessa ação sobrenatural. Vejamos, por exemplo, São Pedro: cheio de medo, ele nega a Nosso Senhor diante da empregada do Sumo Sacerdote; mas, no Domingo de Pentecostes, ele sai com parresia e prega para o povo. E tem mais: depois de ter sido aprisionado por pregar o Evangelho, Pedro exulta de alegria porque pôde sofrer por Jesus. Isso é para termos uma noção da mudança que o Espírito Santo realizou em sua vida. Nós vemos que, sem Ele, Pedro se comportava de uma forma, mas, depois de receber o Espírito, parece que estamos diante de outro homem. Ora, isso acontece porque há um princípio de vida diferente agora, há outra vida atuando na vida dele — a graça santificante.
Assim, quando surgem mudanças de comportamento e progresso nas virtudes, é porque há uma causa secreta atuando no interior do homem. Mas como, afinal, fazer a graça santificante crescer em nossas vidas? Há diversas maneiras, mas o meio mais fácil, mais acessível, são os sacramentos.
À vista disso, nesta novena de Pentecostes, consciente de que há uma vida interior que você tem de alimentar, comece a se organizar para receber os sacramentos com frequência — e de forma cada vez mais frutuosa. Confesse-se com o firme propósito de não mais pecar e, então, comungue. E você pode comungar de forma cada vez mais fervorosa; isso de tal forma que a comunhão de hoje seja mais fervorosa do que a de ontem e assim por diante. Ora, isso irá lhe conduzir a um crescimento espiritual, porque por meio dos sacramentos haverá um aumento da graça santificante. Quem afirma isso não sou eu, mas o Concílio de Trento, que diz que aquele que negar que os sacramentos produzem a graça que significam, “anathema sit”, isto é, seja excomungado.
E esse crescimento da graça santificante presente em sua vida, desde o dia do seu Batismo, é maior quando a recepção dos sacramentos é frutuosa, isto é, quando você coopera com Deus.
Então, vamos olhar para esse princípio de vida — “zoé” —, essa vida eterna que se faz presente em nosso interior, recebendo dignamente e de forma frutuosa os sacramentos. Por isso, nestes dias de preparação para Pentecostes, enxerguemos essa vida nova que está na sua alma e, mais do que isso, queiramos que ela cresça. Quando clamamos “Vinde, Espírito Santo”, estamos justamente suplicando à Santíssima Trindade que faça crescer a vida divina dentro de nós.
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