Estamos no segundo dia da novena de Pentecostes. “Junto com Maria, Mãe de Jesus, os discípulos perseveravam em oração” (At 1, 14). Nós, confiantemente, suplicamos o Espírito Santo. Que estes dias sejam uma oportunidade de retiro, para que estejamos mais orantes, procurando alargar nosso coração a fim de receber o dom do Espírito de Deus.

Deus revelou o seu grande mistério que nós não sabíamos: Ele é amor. A Santíssima Trindade é um mistério de amor: o Pai é aquele que ama; o Filho, o amado; e o Espírito Santo, o amor entre ambos. E Deus quer que nós participemos desse amor; sua vontade é que, por meio da graça, nós sejamos também divinizados e participemos dessa felicidade da Trindade no Céu. 

Ora, isso acontece da seguinte forma: para que nós pudéssemos estar em Deus, Ele mesmo veio estar conosco — “Emanuel” quer dizer “Deus conosco”. Desse modo, por meio de um decreto da Trindade santa, Deus Pai criou para o Filho um corpo e uma alma, isto é, uma natureza humana. Então, nesse homem igual a nós em tudo — exceto no pecado —, Deus começou a estar tão unido que, ao vê-lo agir, é impossível acreditarmos que Ele é somente humano. Ele é plenamente humano, mas está verdadeiramente cheio de Deus, de modo que pode agir divinamente. Jesus nos ama, nos perdoa, nos conhece e nos ama como Deus. 

Assim, ao ver esse homem Jesus, vemos Deus agindo na natureza humana real. A propósito, é por isso que Jesus é chamado o Cristo — “Christos”, em grego, é “Ungido”; em hebraico, “hamashíach”, “Mashíach”, “Messias”, aquele que recebe o óleo da unção, o Espírito Santo. E essa verdadeira maravilha começa quando nós vemos Deus agindo na nossa humanidade. Jesus, transbordante da graça e da verdade de Deus, morreu por nós na Cruz — e isso para nos mostrar um amor que pessoa alguma é capaz de alcançar. 

E diante do sacrifício dele na Cruz, não podemos permanecer apáticos, porque sabemos que, para alguém morrer daquela forma, só pode ser Deus. E então, Jesus morreu na Cruz, ressuscitou ao terceiro dia e, durante quarenta dias, renovou a fé dos Apóstolos. Depois disso, subiu aos céus.  

Hoje, Nosso Senhor ressuscitado está glorioso junto ao Pai; onde há verdadeiramente um lugar para a nossa humanidade. Existe um homem que está em Deus, e Deus está nesse homem. Eis a obra salvadora do Pai, e lá também está o Espírito Santo — pois Jesus é o Ungido. Na linguagem teológica, nós chamamos essa realidade de união hipostática, o corpo e a alma do Filho estão unidos ao Pai no Espírito Santo permanentemente. É assim que o amor de Deus se faz presente no coração do homem. 

Amanhã iniciamos o mês de junho, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. E essa realidade da qual estamos falando nada mais é do que o Espírito Santo que arde de amor na humanidade de Cristo. Portanto, nestes dias de retiro e oração, peçamos a Deus que nos ajude a olhar para Jesus cheio do Espírito Santo. É verdade aquilo que profetizou Isaías sobre Nosso Senhor: “O Espírito Santo está sobre mim”. E é dele que o Espírito de Deus é derramado sobre as nossas vidas.