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Christo Nihil Præponere"A nada dar mais valor do que a Cristo"
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Texto do episódio
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Hoje é dia de Pentecostes. Jesus ressuscitado, desde o Céu, enviou o Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os Apóstolos — esse é o marco do nascimento público da Igreja. Unidos a Cristo, agora nós podemos viver uma vida nova no Espírito. E neste dia, ao recitarmos publicamente o “Veni Creator”, a Igreja nos dá a indulgência plenária — cumprindo as condições habituais de Confissão, Comunhão e oração nas intenções do Papa. Portanto, organize-se, pegue o texto em latim ou em português e, com seus amigos, vá à igreja. Se, por acaso, em sua paróquia não houver a recitação do hino, basta ir à igreja com um grupo de amigos e recitá-lo publicamente.

O hino começa dizendo assim: “Veni, Creator Spíritus”. O Espírito é chamado de criador. Ele é criador como narrado no livro de Gênesis, quando o Espírito de Deus pairava sobre as águas caóticas no início da criação. Então, o Espírito do Senhor é invocado sobre as nossas almas, “mentes tuorum visita”, “visitai nossas almas” — “mentes” aqui quer dizer almas. “Imple superna gratia, quæ tu creasti pectora”, nossos corações foram criados pelo Espírito Santo, como se fossem vasos, que agora precisam ser preenchidos com a graça divina.

Ele é chamado de Paráclito, “Qui diceris Paraclitus”, que quer dizer “advogado”, “defensor” e também “consolador”. O Espírito é o dom de Deus Altíssimo, “altissimi donum Dei”. Com isso, quando Deus se dá a si mesmo, ocorre uma modificação em nós, suas criaturas. Ele é “fons vivus”, a fonte viva da caridade que vem ao nosso coração; é o próprio amor de Deus agindo em nós. E continua: “ignis, caritas et spiritalis unctio”, ou seja, Ele é ao mesmo tempo uma fonte viva — ideia de água — e também é fogo, “ignis”. Aqui nós temos uma aparente contradição de comparações: a água que brota do peito aberto de Jesus faz acender o fogo da caridade. O Espírito é água que nos limpa do pecado, mas também é fogo que acende o amor. 

Então, quando o Espírito nos lava do pecado pela água e acende em nós a caridade pelo fogo, Ele nos torna “cristiformes”, ou seja, recebemos a forma de Cristo — o Espírito é “unctio”, unção; “Cristo”, aliás, quer dizer “Ungido”. Portanto, se somos Cristos ungidos, temos agora um comportamento divino: os sete dons do Espírito Santo. O hino então diz: “Tu septiformis munere”, “Tu, dom septiforme”, são os sete dons do Espírito presentes no coração daquele que é ungido. 

Como, afinal, nós vamos agir divinamente? “Digitus paternae dexteræ, tu rite promissum Patris, sermone ditans gúttura, digitus paternae dexteræ”, o Espírito Santo é o dedo da mão direita do Pai. Essa metáfora estranha é empregada aqui para falar sobre a realidade do toque da graça — qualquer pessoa que tenha vida espiritual é capaz de falar sobre esse toque da graça. Graça esta que foi prometida por Deus Pai: “tu rite promissum Patris”. 

Com isso, uma vez que somos tocados desde dentro, do nosso coração brota a profissão de fé, a evangelização e os dons proféticos, “sermone ditans gúttura”. Temos aqui uma analogia bastante física, por assim dizer, a fim de fazê-lo entender a necessidade do Espírito Santo. Ora, sem ar você não consegue articular e pronunciar palavras — a voz, o ar, o espírito tem de passar pelo aparelho fonador, pelas cordas vocais, “guttur”. Quando a Igreja proclama o Evangelho, é o Espírito Santo que dá “sermone”, isto é, que dá o sermão, a palavra à garganta, como dizemos em português coloquial. 

E então o “Veni Creator” apresenta uma série de pedidos. Até aqui foi a profissão de fé, ou seja, uma descrição de como se dá a ação do Espírito Santo. Mas nós também apresentamos pedidos a Ele: “Accende lumen sensibus”, “acende a luz para os sentidos” — mais do que os sentidos, é a luz que ilumina a inteligência. “Infunde amorem cordibus”, “derrame o amor nos corações”, é a realidade da vontade — inteligência; “lumen”; agora vontade, “amorem”. “Infirma nostri corporis virtute firmans perpeti”, “com a força eterna”, “virtute perpeti”, que o Espírito do Senhor firme aquilo que está enfermo. Ora, quem está doente não está firme; portanto, Ele vem dar firmeza para o nosso corpo enfermo. 

Porém, não há apenas as nossas dificuldades — nossa inteligência obscurecida e nossa vontade fraca. Há também o inimigo da alma: “Hostem repellas longius”, o Espírito Santo é aquele que exorciza os espíritos maus. “Pacemque dones protinus”, você está em guerra contra o inimigo, mas Ele prontamente lhe dá a paz. 

Ductore sic te prævio vitemus omne noxium”. Agora, uma vez que houve a vitória, nós precisamos de um guia nesse caminho da nossa vida; e de um guia que, verdadeiramente, vá à frente, “ductore prævio”, como um condutor prévio, que nos faz evitar todo o mal, “vitemus omne noxium”. 

A conclusão é a doxologia, sempre voltada para a realidade da Trindade: “Per te sciamus da Patrem”, isto é, dá que nós, pelo Espírito Santo, conheçamos o Pai, “noscamus atque Filium”, “e também conheçamos o Filho”, “teque utriusque Spiritum”, “Tu, que és o Espírito de ambos”. Ora, só conhecemos intimamente a Deus quando Ele nos deu o seu Espírito. É por meio do Espírito Santo e pela fé que conhecemos o Pai e o Filho: “Credamus omni tempore”, “que nós creiamos em todo o tempo”.

Que este Pentecostes seja, verdadeiramente, feliz! Recitemos o “Veni, Creator Spiritus” em público, recebamos a indulgência plenária e sigamos nessa alegria de sermos movidos pelo Espírito Santo de Deus.

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Vicentina Santos
8 Jun 2025

Muito esclarecedor para que não sejamos meros pronunciadores de palavras.

Responder
HM
Harlley Martins
8 Jun 2025

Amém. Vinde, Espírito Santo!

Responder
ER
Edvaldo Resende
8 Jun 2025

Bem explicado

Responder
ÁL
Álerson Lima
8 Jun 2025

Amém!

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LR
Lucas Ribeiro
8 Jun 2025

Vinde, Espírito santo! 🕊️🙏🏻🔥

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