Chegamos ao oitavo dia da nossa novena de Pentecostes e estamos na primeira sexta-feira do mês de junho, mês do Sagrado Coração de Jesus. E o Espírito Santo vem configurar o nosso coração ao Coração de Nosso Senhor.
O que é preciso mudar para que o nosso coração verdadeiramente tome a forma do coração de Cristo? Ora, se olharmos para a nossa constituição de criatura, veremos que temos inteligência e vontade; no entanto, frequentemente o que causa confusão não é nem a inteligência nem a vontade. Em nosso cotidiano como católicos, a nossa maior dificuldade são mesmo as paixões — é aquela parte que não é propriamente a alma, mas o corpo rebelde; são os sentimentos que assolam a nossa alma, fazendo-nos prisioneiros.
A única forma de governar essas paixões, esses “Países Baixos”, por assim dizer, esse ímpeto rebelde dentro de nós, é pedindo ajuda a Ele. E uma das orações mais belas para que Deus ordene a nossa alma é a Sequência de Pentecostes, conhecida como a Sequência Áurea, pois de todas as sequências do missal, ela é a que causa mais doçura na recitação — trata-se de uma obra anônima do século XIII, época de Santo Tomás de Aquino. Quando rezamos essa sequência pedindo o Espírito Santo, conseguimos perceber que é Ele quem, verdadeiramente, irá ordenar nosso caos. Assim como o Espírito de Deus que pairava sobre as águas caóticas na Criação, Ele vem sobre nós a fim de ordenar as nossas paixões desordenadas, nosso caos interior.
Vamos meditar um pouco sobre a sequência de Pentecostes em latim — é claro que há boas traduções para o português, mas é importante ir ao texto original: “Veni, Sancte Spiritus, et emitte cælitus, lucis tuæ radium”, “Vinde, Espírito Santo, e enviai um raio celestial da tua luz”, aqui a oração já começa poética, porque apresenta uma metáfora. Estamos nas trevas, mas o Espírito Santo envia a sua luz, porque não podemos amar aquilo que não conhecemos. Ora, a primeira ação do Espírito para ordenar a nossa alma é retirar-nos da cegueira. Para isso, precisamos deste raio de luz: a fé.
E então, diante dessa luz, nós nos damos conta de que é pobre: “Veni, pater pauperum”, “Vinde, Pai dos pobres”, “Veni, dator munerum”, “Vinde, Doador dos dons”. Ora, se você é pobre, há-de querer dons que o tirem da pobreza. “Veni, lumen cordium”, “Vinde, Luz dos corações”. A nossa maior pobreza está na falta de amor; nós precisamos de luz, pois não podemos amar aquilo que está escondido nas trevas, aquilo que não conhecemos. Assim, se você não é capaz de ver o amor de Deus pela sua vida, você não será capaz de amar de volta. E esse amor divino ilumina a sua inteligência e convida a sua vontade. E então é precisamente esse ato, operado nas potências superiores da sua alma, que, gradativamente, vai dar a você a possibilidade de ordenar suas paixões — as realidades que estão no andar de baixo. E é neste andar de baixo que você poderá ver os frutos da ação do Espírito.
“Consolator optime”, isto é, excelente, boníssimo — “optimus” é o superlativo de bom. Então nós temos a ação do boníssimo Consolador em nossa alma. “Dulcis hospes animæ, dulce refrigerium”, é o “doce refrigério” do Espírito que se faz presente em nós.
Mas, o quê, afinal, o Espírito Santo opera em nossas paixões? Ora, não somos anjos, mas seres humanos. Logo, precisamos, neste mundo, de algo que nos ajude nessas lutas — “luta”, “trabalhos”, “labor”. E o Espírito Santo é o nosso descanso na luta, “in labore requies”. Muitas pessoas enfrentam dramas de diversas naturezas, inclusive dramas psiquiátricos; e elas, com o coração contrito, questionam quando o seu sofrimento vai acabar. Mas o Espírito do Senhor é descanso. Portanto, devemos descansar no colo dele, “in labore requies, in æstu temperies”. No clima tórrido de Cuiabá, quando você finalmente encontra uma sombra, é um consolo, “in fletu solatium” — “solatium”, no choro, alguém enxuga a sua lágrima, consolando-lhe.
Portanto, são essas as ações do Espírito Santo que reverberam na alma do fiel. Nesta novena de Pentecostes, o Espírito Paráclito tem de ser essa realidade consoladora para você. Peça, pois o Senhor mesmo disse: “Pedi e recebereis, batei e abrir-se-vos-á, procurai e encontrareis” (Mt 7, 7).
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como sempre conteúdos que são verdadeiros tesouros pra nós. Por favor façam atenção ao texto na tela onde aparece DESCANÇO com Ç em vez de S. Também não gosto dos focos da câmera assim tão rápidos e frequentes; distrai muito o espectador do assunto. Obrigada e salve Maria
😭😭😭
Amém.